Lula alfineta Bolsonaro: como emas viraram símbolo de disputa política
Enquanto o presidente Lula (PT) segue se recuperando de uma cirurgia no Palácio da Alvorada, as emas que vivem nos jardins do local tiveram a primeira ninhada do ano.
As aves se tornaram destaque na mídia em 2020, durante a pandemia da covid-19, quando o então presidente Jair Bolsonaro (PL), contaminado pelo vírus, foi até um dos animais e exibiu um caixa de cloroquina, um medicamento cuja eficiência contra a doença nunca foi comprovada. Relembrando o episódio, o petista postou sobre os novos filhotes de emas e alfinetou o ex-presidente.
Olhem as eminhas que nasceram aqui no Alvorada. Elas vão crescer livres e sem o risco de serem ameaçadas com cloroquina. #EquipeLula
-- Lula (@LulaOficial) October 6, 2023
@ricardostuckert pic.twitter.com/paPH2358ZT
Como emas do Alvorada viraram símbolo de disputa política?
Bicado por ema. Dias antes de exibir uma caixa de cloroquina para as emas, Bolsonaro já havia sido "atacado" pelos animais. Fotos do site Metrópoles mostraram o ex-presidente tentando alimentá-las e levando uma bicada na mão. A cena, claro, gerou uma série de piadas nas redes sociais.
Jair Bolsonaro foi alimentar uma Ema no Palácio do Planalto e foi BICADO por ela. A Ema fez mais pelo Brasil do que nossas instituições. pic.twitter.com/w0K0EZ4rQp
-- Luciano Carvalho (@lucianocarvaIho) July 13, 2020
Falta de acompanhamento. Além das tentativas de interação frustradas com as aves, as emas da Presidência da República foram alimentadas com restos de comida humana durante a gestão Bolsonaro, estavam sem acompanhamento veterinário e, em sua maioria, em instalações inadequadas.
Menos recursos. Em 2022, a gestão do ex-presidente destinou apenas 7.000 grãos à alimentação dos animais instalados nos palácios presidenciais —quase um terço dos 20 mil grãos previstos anualmente para alimentá-los adequadamente.
Duas emas morreram em fevereiro deste ano, com um quadro de excesso de gordura. Conforme o UOL revelou, de acordo com técnicos que acompanharam tanto o processo de avaliação quanto a autópsia dos animais, a morte súbita "fecha com o quadro" de doenças cardíacas e hepáticas, "desencadeadas provavelmente pelo mau manejo alimentar durante os últimos anos".
Mudança de governo. Desde a posse de Lula, a primeira-dama Janja da Silva tem se preocupado com as aves, que vivem nos palácios oficiais da Alvorada e do Jaburu e na Granja do Torto.
Novos cuidados. Pedro Ivo Braga, veterinário das residências oficiais da Presidência da República, comemorou o nascimento da nova ninhada e apontou que cuidados adicionais terão que ser tomados para que a ninhada seja protegida da chuva e de predadores, por exemplo. O veterinário também enfatizou que está prevista a construção de um recinto especial, em parceria com a Itaipu Binacional, para que as emas tenham uma melhor "ambiência e cuidado".
Para a gente é uma vitória o nascimento dessas emas aqui, que vai coroando um pouco do trabalho que a gente vem fazendo.
Pedro Ivo Braga
Por que aves vivem nas residências oficiais da presidência?
As emas são uma atração do local por seu porte majestoso, e podem ter 1,4 m. Mas não é só isso: estão ali para contribuir ecologicamente para a segurança das pessoas. Elas comem e controlam animais peçonhentos —como cobras e escorpiões, por exemplo, que são encontradas às margens do Lago Paranoá, onde fica a casa presidencial.
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Quero receberPaisagismo. As aves também foram pensadas para integrar o paisagismo do palácio, de Yoichi Aikawa, autor Palácio Imperial do Japão. Os jardins recebem pássaros nativos do cerrado em araucárias, paus-brasil, sibipirunas e muitas outras espécies da flora brasileira.
A Lagoa do Palácio funciona como um ecossistema perfeito, com peixes, aves e a vegetação coexistindo de maneira equilibrada.
Problemas no passado. As emas chegaram a ser retiradas dos palácios por problemas com os inquilinos. Há relatos de conflitos com bichos de estimação das famílias presidenciais. Quando morava no Alvorada, Jair Bolsonaro chegou a ser bicado —Guedes também foi atacado.
*Com informações da Reuters e reportagem publicada em 09/02/2023
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