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Governo Lula indica ex-ministro de Bolsonaro para ser embaixador no Canadá

Carlos Alberto Franco França foi indicado pelo governo Lula para a Embaixada no Canadá - Leopoldo Silva/Agência Senado
Carlos Alberto Franco França foi indicado pelo governo Lula para a Embaixada no Canadá Imagem: Leopoldo Silva/Agência Senado

Do UOL, em São Paulo

21/06/2023 08h46

O governo Lula (PT) indicou hoje o ex-ministro das Relações Exteriores Carlos Alberto França para o cargo de embaixador do Brasil no Canadá.

O que aconteceu:

A indicação de França ao Senado foi publicada no Diário Oficial da União. Para assumir o cargo, ele deverá passar por sabatina na Comissão de Relações Exteriores da Casa e ter seu nome aprovado pelo plenário.

O nome dele foi aprovado em maio pelo governo canadense, segundo o Itamaraty. A indicação de França foi assinada pelo presidente em exercício, Geraldo Alckmin (PSB) — Lula está na Itália para se encontrar com o Papa Francisco e líderes políticos.

Quem é Carlos França

França foi chanceler na segunda metade do governo do Bolsonaro. Ele substituiu Ernesto Araújo, que pediu demissão em março de 2021 após pressão do Congresso e desgaste da relação com a China, maior parceiro comercial do Brasil. Também chefiou a assessoria especial da Presidência e o cerimonial do Planalto antes de assumir o ministério.

Ao assumir o cargo, França prometeu fortalecer a "cooperação internacional, sem exclusões". Ele se reuniu com a cúpula da diplomacia chinesa, num sinal de ruptura com a administração de Ernesto Araújo.

Em 2021, sofreu um abalo em seu prestígio durante a passagem da comitiva presidencial por Nova York. Ele foi filmado fazendo uma suposta arma com os dedos, símbolo dos apoiadores de Bolsonaro. Na época, fontes com contatos próximos a ele indicaram que não houve intenção de imitar um gesto de arma, mas fazer uma referência para que alguém subisse ao carro onde estavam.

O ex-chanceler de Bolsonaro é considerado um quadro técnico do Itamaraty. Graduado em direito, ele entrou no serviço diplomático em 1991. Ao contrário da maior parte das cerimônias de transmissão de cargo no início do governo Lula, França esteve presente no evento no Itamaraty, gesto considerado republicano pela equipe petista.

A indicação desagrada parte dos diplomatas devido à reunião promovida por Bolsonaro com embaixadores. Na ocasião, o então presidente, que concorria à reeleição, promoveu ataques sem fundamentos ao sistema eleitoral brasileiro. O caso começará a ser julgado amanhã pelo TSE e, se condenado, o ex-presidente pode ficar inelegível por oito anos.