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Quem são as advogadas preteridas por Lula na disputa por vagas do TSE

André Ramos Tavares, Daniela Borges, Edilene Lobo e Floriano de Azevedo - Divulgação
André Ramos Tavares, Daniela Borges, Edilene Lobo e Floriano de Azevedo Imagem: Divulgação

Do UOL, em Brasília

24/05/2023 16h15Atualizada em 24/05/2023 23h20

O presidente Lula (PT) preteriu as duas mulheres advogadas que disputavam uma cadeira no TSE — Edilene Lobo e Daniela Borges — e nomeou Floriano de Azevedo Marques e André Ramos Tavares para as duas vagas abertas na Corte Eleitoral horas após o STF definir a lista quádrupla de candidatos.

Respeitada pelo PT e ex-advogada de Dilma

Uma das candidatas era a advogada Edilene Lobo, que procurou ministros do STF para angariar apoio na disputa. Na última segunda, ela participou de uma audiência com Rosa Weber, presidente da Corte, para discutir a indicação ao Tribunal Superior Eleitoral.

Se fosse escolhida, Edilene seria a primeira mulher negra a ocupar o cargo de ministra no TSE. A advogada defendeu Dilma Rousseff (PT) em 2018, durante a campanha ao Senado por Minas Gerais. É no estado que encontrava mais força. Também defendeu o PT há muitos anos e, atualmente, é uma das advogadas da Federação Brasil da Esperança, composta por PT, PC do B e PV.

Presidente da OAB na Bahia tinha apoio de ministra do STF

Apoiada pela ministra Cármen Lúcia, a advogada Daniela Borges também esteve com Rosa Weber para tratar da campanha e foi vista pelo Salão Branco do STF conversando com ministros da Corte.
Foi eleita presidente da OAB da Bahia em 2021, se tornando a primeira mulher o cargo da seccional baiana.

Quem foi nomeado por Lula

Floriano de Azevedo Marques é amigo de longa data do minsitro Alexandre de Moraes -- que fez campanha para o advogado. Foi diretor da Faculdade de Direito da USP (Universidade de São Paulo), onde é professor do Departamento de Direito do Estado. Ele e Moraes dão aulas no mesmo dia da semana na USP e se encontram com frequência.
Marques tem pontes com alas do PT e já criticou no passado a atuação da Lava Jato, comentando, como exemplo, os acordos de leniência firmados pela força-tarefa com empresas investigadas.

O ministro substituto do TSE André Ramos Tavares foi o outro advogado nomeado por Lula para a cadeira de titular. Tavares foi escolhido por Bolsonaro em novembro do ano passado, após as eleições, numa lista tríplice pouco simpática ao então presidente.

O ministro figurava no topo da lista e era favorito entre ministros do Supremo, que o viam como "ponderado". Em 2018, Tavares elaborou um parecer em defesa da derrubada da inelegibilidade de Lula —mesmo assim, o petista foi barrado das eleições daquele ano.

Apesar do trabalho a favor de Lula, Tavares publicou em seu perfil no Instagram uma foto em que aparecia com Bolsonaro. A imagem foi excluída após a repercussão negativa.

Desistências e preteridos

Embora tradicionalmente as vagas de ministros titulares sejam destinadas aos ministros substitutos, não é algo que ocorreu desta vez no TSE.

A ministra Maria Cláudia Bucchianeri, que é substituta, tinha poucas chances de ser "promovida". Os motivos seriam resistências internas após decisões proferidas por ela nas eleições — em um dos processos, ela concedeu direito de resposta a Lula em 164 inserções de Bolsonaro. Dias depois, ela recuou da decisão.

Já Carlos Horbach, como titular, poderia ser reconduzido para um novo mandato, mas também não contava apoio. Ao desistir, disse ter planos para se dedicar à advocacia e à docência. O ministro tinha um histórico de decisões favoráveis a Bolsonaro e, recentemente, foi revelado pela Folha de S.Paulo que se encontrou fora da agenda com o então presidente no ano passado.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do que informava a reportagem, Daniela Borges é presidente da OAB na Bahia, e não ex-presidente. O texto foi corrigido.