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Governo Bolsonaro teve 28 trocas de ministros; só perde para gestão Dilma

Jair Bolsonaro e Milton Ribeiro durante evento no Palácio do Planalto, em 4 de fevereiro - Getty Images
Jair Bolsonaro e Milton Ribeiro durante evento no Palácio do Planalto, em 4 de fevereiro Imagem: Getty Images

Franceli Stefani

Colaboração para o UOL

30/03/2022 04h00

Um governo de muitas mudanças, principalmente quando o assunto são as destituições ministeriais. Foram, ao menos, 28 trocas feitas desde que o presidente Jair Bolsonaro assumiu a presidência da República em 1º de janeiro de 2019.

Se destaca, entre elas, o Ministério da Educação (MEC) que, junto da Secretaria-Geral, acumula cinco alterações no seu quadro —nesta segunda-feira (28), Milton Ribeiro pediu exoneração do cargo após polêmicas e investigações.

Aliás, o atual governo, mesmo antes de ter finalizado os quatro anos, é o segundo que mais trocou ministros desde a redemocratização. Até o momento, Bolsonaro mudou o titular das pastas, em média, a cada 42 dias.

Só perde para a ex-presidente Dilma Rousseff. De 2011 a 2016, quando sofreu o impeachment, ela havia trocado, ao menos, 86 ministros, incluindo ministérios extintos. Isso representa, na média, uma alteração de comando da pasta a cada 22 dias.

Hoje, após quase quatro anos de governo, apenas oito ministros seguem nos cargos que tomaram posse junto de Bolsonaro.

Na Economia, Paulo Guedes; Ciência, Tecnologia e Inovações, Marcos Pontes; na Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina; no Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno; na Controladoria-Geral da União, Wagner Rosário; Tarcísio Gomes de Freitas, frente a Infraestrutura; na Minas e Energia, Bento Albuquerque e, por fim, Damares Alves, na Mulher, Família e Direitos Humanos.

As baixas de Bolsonaro

Na dança das cadeiras, o primeiro a abandonar o presidente foi o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, então correligionário de Bolsonaro no PSL, Gustavo Bebianno.

Ele, que foi um dos coordenadores da campanha à presidência, pediu demissão ao ter o seu nome envolvido em um esquema de candidaturas para laranjas pela sigla. Bebianno morreu em março de 2020, aos 56 anos, após passar mal no seu sítio, na Região Serrana do Rio de Janeiro.

A primeira troca no MEC veio logo depois. Antes de fechar 100 dias na cadeira presidencial, Bolsonaro perdeu o colombiano, naturalizado brasileiro, Ricardo Vélez Rodriguez.

Ele foi demitido após uma disputa de poderes dentro do ministério, entre militares e ideológicos —turma ligada a Olavo de Carvalho, considerado guru bolsonarista, que morreu em janeiro deste ano. Entre as polêmicas, propôs revisões em livros didáticos, tendo entre as alterações a maneira como o golpe de 1964 e a ditadura militar eram repassados aos estudantes.

Depois de Rodríguez, o ministro Abraham Weintraub permaneceu por um ano e dois meses, até deixar a Esplanada dos Ministérios. Entre outras polêmicas, a que mais se destacou foi a do vazamento de um vídeo em uma reunião ministerial em que ele disse que "botava todos esses vagabundos na cadeia, começando pelo STF (Supremo Tribunal Federal)".

18.jun.2020 - Jair Bolsonaro e Abraham Weintraub - Reprodução/Facebook - Reprodução/Facebook
O abraço de Jair Bolsonaro e Abraham Weintraub
Imagem: Reprodução/Facebook

O terceiro ministro da pasta foi Carlos Decotelli. Ele nem chegou a tomar posse. Foi nomeado em 25 de julho de 2020, mas passados cinco dias renunciou ao cargo por uma série de polêmicas e divergências relacionadas à titulação acadêmica informada no seu currículo.

E, por fim, Milton Ribeiro, pastor evangélico que ingressou na pasta em julho de 2020. Após reunião com o presidente Bolsonaro, pediu exoneração.

Ao longo de seu trabalho, distribuiu declarações polêmicas. Entre elas, chegou a associar a homossexualidade a "famílias desajustadas" e que adolescentes estavam "optando por serem gays". Falas o fizeram ser denunciado pela Procuradoria-Geral da União por suposto crime de homofobia.

Moro na Justiça, Mandetta na Saúde

Uma das trocas mais emblemáticas foi a de Sérgio Moro, ministro da Justiça e Segurança Pública. Expoente da Lava Jato, Moro saiu após divergências referentes a supostas interferências do Presidente na Polícia Federal - ele deixou o governo em abril de 2020.

Outra saída que ficou marcada foi a do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta. À frente do Ministério da Saúde por pouco mais de um ano, o médico divergiu de Bolsonaro ao defender a ciência, a vacinação e o isolamento social no combate ao coronavírus.

Depois de pouco mais de um mês de conflito acirrado e aberto, foi demitido. Em seu lugar assumiu o também médico Nelson Teich, que pediu exoneração um mês depois de assumir o cargo também por divergências sobre o combate à covid-19. Ele se recusou a expandir o uso da cloroquina pelo país.

O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, e o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, cumprimentam-se durante a cerimônia de posse do novo ministro da Saúde do Brasil, Nelson Teich, no Palácio do Planalto em Brasília - UESLEI MARCELINO/REUTERS - UESLEI MARCELINO/REUTERS
Jair Bolsonaro e o ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, divergiram sobre como enfrentar a pandemia da Covid-19
Imagem: UESLEI MARCELINO/REUTERS

Ainda passou pela pasta da Saúde, Eduardo Pazuello, que ficou apenas dez meses e deixou o cargo alegando problemas de saúde. Em março do ano passado, Bolsonaro empossou o médico Marcelo Queiroga como novo ministro da Saúde. Ele segue na pasta.

Os ministros de Bolsonaro

Controladoria-Geral da União
Wagner Rosário

Gabinete de Segurança Institucional
Augusto Heleno

Ministério da Agricultura
Tereza Cristina

Ministério da Ciência e Tecnologia
Marcos Pontes

Ministério das Comunicações
Fábio Faria

Ministério da Economia
Paulo Guedes

Ministério da Infraestrutura
Tarcísio Gomes de Freitas

Ministério de Minas e Energia
Bento Albuquerque

Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos
Damares Alves

Ministério do Trabalho e Previdência
Onyx Lorenzoni

Ministério da Justiça
Sergio Moro
André Mendonça
Anderson Torres (atual)

Secretaria de Governo
Carlos Alberto Santos Cruz
Luiz Eduardo Ramos
Flávia Arruda (atual)

Ministério da Defesa
Fernando Azevedo e Silva
Walter Braga Netto (atual)

Ministério da Cidadania
Osmar Terra
Onyx Lorenzoni
João Roma (atual)

Ministério da Educação
Vélez Rodriguez
Abraham Weintraub
Carlos Decotelli
Milton Ribeiro (atual)

Ministério do Turismo
Marcelo Álvaro Antônio
Gilson Machado (atual)

Secretaria-Geral da Presidência
Gustavo Bebianno
Floriano Peixoto
Jorge Oliveira
Onyx Lorenzoni
Luiz Eduardo Ramos (atual)

Ministério do Meio Ambiente
Ricardo Salles
Joaquim Leite (atual)

Ministério das Relações Exteriores
Ernesto Araújo
Carlos França (atual)

Advocacia-Geral da União
André Mendonça
José Levi
Bruno Biano (atual)

Ministério do Desenvolvimento Regional
Gustavo Canuto
Rogério Marinho (atual)

Casa Civil
Onyx Lorenzoni
Walter Braga Netto
Luiz Eduardo Ramos
Ciro Nogueira (atual)

Ministério da Saúde
Luiz Henrique Mandetta
Nelson Teich
Eduardo Pazuello
Marcelo Queiroga (atual)

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.