Domingos Brazão chora e nega ter mandado matar Marielle: 'É uma farsa!'
Acusado da autoria intelectual do atentado à vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco (PSOL-RJ) e seu motorista, Anderson Gomes, Domingos Brazão chorou ao ser ouvido de forma remota em sessão do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, na tarde desta terça-feira (16), como testemunha de defesa do irmão dele, o deputado federal Chiquinho Brazão, que também prestou esclarecimentos.
O que aconteceu
O Conselheiro do TCE-RJ (Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro) está preso na Penitenciária Federal de Porto Velho desde o dia 24 de março. Domingos Brazão é suspeito de mandar matar Marielle e Anderson e foi ouvido como defesa de Chiquinho Brazão.
Domingos negou ser um dos mandantes. Ele respondeu questionamentos da relatora, deputada federal Jack Rocha (PT-ES), do advogado de defesa de Chiquinho, Kleber Lopes, e do deputado federal Chico Alencar (PSOL-RJ).
Quando perguntado sobre seu envolvimento e do seu irmão com milicianos, Domingos respondeu que isso é uma "falácia" da oposição. "Nunca houve isso [envolvimento com milicianos]. São seis mandatos e jamais houve envolvimento com milicianos."
Ele é acusado de corrupção e envolvimento com a milícia do RJ. Em março de 2017, Domingos Brazão foi preso e afastado do cargo, caso relembrado pela deputada Jack Rocha e por Chico Alencar. "Eu sou conselheiro do estado do RJ, jamais recebi um miliciano no tribunal de contas", disse Domingos, em resposta à relatora.
O senhor acredita na milícia do Rio de Janeiro?
Deputada federal Jack Rocha, relatora do caso
Infelizmente acredito. As comunidades do Rio de Janeiro são dominadas pelo tráfico de drogas e pela milícia.
Domingos Brazão
Domingos negou relação com milicianos envolvidos no atentado de Marielle e Anderson. Ele foi questionado sobre a sua relação com o miliciano Marcus Vinicius Reis Santos, vulgo Fininho, apontado como elo entre Domingos e o policial militar Rodrigo Jorge Ferreira, vulgo Ferreirinha. Ferreirinha confessou ter prestado um falso testemunho que atrapalhou as investigações sobre o atentado. Domingos confirmou que conhecia Fininho, mas disse que eles não tinham proximidade. "Não tinha elo com ele", disse. "Eu não tenho relação pessoal, nem soube da prisão dele."
"Um absurdo, o que aconteceu com a vereadora", disse Domingos, que afirmou se sentir perseguido e ser solidário com parlamentares que sofrem perseguição política. "Sequer conheci a vereadora Marielle Franco, não tem disputa territorial com ninguém, nem política, não cheguei a conhecê-la", disse. "Em outros mandatos para presidir a CCJ, fui relator de processos de perseguição política."
Infelizmente, no Rio de Janeiro, já aconteceu com outros. Não a conheci, e é claro que é um absurdo que deve ser punido, não só por ela ser uma parlamentar, mas também uma cidadã. Antes de Marielle, outros já tiveram a sua vida ceifadas.
Domingos Brazão
Ele se referiu ao autor confesso do assassinato de Marielle Franco como "psicopata". "Se a senhora [Jack Rocha] tiver a oportunidade de ler os relatórios que a PF [alusão aos relatórios de depoimentos de Ronnie Lessa] fez, ele diz que foi procurado por um terceiro interessado, que morava em Niterói, que precisava de um sniper [atirador de elite]."
"Fui investigado de todas as formas, exaustivamente, desde o atentado". Domingos Brazão acusou os policiais de interferir no processo e criar um dossiê para que a família dele fosse incriminada. Ele negou as acusações de autoria intelectual. "É uma farsa!"
Somos inocentes. A minha família está sofrendo, os meus amigos estão sofrendo, estamos sendo vítimas. Espero que a verdade seja esclarecida e que esse marginal [Ronnie Lessa] nunca tenha outra oportunidade. Eu quero isso mais do que outro parlamentar. Estou passando por coisas que jamais imaginei passar.
Domingos Brazão
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