Lira, Bolsonaro, Kassab: quem apoia os candidatos à presidência da Câmara

A próxima eleição da presidência da Câmara dos Deputados deve ocorrer apenas no começo de 2025, mas os possíveis nomes do comando da Casa já se movem em busca de apoio dos outros colegas deputados. Já há pelo menos quatro nomes cotados, mas nenhum é de uma mulher - nunca uma mulher presidiu a Câmara.

Os quatro deputados recebem apoio de figuras como Arthur Lira e Gilberto Kassab, além de ter nomes que agradam à base governista de Lula e outro que já foi aliado de Bolsonaro e que se enquadraria no seu espectro — principalmente pela base evangélica.

Quem são os nomes cotados

O atual presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), ficará no comando da Casa até o fim de 2024. Em fevereiro do ano seguinte, haverá uma nova eleição que decidirá quem vai suceder o deputado alagoano.

São apontados como pré-candidatos os líderes de três bancadas: Elmar Nascimento (União Brasil-BA), Antônio Brito (PSD-BA) e Isnaldo Bulhões (MDB-AL).

Há ainda o presidente do Republicanos, Marcos Pereira (SP).

O nome que agrada Lira

Elmar Nascimento é o favorito de Lira. O deputado baiano tem acompanhado o presidente da Câmara em quase todas as viagens de missões estrangeiras, como a de agora em outubro na Índia e na China.

Por ter a bênção de Lira, o parlamentar do União Brasil é visto como um nome natural para assumir a presidência. Seu partido é o principal opositor do PT na Bahia, e o deputado sempre esteve do lado oposto do grupo de Jaques Wagner, líder petista no Senado, e do ministro Rui Costa (Casa Civil) — os dois petistas foram governadores da Bahia.

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Há divergências com o governo no campo ideológico, mas Elmar tem procurado manter um bom relacionamento com os ministros. Ele até elogia a atenção de alguns deles, como a de Jader Filho (Cidades).

O candidato de Kassab

Antônio Brito é visto com simpatia por parte da base governista. Deputados afirmam que ele é um parlamentar com boa articulação em todos os grupos e seria um nome forte para o comando da Casa — além de mais alinhado ao governo Lula no campo ideológico.

Ouviu gritos de "presidente" em evento do PSD. Em um jantar de comemoração pelos 12 anos do partido, realizado em uma mansão na região nobre de Brasília, o presidente da legenda, Gilberto Kassab, chamou Brito ao palco. A plateia formada por deputados, senadores, governadores e ministros puxou o coro de "presidente", com uma salva de palmas.

E fica registrado que, se depender do PSD, e o PSD é obstinado, é o futuro presidente da Câmara dos Deputados.
Gilberto Kassab, presidente do PSD

Ex-aliado de Bolsonaro

Marcos Pereira (Republicanos-SP) é um dos possíveis candidatos que, com frequência, reafirma sua posição de independência em relação ao governo — ainda que seu partido tenha aceitado o Ministério de Portos e Aeroportos, comandado por Silvio Costa Filho.

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Na legislatura anterior, Pereira foi aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Contudo, é lembrado por integrantes da bancada do Republicanos por, em 2019, ter sido contrário à tentativa de transferência de Lula da Superintendência da Polícia Federal no Paraná para a Penitenciária 2 de Tremembé, em São Paulo.

Conversas nos corredores da Câmara em busca de apoio. Deputados dizem que já foram procurados por Pereira para diálogos sobre a possibilidade de apoiá-lo à presidência da Casa.

Pode ser uma ponte entre Lula e evangélicos. Aliados do presidente do Republicanos e interlocutores do petista afirmam que os pontos favoráveis a Pereira são: não ter uma relação tão próxima com Lira e ser bispo licenciado da Igreja Universal — algo que poderia ampliar o apoio a Lula do segmento evangélico, sempre mais próximo de Bolsonaro.

Outro nome que aparece é o do deputado alagoano Isnaldo Bulhões (MDB-AL). O parlamentar diz ficar feliz por ser considerado na disputa, mas afirma que ainda é muito cedo para tratar do assunto.

A disputa pelo comando da Câmara impõe um grande desafio ao governo, que terá de escolher um nome que saia vitorioso. O deputado que conquistar a presidência da Casa será decisivo para emplacar pautas governistas no Legislativo, dar andamento à agenda do Palácio do Planalto até 2027 e impedir que seja instalado um processo de impeachment — como fez Eduardo Cunha (PTB-SP) com a ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

*Com informações de matéria publicada em 09/10/2023

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