Sakamoto: Lula, Pacheco e Lira parecem unidos, mas a fatura já chegou
O presidente Lula (PT), e os presidentes da Câmara e do Senado, deputado Arthur Lira (PP-AL) e senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), respectivamente, lado a lado durante a promulgação da reforma tributária parecem unidos, mas a fatura dessa união já chegou, afirmou o colunista do UOL Leonardo Sakamoto durante o UOL News desta quarta-feira (20).
A gente tem que entender que na política, a união não se dá apenas por amizade, por carinho, por afeto. Ela se dá também por interesse e há interesses naquela mesa. Lula precisa do Congresso para governar e não ser cassado, e é claro que tanto Pacheco quanto Lira precisam de Lula, da atuação dos seus ministérios, de liberação de emenda a fim de garantir suas bases eleitorais. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL
O que acontece é que há um jogo de ganha-ganha naquele meio. [...] Está todo mundo 'lambendo a cria' neste momento, ganhando os dividendos políticos da reforma tributária, e é claro que isso é para ser comemorado. Agora, a gente tem que lembrar que as coisas não funcionam de graça. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL
Se por um lado a gente vê a reforma tributária — pelo menos essa primeira metade, sobre o consumo; a segunda, sobre a renda, ainda precisa ser apresentada — aprovada, e vai aparecer nos noticiários da TV essa imagem de união. Por outro lado a gente tem a fatura também chegando pelo Congresso Nacional. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL
O colunista diz que as emendas já passam as cifras de bilhões e vão chegar e serem cobradas em um período importante de ano eleitoral em 2024.
A gente vê emendas que vão extrapolar mais de R$ 50 bilhões. O governo vai ter que direcionar orçamento do PAC para atender às demandas dos deputados e senadores em ano eleitoral [2024] a fim de que possam eleger seus prefeitos e esses prefeitos ajudá-los a elegê-los ou servirem de trampolim para outros cargos que desejem em 2026. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL
É um dinheirão, e tem R$ 5 bilhões do fundo eleitoral que também vai passar. Ou seja, o governo ter que continuar pagando muito bem para o Congresso Nacional a fim de poder ver aprovadas pautas [governistas]. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL
Leonardo Sakamoto lembra ainda que as pautas que estão sendo aprovadas não são necessariamente as que o governo quer e prometeu, mas sim as de alinhamento do centrão, que está ganhando em cima disso.
Uma coisa que o pessoal precisa entender: no Congresso, o centrão está cobrando emendas para votar com o governo com pautas que o centrão já concorda, neste caso pautas econômicas ou com as quais têm mais afinidade. Isso não inclui pautas que o centrão chama de ideológicas — e que não tem nada de ideológicas como, por exemplo, mudanças climáticas. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL
O governo não vai conseguir aprovar grandes projetos de combate ao desmatamento, pelo contrário, está passando o que a bancada ruralista quer, de forma contrária ao governo. Isso e uma série de outras pautas, como trabalhistas. Ou seja, o centrão quer receber para votar com aquilo que já concorda, aquilo que é promessa do governo Lula que desagrada esse grupo ou não vai rolar, ou o governo vai ter se esmerar mais, pagar mais [...] ou tentar navegar entre decretos. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL
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