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Bolsonaro diz que 'vai estudar dar graça a Allan dos Santos'

Do UOL, em São Paulo

14/06/2022 18h24Atualizada em 15/06/2022 10h05

O presidente Jair Bolsonaro (PL) declarou ontem, após ser questionado pela imprensa, que "vai mandar estudar" dar a graça (perdão) ao blogueiro bolsonarista Allan dos Santos, que está foragido depois de ter a prisão preventiva determinada pelo STF (Supremo Tribunal Federal) no inquérito das milícias digitais.

No dia 21 de abril, Bolsonaro concedeu o perdão ao deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ), condenado a oito anos e nove meses de prisão pelo STF por ameaças contra os integrantes do tribunal. A graça foi dada um dia após a decisão da Suprema Corte.

Apesar de o decreto em favor de Silveira estar sendo questionado no Supremo, a PGR (Procuradoria-Geral da República) pediu hoje ao STF que declare a extinção da pena imposta ao deputado federal e solicitou a revogação das medidas cautelares contra o parlamentar, como o uso de tornozeleira eletrônica.

[Poderia dar indulto da graça ao Allan igual ao Daniel Silveira?] Já que você está propondo aí, eu vou mandar estudar. E você pode ver, a minha graça é prevista. Quando lá atrás deram indulto para um montão de gente por corrupção, ninguém falou nada. No caso do Daniel, já falei para vocês, eu não queria em sendo do Supremo receber aquelas criticas que ele fez. Agora, a pena para isso não é a prisão, muito menos nove anos de cadeia, começar em regime fechado, cassar o mandato, inelegibilidade, multa, pelo amor de Deus. Jair Bolsonaro

Na sequência, ao ser perguntado sobre qual pena seria mais adequada no caso Daniel Silveira, o mandatário afirmou que "não é juiz", mas "sabe que não é cadeia" a punição acertada para a situação do parlamentar.

"Pelo amor de Deus, eu não sou juiz, não faço dosimetria para ninguém, mas sei que não é cadeia. O que fizeram com o [deputado estadual Fernando] Francischini, no meu entender, não tem adjetivo. É uma coisa que ultrapassa a raia da estupidez."

Antes da afirmação sobre estudar conceder um indulto ao blogueiro bolsonarista, o presidente afirmou que não encontrou com Allan dos Santos em sua passagem pelos Estados Unidos para a Cúpula das Américas na última semana. O blogueiro participou de uma motociata — que contou com a presença do mandatário e apoiadores do presidente em Orlando no último sábado (11). Allan fez comentários ofensivos ao ministro do STF Alexandre de Moraes, que expediu a ordem de prisão preventiva do bolsonarista.

"Não encontrei com ele [Allan]. Se tivesse encontrado, falaria para você, se ele tivesse aparecido na minha frente eu ia apertar a mão dele como na última, penúltima vez que tive lá e também apertei a mão dele. Eu não o vejo como criminoso. (Mas tem pedido de prisão contra o Allan.) Por que não foi aceito? Por que não entrou na lista vermelha da Interpol? Quando se faz um tratado de extradição contra um país, não é qualquer extradição e tem os critérios. E o Allan dos Santos não se enquadra nos critérios para extradição", declarou o presidente.

O criador do canal Terça Livre foi banido de participar de redes sociais no ano passado, no entanto, continua contrariando a Justiça, e exibiu sua participação na motociata em um perfil no Instagram. A conta, cuja primeira publicação é de seis dias atrás, tem 12 mil seguidores.

Nos vídeos de sábado, Allan dos Santos chegou a tecer comentários ofensivos ao ministro do STF Alexandre de Moraes.

"O Xandão não queria que eu participasse de motociata no Brasil e o que Deus faz? Traz uma motociata para cá", disse o blogueiro, que disse ainda "chora, Xandão". Ele ainda provocou: "Você vai derrubar a minha conta, eu vou criar dez mil. Não vão me calar, não", afirmou.

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.