Mensagens repassadas a empresários vieram 'da imprensa', diz Bolsonaro
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) prestou depoimento nesta quarta-feira (18) à Polícia Federal no âmbito do inquérito que investiga um grupo de WhatsApp de empresários suspeitos de planejar um golpe de Estado. Em frente à sede da PF em Brasília, Bolsonaro disse a jornalistas que as mensagens que compartilhou com um dos integrantes do grupo vieram "da imprensa".
Minha presença aqui hoje foi em função do inquérito que ficou conhecido como [Inquérito] 'dos Empresários'. Fui incluído depois de vários meses, por causa dessa mensagem que eu havia passado para Meyer Nigri. É um empresário de São Paulo que eu conheço desde antes das eleições de 2018. [Mas] As mensagens que eu passei, grande parte era da própria imprensa.
Jair Bolsonaro, após depor à PF
"Censura" a Luciano Hang
Ex-presidente defendeu dono da Havan e disse que eleições de 2022 foram "parciais". Bolsonaro disse que as investigações tinham como objetivo "censurar" o empresário Luciano Hang, um dos alvos da investigação. "É mais um fato que mostra, no mínimo, a parcialidade de como foram conduzidas as eleições do ano passado", acusou.
Sempre estivemos prontos para colaborar. Agora, o que de importante aconteceu no início deste inquérito? O objetivo foi atingido: tirar de circulação, censurar e calar o senhor Luciano Hang, empresário que tinha 10 milhões de seguidores. Serviu também para inibir outras pessoas que eram simpáticas a mim por ocasião das eleições.
Jair Bolsonaro, após depor à PF
Durante o depoimento à PF, porém, Bolsonaro ficou em silêncio. A defesa lançou mão do mesmo argumento usado para justificar o silêncio no caso das joias. Os advogados defendem que o STF (Supremo Tribunal Federal) não tem competência para conduzir o Inquérito dos Empresários, e que Bolsonaro só vai prestar esclarecimentos quando a investigação passar para a primeira instância.
Inquérito dos Empresários
PF quis ouvir Bolsonaro após localizar mensagem atribuída ao ex-presidente. O texto enviado a Meyer Nigri, dono da Tecnisa, pedia ao empresário que compartilhasse notícias falsas sobre ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) e as urnas eletrônicas. Essa mensagem, segundo as investigações, foi enviada por Bolsonaro.
Antes, Bolsonaro havia dito que sentia "vergonha" de ter que falar sobre o assunto. Em entrevista à Jovem Pan, o ex-presidente também negou que tenha participado do grupo, mas ressaltou que "trocava informações" em conversas particulares com os empresários.
Existência do grupo de WhatsApp foi revelada em agosto de 2022 pelo Metrópoles. Nas mensagens, os empresários sugerem arquitetar um golpe caso Lula (PT), adversário de Bolsonaro, vencesse as eleições. O ministro Alexandre de Moraes arquivou parte do inquérito relacionado a seis empresários que apenas participavam do grupo, sem incitação golpista, mas manteve as investigações contra Nigri e Luciano Hang, dono das lojas Havan.
(*Com Estadão Conteúdo)
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