Oposição elege outro 7 de Setembro para embate contra Moraes

Em busca de assinaturas pelo impeachment do ministro Alexandre de Moraes, a oposição convocou manifestação para o próximo 7 de Setembro, na avenida Paulista, em São Paulo.

O que aconteceu

O evento será organizado pelo pastor Silas Malafaia, aliado e amigo de Jair Bolsonaro (PL). Foi ele quem promoveu ato em fevereiro deste ano, quando o ex-presidente pediu anistia e um acordo com o STF (Supremo Tribunal Federal), usando expressões como "pacificação" e "borracha no passado".

Reportagens do jornal Folha de S.Paulo mudaram o contexto político, e Malafaia promete um pronunciamento "duríssimo" contra Moraes. O pastor declarou ao UOL que defenderá o impeachment do ministro. A única maneira de cancelar as críticas, segundo ele, seria o fim dos inquéritos contra lideranças conservadoras.

O pastor acrescentou que Bolsonaro pode ser mais comedido. Isso porque o ex-presidente é investigado em vários processos que estão com Moraes. Mas Malafaia disse que deputados como Nikolas Ferreira (PL-MG) e Gustavo Gayer (PL-GO) e o senador Magno Malta (PL-ES) estão livres para falar. Todos os citados são ligados à religião evangélica e devem discursar no evento.

Cronograma prevê que o pedido de impeachment seja entregue dois dias depois do ato. A ideia é reunir milhões de assinaturas e apoio de juristas. Eles devem dizer à população que Moraes agiu para favorecer Lula, inclusive com decisões contra Bolsonaro e aliados do ex-presidente.

A abertura de um processo de afastamento é considerada improvável no cenário atual. Somente revelações bombásticas podem mudar a situação, avaliam parlamentares que conversaram com o UOL. Mas a ideia é minar o poder de Moraes, tirando a capacidade política dele para ordenar operações contra bolsonaristas.

Você acha que, quando eu disse que nós vamos ser duríssimos com Alexandre de Moraes, nós não vamos pedir o impeachment dele? Voce acha que não? Claro que sim, é lógico que sim.
Pastor Silas Malafaia, ao UOL

Jair Bolsonaro e Silas Malafaia em ato realizado na avenida Paulista em fevereiro
Jair Bolsonaro e Silas Malafaia em ato realizado na avenida Paulista em fevereiro Imagem: Reprodução/X/pastormalafaia

Batendo de cabeça

Direita apostas as fichas na coleta de assinatura, mas houve falta de coordenação no lançamento da manifestação. Inicialmente, o ato na avenida Paulista havia sido programado para 25 de agosto.

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A data de 7 de setembro estava reservada a Belo Horizonte. Esta é a base eleitoral do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). A abertura de processo de afastamento de ministros do STF depende dele e seria uma forma de pressão. Ainda não há confirmação se a manifestação na capital mineira está mantida.

Pouco tempo para organizar. Malafaia, que vai coordenar o evento, justificou com prazo curto para preparar o ato em São Paulo se a data fosse 25 de agosto. Mas imagens de convocação com esta data chegaram a ser postadas nas redes sociais por lideranças da direita, como Nikolas Ferreira.

Moraes na berlinda

Série de reportagens da Folha de S.Paulo mostrou que Moraes teria usado a estrutura do TSE para abastecer inquéritos no STF que estão com ele. Ele teria passado os pedidos por mensagens e de forma não oficial para a produção de relatórios pela Justiça Eleitoral. As situações ocorreram durante a as eleições de 2022, quando o ministro era presidente do Tribunal Superior Eleitoral e estava em embate com o bolsonarismo no Supremo.

Moraes tem dito que atuou regularmente. Durante sessão no STF na quarta-feira (14), o ministro disse não se preocupar com "nenhuma matéria de jornal". "Obviamente, o caminho mais eficiente da investigação naquele momento era solicitação ao TSE, uma vez que a Polícia Federal, lamentavelmente, num determinado momento, pouco colaborava com as investigações", afirmou.

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