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Sakamoto: Eduardo adota manual do bullying bolsonarista contra Moraes

A resposta do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) a uma declaração do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes é um exemplo de aplicação da tática bolsonarista de bullying a autoridades, afirmou o colunista Leonardo Sakamoto no UOL News desta quinta (23).

Ontem, Moraes ironizou uma fala antiga de Eduardo, que havia dito ser necessário "apenas um cabo e um soldado para fechar o STF". Sem citar nomes, o ministro falou que "o cabo, o soldado e o coronel estão todos presos", enquanto o Supremo está aberto.

Eduardo disse que as ações do ministro o levaram a viver hoje sem liberdade, tão preso quantos os participantes dos atos golpistas de 8 de janeiro: "Conte-nos como é a reação das pessoas quando você chega ao clube Pinheiros? Ou se você consegue jantar em Londres sem antes checar as redes sociais nome por nome daqueles que se sentarão à mesa? Valeu a pena?".

A resposta de Eduardo Bolsonaro a Alexandre de Moraes acabou revelando uma das táticas de bullying, assédio e intimidação levadas a cabo pela extrema direita. O deputado citou espaços que são ocupados pela elite brasileira, como o rico clube Pinheiros e restaurantes em Londres, para questionar se Moraes se sente bem, tranquilo e seguro nesses locais, o que é um absurdo.

Nem toda elite paulistana ou brasileira é violenta ou golpista, mas há os violentos e os golpistas que partem para a ignorância com autoridades, políticos e jornalistas - e reside nessa elite uma parte significativa do bolsonarismo.

Basicamente, o deputado pergunta se Moraes se sente à vontade cercado de bolsonaristas que não gostam dele. Particularmente, desconfio que Moraes ache graça em provocar engulhos em quem discorda dele, mas esse caldo é negativo.
Leonardo Sakamoto, colunista do UOL

Sakamoto chamou a atenção para a tática bolsonarista de insuflar seus apoiadores e dar a impressão de que eles contam com o respaldo da maioria da população, reforçando o clima de polarização.

Há uma técnica usada sistematicamente pelo bolsonarismo na qual eles tentam vender a parte pelo todo. Bolsonaro é um líder de massas, muita gente o segue e traz muitas pessoas para a rua, mas isso não significa que ele tenha a opinião da maioria da população brasileira do lado dele.

O bolsonarismo tem feito isso para atacar o Lula, dizendo que ele não pode andar na rua. Foi a mesma coisa na crítica a Moraes. Eduardo Bolsonaro não foi criativo; ele simplesmente adotou o manual do bullying do bolsonarismo, algo que já se faz contra o PT e o Lula, em cima do Moraes.

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É uma declaração bizarra, porque diz que o bolsonarismo fará bullying por não conseguir conviver com a diferença. Esse show de mágica de falar que 'ele não pode andar na rua' é porque parte do bolsonarismo não o deixa fazer isso.

Essa declaração do Eduardo Bolsonaro só coloca lenha na fogueira para que outros casos aconteçam. Esse tipo de ação puxada por lideranças políticas ajuda a retroalimentar os malucos de plantão que vão fazer o serviço sujo. Tem que partir das lideranças políticas diminuir esse gás da polarização.
Leonardo Sakamoto, colunista do UOL

Raquel Landim: Afiadíssimo, Haddad soltou lado político e lembrou Dino

Ao confrontar deputados bolsonaristas na Câmara, o ministro da Fazenda Fernando Haddad mostrou seu lado político e lembrou o estilo irônico de Flávio Dino, disse a colunista Raquel Landim.

Haddad soltou todo o seu lado político e estava afiadíssimo. Parecia o Flávio Dino nos seus melhores dias de ministro da Justiça no Congresso Nacional. Ele está em um momento delicado, costurando coisas e em embate forte com [o ministro-chefe da Casa Civil] Rui Costa em vários temas. Mas o ministro estava afiadíssimo e partiu para o enfrentamento. Era o palco correto para fazer isso. Muitas vezes essas conversas para as quais os ministros são chamados ao Congresso se transformam nisso. Se ele não se defender, vai ser só atacado.
Raquel Landim, colunista do UOL

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