Lula ironiza Fiesp sobre relação com BC: "É excrescência a taxa de juros"
O presidente Lula (PT) voltou a criticar os juros do Brasil e definiu a taxa atual como sendo "uma excrescência", logo após ironizar a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) por reagir às suas críticas quanto a atual política de juros praticada pelo Banco Central, em evento da própria federação.
O que aconteceu:
Lula ironizou que, em seus primeiros mandatos, quando indicava o presidente do Banco Central, a Fiesp "sempre virava manchete de jornal criticando a política de juros do país", mas agora o critica quando é ele quem dirige críticas à mesma figura, não indicada por ele.
Eu não vou falar aqui da política de juros. Eu não vou falar porque quando eu era presidente da República e indicava meu presidente do Banco Central, a Fiesp vivia, em toda reunião do Copom, a Fiesp virava manchete de jornal criticando a política de juros. Toda. Então, veja, agora eu não indiquei o presidente do Banco Central, eu fiz críticas. Mas nesse país, em que o mercado financeiro tomou conta no lugar da indústria, um presidente da República não pode nem criticar o presidente do Banco Central que ele está influenciando na economia. E eu quero dizer, aqui dentro da Fiesp: é uma excrescência, nos dias de hoje, a taxa de juros ser 13,75%. É uma excrescência pra esse país. O país não merece isso".
Lula, em discurso na Fiesp
O vice-presidente, Geraldo Alckmin, também fez críticas à taxa de juros. "O câmbio tá bom, competitivo. Os juros têm que cair", disse. Alckmin comparou a inflação e a taxa de juros do Brasil de hoje com dados do ano de 2020. "Em 2020, (a inflação) era maior do que essa e a taxa Selic era 2%. Como é que se pode explicar, com uma inflação até menor, você ter uma taxa Selic de 13,75%. Evidente que isso prejudica a atividade econômica. Ela segura a atividade econômica", disse o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio.
O presidente da Fiesp, Josué Gomes, também elencou a taxa de juros como o principal entrave para o setor atualmente. "Juros terão que cair rapidamente, até para não deixar envergonhados os membros do Copom. Este patamar é totalmente injustificável", afirmou em discurso.
Aceno ao agronegócio
Durante o discurso na Fiesp, Lula também acenou ao agronegócio e destacou a importância do setor para a economia do Brasil. "A gente quer que o nosso agronegócio continue crescendo. É importante termos em conta que o Brasil precisa também ser exportador de grãos, de carne, e isso não atrapalha a indústria", afirmou Lula, ao lembrar que quanto mais o setor for produtivo, mais vai comprarmáquinas e ter à tecnologia.
O presidente também citou as medidas anunciadas hoje pelo governo para reduzir os impostos do setor automotivo, com o objetivo de baixar os preços dos carros populares. "Sabemos que 60% dos carros vendidos no ano passado foram vendidos à vista porque não tem política de crédito para financiar. A classe baixa não está comprando carro", declarou Lula.
Ainda no campo da economia, Lula mencionou o papel do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) durante a crise de 2008. "Enquanto o mundo desenvolvido gerou 100 milhões de desempregados, nós geramos 22 milhões de empregos de carteira assinada."
O petista disse ainda que "o banco tem que colocar dinheiro no mercado para a economia girar". E questionou: "como é que o pequeno empresário vai sobreviver se não tiver crédito? Como vai poder chegar no BNDES e pagar 18% de juros? Para fazer o quê?".
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