Moraes proíbe comunicação de Bolsonaro e Michelle com Mauro Cid
O ministro do STF Alexandre de Moraes proibiu o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e a ex-primeira-dama Michelle de manterem qualquer tipo de comunicação com o ex-ajudante de ordens Mauro Cid, atualmente preso por suspeita de fraude em certificados de vacinação.
O que diz a decisão
Moraes afirma que a medida é necessária para a continuidade das investigações. A decisão foi assinada na última quarta-feira (23).
A incomunicabilidade entre os investigados alvos das medidas é absolutamente necessária à conveniência da instrução criminal, pois existem diversos fatos cujos esclarecimentos dependem da finalização das medidas investigativas, notadamente no que diz respeito à análise do material apreendido e realização da oitiva de todos os agentes envolvidos.
Alexandre de Moraes, ministro do STF
Cid também está proibido de se comunicar com sua mulher, Gabriela Cid, e outros alvos da investigação, como Marcelo Câmara, Max Guilherme, capitão Sérgio Cordeiro (três ex-assessores de Bolsonaro) e o deputado federal Gutemberg Reis (MDB-RJ). Max Guilherme e o capitão Cordeiro estão presos desde maio.
A decisão do ministro foi tomada após análise dos dados armazenados no celular de Cid. Surgiram indícios de "desvio de bens de alto valor patrimonial" entregues a Bolsonaro por autoridades estrangeiras.
A apuração demonstrou que o ex-ajudante de ordens levou joias e relógios aos Estados Unidos para tentar revendê-los — um braço da investigação mira se o dinheiro obtido com a venda seria entregue a Bolsonaro.
A análise dos dados armazenados no telefone celular apreendido em poder de Mauro Cesar Barbosa Cid revelou indícios de que houve desvio de bens de alto valor patrimonial entregues por autoridades estrangeiras ao ex-Presidente da República ou agentes públicos a seu serviço, e posterior ocultação da origem, localização e propriedade dos valores provenientes, sendo revelados novos fatos e agentes envolvidos.
Alexandre de Moraes
Outro lado
O UOL procurou a defesa de Jair Bolsonaro e de Michelle e aguarda um posicionamento.
A defesa do capitão Cordeiro disse considerar a decisão de Moraes "estranha". "Dar andamento ao agravo Regimental que se discute a prisão de quem nem preso deveria estar por mais de 100 dias é a providência que estamos aguardando. Mais um movimento de perseguição política, pouco jurídica e que se reflete em quem um dia foi próximo do ex-presidente", afirmou o advogado Eduardo Kuntz.
Mauro Cid depõe na PF
Mauro Cid prestou hoje depoimento à Polícia Federal sobre o caso do hacker Walter Delgatti, que foi detido após invadir os computadores do CNJ (Conselho Nacional de Justiça).
Cid chegou à sede da PF por volta das 14h e saiu após as 20h. "Ele falou sobre o que lhe perguntaram, sobre os fatos", despistou o advogado Cezar Bitencourt.
Delgatti declarou que Bolsonaro teria oferecido a ele um possível indulto em troca de manipular as urnas eletrônicas, para minar as eleições de 2022. Ouvido na CPMI dos atos golpistas na semana passada, o hacker também relatou que recebeu do ex-presidente a proposta de plantar escutas ilegais contra Moraes. Na ocasião, Bolsonaro declarou, na Jovem Pan, que o hacker estava 'fantasiando' na CPI.
Cid se manteve calado diante de parlamentares. Convocado para falar nas CPIs sobre o 8 de janeiro (tanto a do Congresso quanto a da Câmara do Distrito Federal), ele não se pronunciou sobre os casos de joias desviadas pelo governo Bolsonaro ou sobre possível falsificação de cartões de vacina, que resultou em sua prisão neste ano.
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Quero receberO ex-ajudante de ordens de Bolsonaro recentemente contratou uma nova defesa. Na semana passada, Cezar Bitencourt disse à revista Veja que Cid iria confessar no caso das joias e colocaria o ex-presidente como mandante do esquema, mas depois recuou e deu versões divergentes. Ontem, o advogado se encontrou por dez minutos com o ministro Alexandre de Moraes.
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