Tales Faria: Lula precisa repensar governo que não pare na ausência dele

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), submetido a cirurgia de emergência devido à hemorragia cerebral, precisa repensar o governo para que não este não pare durante a sua ausência, opinou o colunista Tales Faria no UOL News, do Canal UOL, nesta terça-feira (10).

Lula passou por drenagem de uma hemorragia intracraniana após sentir fortes dores de cabeça. Os médicos disseram que o petista evolui bem, sem sequelas, e que permanecerá em observação na UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Ainda não há informações sobre a data de alta do presidente.

A perda de sangue é consequência da queda que o mandatário sofreu no Palácio da Alvorada no dia 19 de outubro. Na ocasião também se afastou do Poder por alguns dias. Desde então, Lula vinha fazendo acompanhamento médico para avaliar as consequências do corte, num total de cinco exames.

No UOL News, Tales disse que Lula é uma figura dita como centralizadora, mas que, devido aos últimos acontecimentos, é necessário que ele reveja a atuação do seu governo.

Vai parar tudo por causa do Lula? Não pode, isso é que não pode. O problema do Lula é que ele se cercou nesse primeiro governo de ministérios fracos. Funciona tudo em função do Lula. Ele é uma pessoa centralizadora. Se o Lula não está presente, as coisas ficam paradas. Primeiro, ele tem que repensar em um governo que não pare na sua ausência. Essa é a grande expectativa do momento.
Tales Faria, colunista do UOL

A colunista Carla Araújo, chefe da sucursal do UOL em Brasília, citou a reunião do presidente com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

Eu estava ouvindo de uma fonte hoje sobre a reunião do Lula com Lira e Pacheco, que foi assim. O presidente precisou chamar a articulação política para ele, o presidente precisou fazer alguma coisa e precisou ele resolver. É realmente algo que Lula precisa refletir. 'Eu preciso de auxiliares que possam tocar o barco na minha ausência'. Acho que o bom líder é aquele que deixa o caminho para que o barco navegue sem ele ali no comando.
Carla Araújo, colunista do UOL

Sucessão do presidente Lula

Tales também levantou a questão sobre a eventual sucessão ou processo para a reeleição em 2026. O ex-tucano Geraldo Alckmin (PSB), vice-presidente da República, é o primeiro na linha sucessória. Na sequência, caso seja necessário, o segundo na linha de sucessão é o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

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A linha sucessória é iniciada quando o presidente titular está afastado por incapacidade, suspenso por conta de processo de impeachment ou quando viaja para o exterior.

E o vice-presidente Geraldo Alckmin, o que acontece? Porque o Alckmin não é da turma do Lula. Tudo bem, o Lula se dá bem com ele, etc. Mas o Alckmin não é o perfil do governo que o Lula faria. Então, ele se cercou de gente que não é a quem ele entregaria. O Lula é centralizador e não divide. Nem com vice-presidente, nem com os coordenadores.
Tales Faria, colunista do UOL

Carla Araújo acredita ser necessário que Lula e o PT discutam um planejamento sucessório dentro do próprio partido em busca de novas lideranças.

Na última eleição, a gente viu essa ascensão do centrão, essa força da direita, da dificuldade da esquerda de ter líderes. E a esquerda, no Brasil, ainda é muito centrada na figura do presidente Lula. É claro que é bacana a gente ver o vigor [do presidente Lula], mas a gente também tem que entender que, infelizmente, não só o presidente Lula, todos nós somos finitos e precisamos pensar sobre isso.
Carla Araújo, colunista do UOL

O que aconteceu com Lula?

O presidente Lula se queixou de dores na cabeça no fim da tarde de ontem, após o encontro com os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), no Palácio do Planalto.

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Lula saiu do Planalto às pressas pouco depois das 18h. A bandeira com o brasão da República, que indica onde o presidente está, só foi arriada por volta das 20h20, e a transferência para São Paulo só foi divulgada na madrugada.

Depois de passar por exames médicos no Sírio-Libanês em Brasília e ser constatado um sangramento, o presidente foi transferido para São Paulo no avião presidencial, acompanhado por médicos, mas sem uma estrutura hospitalar de UTI. A primeira-dama Janja o acompanhou.

Qual foi o procedimento?

A cirurgia, chamada trepanação, consistiu em uma pequena perfuração do crânio, onde foram introduzidos drenos. "Não é uma abertura do crânio importante. Há uma cicatrização espontânea", explicou o médico Mauro Suzuki. O procedimento durou cerca de duras horas.

A previsão é que o presidente retorne a Brasília no começo da próxima semana. "Tudo depende dessa evolução, um dia a mais ou um dia a menos, mas a previsão é que o presidente esteja em Brasília na semana que vem", afirmou o médico Roberto Kalil.

Veja a íntegra do programa:

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