Bolsonaro se propôs a responder à PF se é cis, mas não soube dizer
Jair Bolsonaro compareceu ontem à Polícia Federal com a orientação de ficar em silêncio. A única questão que ele se dispôs a esclarecer ficou sem resposta. Questionado se é cis (cisgênero), o ex-presidente falou que não sabe o que isto significa.
O que aconteceu
Essa informação é solicitada na hora de preencher a ficha do depoente. O procedimento burocrático é feito antes das perguntas sobre o fato investigado e é acompanhado do recolhimento de dados pessoais.
O ex-presidente não soube dizer se é ou não cis. O termo se refere à pessoa que se identifica com o gênero que lhe foi atribuído no momento do nascimento.
Bolsonaro foi considerado biologicamente e anatomicamente homem ao nascer. Ser cis, na identidade de gênero, significa que ele se reconhece com o sexo masculino. As pessoas transgênero se identificam com ambos os gêneros, nenhum deles ou com o oposto. A identidade de gênero não tem a ver com orientação sexual, como ser hétero, bi ou homossexual.
O que Bolsonaro não disse
O ex-presidente foi convocado para responder sobre suspeitas de que teria planejado um golpe. As perguntas foram feitas por policiais federais na sede da corporação, em Brasília.
Bolsonaro exerceu o direito de ficar calado. Paulo Cunha Bueno, seu advogado, justificou essa conduta dizendo que não teve acesso aos elementos colhidos pela investigação e, sem a íntegra da apuração, não pode elaborar a defesa.
O advogado chamou a investigação de "semissecreta". Cunha Bueno deseja acesso à delação de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e aos vídeos, áudios e mensagens colhidos nos celulares e computadores dos investigados.
Além do ex-presidente, outras 21 pessoas foram chamados a comparecer na PF. A tática de convocar todos ao mesmo tempo é para evitar combinação de respostas.
A lista de depoentes inclui ex-ministros, ex-assessores pessoais e militares de alta patente. Boa parte repetiu Bolsonaro e também ficou em silêncio.
O único motivo pelo qual Bolsonaro fez uso do silêncio foi o fato de ele responder hoje a uma investigação semissecreta.
Paulo Cunha Bueno, advogado de Bolsonaro
Torres fala, mas descarta delação
Uma exceção foi o ex-ministro da Justiça Anderson Torres. Ele ficou na sede da PF por cerca de cinco horas. Seu advogado declarou que o cliente está disposto a colaborar com as investigações.
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Quero receberMas ele descarta delação premiada. Torres foi preso na sequência do 8 de Janeiro. A primeira minuta golpista encontrada pelos investigadores estava na casa dele.
Presidente do PL, Valdemar da Costa Neto também respondeu as perguntas. Ele ficou na sede da PF durante cerca de três horas e meia e saiu sem dar entrevistas.
O silêncio de Bolsonaro diante da PF contrasta com sua atitude fora do âmbito das investigações. O ex-presidente convocou um ato para São Paulo no próximo domingo. No evento, ele pretende se defender das acusações, justamente a oportunidade da qual abriu mão ontem.
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