Sakamoto: Fake sobre Marajó volta como arma da guerra cultural bolsonarista
Fake news com uso de vídeos descontextualizados para remeter a crimes de exploração sexual na Ilha do Marajó, no Pará, voltam como arma da guerra cultural bolsonarista, que ajudam a causar pânico moral na população. A afirmação é do colunista do UOL Leonardo Sakamoto que falou sobre o assunto durante o UOL News desta sexta (23).
Esse pânico moral, ideia de que você vai ter uma sociedade bombando ou tentando mostrar que existe exploração sexual de crianças e adolescentes em cada esquina, as pessoas ficam em pânico e vão atrás de políticos e lideranças sociais que prometem combater isso. É uma forma de dominação, você provoca o pânico e depois você se mostra como solução. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL
Tem uma série de levantamentos no Ministério da Saúde no Brasil mostrando que os principais perpetradores de violência sexual são os próprios familiares, seguidos de amigos e conhecidos [...] o que inclui religiosos. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL
Olha que doideira, ao contrário do que diz o senso comum, do que apontam esses bastiões da moralidade, a família e amigos da família representam mais ameaças do que a rua, a escola, do que outros lugares, porque essas crianças são abusadas por pessoas conhecidas. A própria ex-ministra e senadora Damares Alves tem uma história triste de abuso sexual por uma liderança religiosa que era próxima da família. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL
Leonardo Sakamoto explicou como é a dinâmica das fake news e o que elas costumam causar em quem recebe o conteúdo falso ou desinformativo.
Um dos elementos das fake news é que as pessoas querem acreditar na fake news. Por isso ela vai tão longe. Uma boa fake news gera um viés de confirmação para as pessoas, ou seja, ao consumir aquilo e ao compartilhar a pessoa não está nem preocupada se é verdade ou mentira, porque aquilo tá indo ao encontro do que ela acredita. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL
Tem muita gente, por má ou boa fé, que começa a pegar vídeos e, para reforçar o seu argumento, começa a distribuir sem na verdade perceber se aquele conteúdo é verdadeiro ou não. Fala: 'olha, tem uma criança sendo explorada sexualmente, tá acontecendo em Marajó, e isso confirma, porque eu acho que tem exploração sexual em Marajó porque lá atrás a então ministra Damares Alves falou que havia, então é verdade. É verdade porque eu acredito, porque as lideranças que eu confio acreditam e distribuíram'. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL
Ele alerta para o uso de conteúdos falsos que espalham uma informação que não é verdadeira e correta, e fala da irresponsabilidade de quem usa tais temas para se promover politicamente.
Você tem uma enxurrada de conteúdos falsos para alimentar uma informação que não necessariamente é verdadeira. A Damares foi extremamente criticada exatamente porque circulou uma informação mentirosa de que as crianças estavam tendo seus dentes arrancados para poder fazer sexo oral de forma mais fácil em Marajó, de que estavam comendo apenas comida pastosa [...] e não tinha prova alguma, gerou toda uma investigação em cima dela. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL
Estou negando exploração sexual? Não. É claro que existe exploração sexual, de forma grave e medonha no Brasil. [...] Isso existe e é uma coisa muito séria para ser alvo de fake news ou da irresponsabilidade de quem não sabe usar rede social, ou de quem usa a rede social para promover isso politicamente. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL
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