Sem citar nomes de Dom e Bruno, Bolsonaro lamenta mortes e critica Lula

O presidente Jair Bolsonaro (PL) citou rapidamente o caso do indigenista Bruno Araújo Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, sem dizer o nome de ambos, ao criticar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), seu principal adversário nas eleições deste ano. A declaração ocorreu durante a live semanal do mandatário transmitida na noite de hoje nas redes sociais. Os restos mortais que podem ser do jornalista e do indigenista chegaram hoje à noite em Brasília (DF) e serão periciados durante a próxima semana para confirmar as identidades.

Ao trazer uma matéria com dados sobre a Amazônia, o atual mandatário criticou a inserção da meta de desmatamento zero na prévia do programa de gestão do petista. Apesar de citado por Bolsonaro como "desmatamento zero da Amazônia", os partidos de coligação responsáveis por inserir a proposta no documento, citam o desejo de fazer o "desmatamento líquido zero", sem se referir diretamente à Amazônia.

Em declaração à Folha de S.Paulo, Pedro Ivo, representante do partido Rede e que debate o programa petista, a ideia não é acabar totalmente com o desmatamento, mas fazer com que o governo recompense o meio ambiente com a área equivalente ao desmate realizado no ano.

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O Lula acabou de falar que, aproveitando esse caso lamentável, onde os corpos apareceram, gostaria que encontrassem vivos as pessoas, mas apareceram os corpos do inglês e do brasileiro, o Lula falando que caso eleito ele vai impor desmatamento zero na Amazônia. Presidente Jair Bolsonaro na live, ao lado do secretário especial de Esporte, Marcelo Magalhães

Na live, que teve a duração de 25:34, essa foi a única menção que o presidente fez ao caso do jornalista e do indigenista.

Na tarde de hoje, o perfil do presidente no Twitter manifestou condolências aos familiares das vítimas, também sem escrever o nome de Dom e Bruno.

"Nossos sentimentos aos familiares e que Deus conforte o coração de todos!", comentou o chefe do Executivo. A postagem, no entanto, foi feita em resposta à nota de pesar emitida pela Funai sobre as mortes — não se tratou, portanto, de uma publicação à parte na rede social.

Desde o desaparecimento da dupla, na semana passada, o presidente vinha dizendo esperar que eles fossem encontrados com vida, mas relativizou a ocorrência. Além de ter afirmado que ambos estavam em "uma aventura não recomendável", Bolsonaro afirmou que Dom Phillips, correspondente do jornal britânico The Guardian, era "malvisto" na região em que foi assassinado.

Bolsonaro nega ter pedido apoio a Biden para enfrentar Lula

Ainda na transmissão ao vivo, Bolsonaro negou enfaticamente ter pedido apoio ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, para enfrentar Lula na disputa pelo Palácio do Planalto neste ano, como noticiou a Bloomberg atribuindo a fontes da Casa Branca.

"Irresponsabilidade por parte da mídia", declarou Bolsonaro sobre o suposto pedido de ajuda a Biden. "Você acha que eu tratei isso? Pelo amor de Deus. Segundo a imprensa, eu fui pedir apoio para o Biden. Pelo amor de Deus", afirmou, na transmissão ao vivo. Em seguida, ele rasgou uma folha de papel com a notícia impressa.

Bolsonaro e Biden tiveram a primeira reunião bilateral na semana passada às margens da Cúpula das Américas em Los Angeles, Estados Unidos. Na live de hoje, o presidente brasileiro classificou sua viagem oficial como um "sucesso".

Líderes da oposição, como o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), chegaram a dizer ao longo da semana que se o pedido de ajuda de Bolsonaro a Biden for comprovado, trata-se de um caso passível de impeachment.

*Com Estadão Conteúdo