Ciro Nogueira diz que 7/9 será pacífico: 'Pancadaria é mais da esquerda'

O ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP), disse hoje que o feriado de 7 de setembro (Independência do Brasil) será pacífico e que pancadaria e brigas são ações "mais da esquerda, do presidente Lula e do PT". O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) segue aparecendo em primeiro lugar nas pesquisas de intenções de voto, seguido pelo atual mandatário Jair Bolsonaro (PL).

A declaração do aliado de Bolsonaro ocorre no mesmo dia em que o chefe do Executivo, mais uma vez, voltou a atacar os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes, Luiz Fux e Luís Roberto Barroso. Além disso, o chefe do Executivo voltou a convocar seus apoiadores para os atos de 7 de Setembro. "Vamos pela última vez às ruas para mostrar para aqueles surdos ministros do STF que o povo tem que ser o nosso norte", declarou Bolsonaro em entrevista à Rádio Guaíba.

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"Eu não tenho dúvida que nós vamos chegar ao bom termo e o 7 de setembro em vez de ser uma coisa de contestação às urnas vai ser uma coisa de apoio muito forte ao presidente Bolsonaro", começou ao Amarelas On Air, da Revista Veja.

Ao ser questionado se não haverá briga ou pancadaria nos eventos do feriado, o ministro respondeu: "Se Deus quiser. Pancadaria e brigas não dizem respeito a atos do presidente. Você nunca viu um ato de depredação de prédios públicos, de saques. Isso é mais para a esquerda, mais para os atos do presidente Lula e do PT".

O político declarou acreditar que o "bom senso" irá prevalecer durante todo o processo eleitoral nos três Poderes — Executivo, Legislativo e Judiciário.

"Acho que o bom senso vai prevalecer. Não tenho dúvida de que as pessoas, tanto do Judiciário, do Legislativo, do Executivo, vão ser capazes de chegar a um bom termo para que as eleições sejam o mais livre possível, mais transparente. E que as pessoas confiem no processo eleitoral."

Na sequência, o ministro chegou a afirmar que "confia" nas urnas eletrônicas, mas, sem provas, apontou desconfiança e possíveis "falhas" no sistema eletrônico de votação. Apesar das declarações de Nogueiras, alinhadas com o discurso de Bolsonaro, nunca houve fraude comprovada nas eleições brasileiras desde a adoção das urnas eletrônicas no país.

"Eu sou um daqueles que confiam nas nossas urnas eletrônicas, confio no processo eleitoral, agora não quer dizer que ela não possa vir a ter falhas, que ela não possa ser fraudada ao longo do tempo. Nós temos que criar mecanismos ao longo do tempo e o próprio TSE tem feito isso, se aperfeiçoando, para que a gente possa dar transparência a esse processo eleitoral", completou o político.

Bolsonaro e o feriado de 7 de setembro

Hoje, Bolsonaro declarou que os atos de 7 de Setembro terão, pela primeira vez, um desfile cívico-militar em Copacabana, no Rio.

"O desfile deve durar no máximo uma hora, com tropas das Forças Armadas", revelou o presidente. "Da nossa parte, ninguém vai querer protesto para fechar isso, fechar aquilo. Moralmente tem instituições se fechando. Dá para a gente ganhar essa guerra dentro das quatro linhas", acrescentou. "Uma das frases mais mostradas lá deve ser a questão da transparência, em especial a eleitoral. Vamos ter eleições, mas queremos transparência."

Os atos bolsonaristas do Dia da Independência de 2021 foram um dos pontos mais altos de enfrentamento entre Bolsonaro e as instituições brasileiras.

No feriado de 2021, na Avenida Paulista, Bolsonaro declarou que não mais cumpriria decisões do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo, a quem chamou de "canalha". Com discurso abertamente golpista, o mandatário também ameaçou o presidente do STF, Luiz Fux.

"Sai, Alexandre de Moraes! Deixa de ser canalha! Deixa de oprimir o povo brasileiro", disse Bolsonaro em 2021, além de frases a favor do voto impresso, retomando mentiras sobre supostas fraudes nas eleições.

A ameaça ganhou reação do mundo político, que viu chance de crime de responsabilidade passível de impeachment. Pressionado, Bolsonaro teve de publicar uma carta à nação escrita pelo ex-presidente Michel Temer (MDB) para diminuir a fervura.

*Com Estadão Conteúdo