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Lula nomeia Ceciliano, petista que já foi punido por apoiar Pezão no Rio

André Ceciliano (PT), Lula (PT) e Marcelo Freixo (PSB), durante a campanha eleitoral do ano passado - Foto: Ricardo Stuckert/08.set.2022
André Ceciliano (PT), Lula (PT) e Marcelo Freixo (PSB), durante a campanha eleitoral do ano passado Imagem: Foto: Ricardo Stuckert/08.set.2022

Do UOL, em São Paulo

17/02/2023 08h14Atualizada em 17/02/2023 14h10

O presidente Lula nomeou o petista André Ceciliano para um cargo no governo. O ex-presidente da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) será secretário Especial de Assuntos Federativos da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República.

A nomeação dele foi publicada na edição de hoje do Diário Oficial e é assinada por Lula e pelo chefe da pasta, Alexandre Padilha.

Ceciliano já foi punido pelo PT no Rio por apoio ao ex-governador do Rio Luiz Fernando Pezão (MDB). A proximidade com Sérgio Cabral (MDB) e Pezão, presos por denúncias de corrupção, rendeu a Ceciliano retaliações no partido.

A Executiva Regional do partido chegou a suspender os direitos partidários do então deputado, e também sua filiação, por seis meses, depois que ele apoiou o pacote de austeridade enviado por Pezão à Alerj, em 2017.

Embora reconheçamos a fidelidade do deputado André Ceciliano ao PT, quando nos piores momentos e enquanto muitos fugiram com medo de defender o partido junto ao eleitorado e saíram por oportunismo eleitoral, não podemos concordar com suas posições a respeito do pacote submisso e neoliberal de Pezão PT sobre Ceciliano em 2017

Ceciliano também foi centro da polêmica entre petistas e pessebistas pela candidatura ao Senado no ano passado. Ele disputou com Alessandro Molon (PSB) a vaga na chapa de Marcelo Freixo (PSB) ao governo do Rio. Nenhum dos dois foi eleito, e Romário (PL) conquistou sua reeleição.

O agora secretário é considerado moderado e conciliador. Tem bom trânsito na esquerda e na base do governador do Rio, o bolsonarista Cláudio Castro (PL) — ele foi convidado para a festa de aniversário do chefe do Executivo fluminense no ano passado.

Ele foi apadrinhado político de Jorge Picciani (MDB), que comandou a Alerj por uma década e morreu em 2021 após ser preso.

O petista assumiu a Alerj em definitivo em 2019, com o apoio do então governador Wilson Witzel (PMB). Isso não o impediu de comandar a maioria que derrubou Witzel por impeachment, quando as relações do Executivo com o Legislativo se deterioraram.

Ceciliano foi investigado por suposto esquema de "rachadinha" em seu gabinete. Ele esteve entre os 21 deputados citados pelo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) no relatório produzido em janeiro de 2018 que também mencionava o hoje senador Flávio Bolsonaro (PL) —a partir daí, foram iniciadas as investigações do Caso Queiroz.

As investigações sobre ele se afastaram da suspeita de "rachadinha" em 2021. O MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) não encontrou elementos contra o petista. Ele sempre negou irregularidades.

Em nota, a assessoria de Ceciliano afirma que "o inquérito acerca do caso foi devidamente concluído e arquivado depois que o MP-RJ, ao fim de dois anos de investigação, constatou que não houve qualquer transferência de recursos ou valores de funcionários do gabinete do ex-deputado para as suas contas pessoais, de seus familiares ou entre os próprios servidores".

O então deputado também foi acusado pelo MPF (Ministério Público Federal) de integrar um esquema de corrupção que desviava dinheiro público destinado à área da saúde em 2020. Na época, negou a acusação e disse que faltavam provas à acusação contra ele.

O deputado colocou os sigilos bancário, fiscal e telefônico à disposição das autoridades e autorizou a abertura de seu gabinete aos agentes da Polícia Federal, para que pudessem cumprir o mandado de busca e apreensão.