Caso Marielle: PSOL pede investigação contra Braga Netto por nomear Rivaldo

Parlamentares do PSOL acionaram a PGR (Procuradoria-Geral da República) para pedir uma investigação contra o general Walter Braga Netto, responsável por nomear o delegado Rivaldo Barbosa à chefia da Polícia Civil do Rio de Janeiro, em 2018. Rivaldo foi preso por suspeita de ter ajudado a planejar o assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.

O que aconteceu

PSOL cita função de Braga Netto como interventor federal no Rio. Em representação enviada à PGR, os parlamentares lembram que a oficialização de Rivaldo como chefe da Polícia Civil aconteceu em 13 de março de 2018 — um dia antes do assassinato de Marielle. O responsável pela nomeação do delegado foi Braga Netto, então chefe da intervenção federal na segurança pública do Rio.

Partido questiona escolha de titular da Delegacia de Homicídios. O partido também argumenta que, à frente da Polícia Civil, Rivaldo ainda nomeou Giniton Lages — pessoa de sua confiança — para o cargo de delegado titular da Delegacia de Homicídios da Capital, responsável por investigar o crime. Isso "operacionalizou a garantia da impunidade", diz o PSOL, citando as investigações da Polícia Federal.

General ignorou alertas sobre Rivaldo e bancou nomeação, diz PSOL. O ex-ministro-chefe da Casa Civil foi avisado por Fábio Galvão, delegado da PF e então subsecretário de Inteligência da Secretaria de Segurança do Rio, sobre as supostas ligações de Rivaldo com a milícia carioca. "Mesmo assim, [Braga Netto] bancou a indicação", relata o PSOL.

Para o partido, Braga Netto viabilizou execução de Marielle e Anderson. "Em suma: ao nomear Rivaldo Barbosa, Braga Netto deu o poder necessário para o artífice — e uma das cabeças pensantes — da execução de Marielle Franco e Anderson Gomes. Fica o questionamento: qual a motivação de Braga Netto para ignorar as ligações de Rivaldo Barbosa com a milícia?", perguntam os parlamentares.

Ao todo, 13 deputados do PSOL assinam a representação. São eles: Erika Hilton (SP), Pastor Henrique Vieira (RJ), Célia Xakriabá (MG), Luciene Cavalcante (SP), Fernanda Melchionna (RS), Chico Alencar (RJ), Glauber Braga (RJ), Guilherme Boulos (SP), Ivan Valente (SP), Luiza Erundina (SP), Sâmia Bomfim (SP), Talíria Petrone (RJ) e Tarcísio Motta (RJ). Túlio Gadêlha, da Rede-PE, também assinou.

Braga Netto deve explicações ao conjunto da sociedade, pois não apenas era o interventor na segurança pública do Rio de Janeiro, como nomeou o delegado Rivaldo Barbosa mesmo tendo contraindicação (...). Braga Netto seguiu durante parte das investigações neste posto. O que ele sabia? Por que, pautado em quê, bancou a nomeação do delegado?
Luciene Cavalcante, vice-líder do governo no Congresso

Citado em delação

Rivaldo Barbosa foi citado na delação de Ronnie Lessa. O delegado foi anunciado para o cargo em 22 de fevereiro, durante a intervenção federal no Rio, e empossado em 13 de março de 2018.

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Delegado é suspeito de receber propina para obstruir investigações. Em relatório enviado ao Ministério Público do Rio em 2019, a Polícia Federal apontou que Rivaldo teria recebido R$ 400 mil para evitar o avanço das investigações sobre a autoria do crime. Na ocasião, ele negou a propina e a obstrução do caso.

Documentos da PF e da PGR apontam ocultação de provas. Além disso, também houve cortina de fumaça para atribuir o crime para outras pessoas e falhas de investigação, e a PF fala em "sabotagem do trabalho apuratório". A estratégia inicial era tentar tirar órgãos federais da investigação, uma vez que o caso poderia sair da Delegacia de Homicídios e, consequentemente, do controle dos envolvidos.

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