Quem é Braga Netto, ex-candidato a vice de Bolsonaro preso pela PF

O general Walter Souza Braga Netto, 67, preso hoje pela Polícia Federal por envolvimento no plano de golpe de Estado, é uma figura central da política brasileira recente, com uma carreira marcada por sua atuação no Exército e em cargos estratégicos no governo de Jair Bolsonaro.

Nascido em Belo Horizonte, Braga Netto, 65 anos, entrou no Exército em 1974. Formado pela Academia Militar das Agulhas Negras, o general de quatro estrelas ocupou funções importantes nas Forças Armadas, incluindo o comando de grandes unidades militares no Brasil. Seu protagonismo político cresceu durante a intervenção federal no Rio de Janeiro, em 2018, quando assumiu a coordenação das forças de segurança no estado, em um período de alta violência.

Em 2021, foi nomeado Ministro da Defesa, consolidando sua posição como um dos principais articuladores militares do governo Bolsonaro. Antes disso, Braga Netto havia liderado a Casa Civil, destacando-se como um gestor técnico próximo do presidente.

Durante o governo Bolsonaro, Braga Netto tem um histórico de atos antidemocráticos. Ele fez ameaças e condicionou as eleições de 2022 ao voto impresso e celebrou o golpe militar de 1964, que seria, segundo ele, um "marco histórico da evolução política brasileira".

Quando ministro da Casa Civil em 2020 foi responsável por coordenar a resposta do governo Bolsonaro à pandemia de covid-19. Filiou-se ao partido de Bolsonaro, o PL, em um ato privado, fechado ao público, em março de 2022.

Enquanto chefe do Ministério da Defesa, no 31 de março de 2022, Braga Netto publicou uma ordem do dia celebrando o golpe de Estado de 31 de março de 1964, que culminou na ditadura militar. Segundo ele, o golpe foi um "marco histórico da evolução política brasileira" e os militares teriam agido para "restabelecer a ordem e para impedir que um regime totalitário fosse implantado no Brasil", sem, no entanto, existirem evidências históricas que confirmem as afirmações.

A relação de confiança com Bolsonaro culminou na escolha do general como candidato a vice-presidente na campanha presidencial de 2022. Embora derrotada, a chapa de Bolsonaro e Braga Netto evidenciou a influência dos militares no cenário político brasileiro.

Ligação com a tentativa de golpe de Estado

Recentemente, o nome de Braga Netto voltou ao centro das atenções. Ele é acusado de aprovar um plano para assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal). De acordo com investigações, Braga Netto teria não apenas apoiado a conspiração, mas também fornecido recursos financeiros para viabilizá-la.

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O plano veio à tona por meio de uma delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Segundo Cid, o general entregou dinheiro em espécie, transportado em sacolas de vinho, para financiar as operações do grupo golpista. O esquema seria parte de uma articulação mais ampla envolvendo membros do governo e setores das Forças Armadas que buscavam desestabilizar a democracia brasileira.

Além das graves acusações de conspiração e financiamento de atos golpistas, Braga Netto enfrenta uma crise de imagem pública. Antes visto como um militar técnico e discreto, ele agora é associado a manobras antidemocráticas que ameaçam o Estado de Direito.

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