Salles é hostilizado em mercado: 'Passou a boiada e agora compra orgânico'

"Passou a boiada e agora veio comprar orgânico? Legal. O cara come orgânico, mas quer enfiar agrotóxico no rabo do povo", disse o homem que gravou o vídeo.

O vídeo foi divulgado ontem no Twitter pelo perfil Bancada Feminista do PSOL, que representa as deputadas estaduais por São Paulo do partido.

O deputado foi procurado pelo UOL, mas disse que prefere não se manifestar.

Ministro 'da boiada'

Salles foi ministro do Meio Ambiente do governo de Jair Bolsonaro (PL). Ele ficou conhecido por suas políticas contrárias à pauta preservacionista e pelo apoio que recebeu de empresários ligados ao agronegócio.

Sugeriu "passar a boiada". Em reunião ministerial de abril de 2020, Salles propôs a Bolsonaro aproveitar que o noticiário estava focado na pandemia do coronavírus e "ir passando a boiada" sobre a regulamentação ambiental.

Entre as medidas da "boiada", estavam a demissão de técnicos de órgãos ambientais para nomear policiais para os cargos de chefia, o esvaziamento do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente) e a revogação de medidas de proteção sob o pretexto de redução da burocracia.

Também foi sob a gestão dele que o desmatamento da Amazônia bateu recorde, em 2020, em relação aos dez anos anteriores, segundo a ONG Imazon, mais que triplicando em relação ao ano anterior. Em 2020, o número de queimadas nos biomas brasileiros foi o maior desde 2010, segundo o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Foram 222.798 focos de incêndio registrados, 12% a mais que os 197.632 em 2019.

Salles foi demitido do Ministério do Meio Ambiente depois que passou a responder a inquérito por suspeita de facilitar a exploração ilegal de madeira na Amazônia. No mês passado, a Justiça aceitou a denúncia contra Salles nesse caso.