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Investigado por ato golpista, Bolsonaro diz que 8/1 foi 'inacreditável'

Do UOL, em São Paulo

16/01/2023 16h48Atualizada em 16/01/2023 21h21

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) falou com apoiadores em Orlando (EUA), onde passa alguns dias com a família.

Lamento o que aconteceu dia 8, uma coisa inacreditável. Mas no meu governo, o pessoal aprendeu o que é política, conheceu os poderes, começou a dar valor à liberdade. Eu falava para alguns sobre a liberdade, e eles diziam que era igual ao sol, nasce todo dia, mas não é bem assim não. A gente acredita no Brasil.
Ex-presidente Jair Bolsonaro

A fala do vídeo contrasta com postagem feita em rede social do ex-presidente e com discursos propagados por seus apoiadores.

Na sexta-feira, o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal) incluiu o ex-presidente na investigação da autoria dos atos golpistas que resultaram na invasão e depredação das sedes dos Três Poderes.

A Corte acatou pedido da Procuradoria-Geral da República, cujo entendimento é de que ex-presidente é suspeito de incitação ao crime após ter postado vídeo questionando as eleições dias depois dos ataques terroristas. Três horas depois, ele deletou a publicação.

Moraes determinou que a Meta, dona da rede social, preserve o vídeo publicado e apagado por Bolsonaro no Facebook para aferir o alcance da postagem e sua autoria.

Moraes também apontou que Bolsonaro reiteradamente incorre em condutas investigadas em outros inquéritos, como o das milícias digitais antidemocráticas.

Moraes citou Hitler em decisão sobre Bolsonaro. No despacho, o ministro fez referência ao acordo de Munique.

A Democracia brasileira não irá mais suportar a ignóbil política de apaziguamento, cujo fracasso foi amplamente demonstrado na tentativa de acordo do então primeiro-ministro inglês Neville Chamberlain com Adolf Hitler."

O ministro do STF se refere ao acordo feito como apaziguamento entre as principais potências europeias antes da Segunda Guerra Mundial. Como Hitler continuou suas invasões apesar do tratado, os demais países romperam o acordo e entraram em conflito.

STF mira Torres e Ibaneis. Ainda na sexta, Moraes abriu inquérito para apurar a conduta de Anderson Torres, ex-ministro de Bolsonaro e ex-secretário de Segurança do DF, e do governador afastado Ibaneis Rocha durante os ataques.

Como mostrou o UOL, integrantes do MPF (Ministério Público Federal) veem o caso como grave e dizem que a revelação da minuta encontrada na casa de Torres complica a situação jurídica de Bolsonaro e deve ser incluída nos inquéritos em tramitação no STF.

Torres estava de férias em Orlando (EUA). Ele foi preso pela Polícia Federal ao desembarcar no Aeroporto Internacional de Brasília, no sábado (14). A prisão havia sido decretada por Moraes na terça (10).

Do aeroporto para prisão. O ex-ministro saiu do avião escoltado por agentes antes dos demais viajantes. Na sequência, foi levado para o 4º batalhão da Polícia Militar do Distrito Federal, onde permanece provisoriamente.