Conteúdo publicado há 8 meses

AGU vai apurar desvios na Operação Lava Jato após decisão de Toffoli

A AGU (Advocacia-Geral da União), por determinação do ministro Dias Toffoli, do STF, vai criar uma força-tarefa para apurar possíveis desvios durante a Operação Lava Jato.

O que aconteceu:

A determinação partiu de uma decisão do ministro que também anulou todas as provas obtidas a partir de delações da Odebrecht e considerou a prisão do presidente Lula (PT) "um dos maiores erros judiciários da história do país".

A investigação visa "promover a reparação de danos causados" por decisões que partiram da 13ª Vara Federal Criminal da Subseção Judiciária de Curitiba/PR, onde atuaram nomes como o ex-juiz Sergio Moro e procuradores da Lava Jato.

"Pela gravidade das situações estarrecedoras postas nestes autos, somadas a outras tantas decisões exaradas pelo STF e também tornadas públicas e notórias, já seria possível, simplesmente, concluir que a prisão do reclamante, Luiz Inácio Lula da Silva, até poder-se-ia chamar de um dos maiores erros judiciários da história do país", destacou o ministro na decisão.

Segundo o advogado-geral da União, Jorge Messias, será dado cumprimento à decisão e "uma vez reconhecidos os danos causados, os desvios funcionais serão apurados, tudo nos exatos termos do que foi decidido pelo Supremo Tribunal Federal".

Dos agentes públicos investigados podem ser cobrados, em ação regressiva, o ressarcimento à União relativo às indenizações pagas, sem prejuízo da oportuna apuração de danos causados diretamente à União pelas condutas desses agentes.

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, disse que enviará a decisão de Toffoli à Polícia Federal para cumprimento da determinação de apuração de responsabilidade criminal de agentes públicos assim que for recebida oficialmente pela pasta.

A decisão do ministro Toffolli tem dois alcances: um de natureza jurídica, reafirmando a inocência do presidente Lula, indevidamente julgado sem o devido processo legal; o outro é de natureza política, na medida em que fica o registro dos absurdos perpetrados em uma página trevosa da nossa História. Quando o Ministério da Justiça receber oficialmente a decisão, enviarei à Polícia Federal para cumprimento da determinação de apuração de responsabilidade criminal de agentes públicos.
Ministro Flávio Dino, em publicação no X (antigo Twitter)

Toffoli diz que prisão de Lula foi erro histórico

Toffoli reconheceu pedido da defesa de Lula e declarou que as provas obtidas a partir do acordo de leniência da Odebrecht são imprestáveis, por terem sido obtidas por meios "heterodoxos e ilegais".

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Ministro disse que agentes se valeram de "verdadeira tortura psicológica, um pau de arara do século 21, para obter "provas" contra inocentes", como já tinha dito em julgamento anterior.

Tratou-se de uma armação fruto de um projeto de poder de determinados agentes públicos em seu objetivo de conquista do Estado por meios aparentemente legais, mas com métodos e ações contra legem [contra a lei].
Toffoli, em decisão

Ministro disse ainda que prisão de Lula foi "ovo da serpente dos ataques à democracia e às instituições que já se prenunciavam em ações e vozes desses agentes contra as instituições e ao próprio STF". "Ovo esse chocado por autoridades que fizeram desvio de função, agindo em conluio para atingir instituições, autoridades, empresas e alvos específicos", continuou.

Lula ficou preso por 580 dias

Então ex-presidente foi preso em 7 de abril de 2018, acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, por decisão do ex-juiz Sergio Moro.

Ele foi solto em 8 de novembro de 2019, depois que o STF derrubou a prisão em segunda instância —ou seja, a pessoa só pode cumprir pena depois que todos os recursos forem esgotados. Toffoli, à época, foi um dos votos contrários a prisão em segunda instância.

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Dois anos depois, em 2021, a Segunda Turma do STF anulou todas as condenações de Lula. Os ministros entenderam, por oito votos a três, que a 13ª Vara de Curitiba não era a esfera competente para julgar o caso, e que Sergio Moro foi parcial em sua avaliação.

Com isso, Lula tornou-se ficha limpa e pôde se candidatar às eleições de 2022, que venceu com mais de 60 milhões de votos.

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