Quem é Lucinha, deputada afastada por suspeita de ligação com milícia
A deputada estadual Lúcia Helena de Amaral Pinto, conhecida como Lucinha (PSD), foi afastada hoje de suas funções pela Justiça do Rio, por suposto conluio com a milícia de Luis Antônio da Silva Braga, o Zinho.
Quem é Lucinha?
A deputada tem 63 anos e é da zona oeste do Rio. Ela começou a vida pública como ativista do Movimento Popular Organizado, na década de 1980, e foi uma das fundadoras do PDT no Rio.
Lucinha tem dois filhos —um deles é o secretário do Envelhecimento Saudável do Rio, Junior da Lucinha. Sua primeira eleição foi para a Câmara Municipal da capital fluminense em 1992.
Ela se elegeu deputada estadual pela primeira vez em 2011 pelo PSDB e está em seu quarto mandato. Nas eleições de 2022, a parlamentar recebeu 60.387 votos. Segundo o TSE, ela declarou patrimônio de R$ 704,7 mil, valor semelhante ao do pleito de 2018 (R$ 755,3 mil).
Lucinha foi presidente da CPI dos Trens na Alerj, ocorrida no ano passado. No relatório final aprovado, os deputados recomendaram a redução do processo da passagem, o fim da superlotação e a diminuição do intervalo entre as composições.
Deputada foi sequestrada enquanto comemorava seu aniversário, em outubro deste ano. Lucinha estava em um sítio quando foi abordada por criminosos em fuga que a levaram com seu carro de parlamentar. Ela foi libertada na Vila Kennedy.
Parlamentar foi chamada de "analfabeta política" por Fernando Gabeira. O caso ocorrido em 2008 foi revelado pela reportagem da Folha, que ouviu Gabeira ao telefone com um interlocutor não identificado falando sobre a instalação de um lixão na zona oeste da cidade. Gabeira defendia discutir o tema enquanto Lucinha era contra o aterro. Na conversa, ele disse que a então vereadora tinha uma "visão suburbana" sobre o assunto e que estaria de "salto alto".
Suposto vínculo com milícia
O suposto vínculo da deputada com a maior milícia do Rio é investigado ao menos desde 2018, mostram documentos obtidos pelo UOL. Naquele ano, Lucinha fez dobradinha com o então candidato a deputado federal Alex Beraldo, do PMB, subtenente da Polícia Militar e apontado no relatório da CPI das Milícias na Alerj como membro da antiga Liga da Justiça. O grupo passou a ser comandado por integrantes da família Braga e hoje tem como principal líder Zinho.
O nome de Beraldo é monitorado por órgãos de inteligência como um possível foco de infiltração do crime na política ao menos desde 2014. A defesa de Beraldo diz que ele nunca fez parte do grupo político da deputada Lucinha e que apenas recebeu apoio político dela nas eleições de 2018. "Com relação a eventual associação à antiga milícia Liga da Justiça, informo que são inverídicas tais informações, que Alex Beraldo nunca respondeu a qualquer processo criminal que indique eventual associação do mesmo a qualquer grupo criminoso", acrescentou o advogado Eduardo Domingos. O UOL não conseguiu contato com a deputada Lucinha. O espaço segue aberto para manifestação.
As agendas conjuntas de Lucinha e Beraldo eram publicadas nas redes sociais dela, mas foram posteriormente apagadas. O suposto vínculo com a milícia das duas candidaturas rendeu a abertura de uma investigação pelo MP-RJ no âmbito eleitoral, por abuso de poder político e econômico. O caso foi remetido para a Procuradoria Regional Eleitoral, mas não há informações de que tenha tido sequência.
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