UOL constata funcionamento normal em atendimento médico em SP; associação diz que 70% devem parar
Médicos conveniados a planos de saúde no Estado de São Paulo anunciaram a suspensação de suas atividades por 24 horas, nesta quinta-feira (6). Segundo a assessoria de imprensa da Associação Paulista de Medicina (APM), ao longo do dia, 70% dos médicos devem aderir à paralisação. No entanto, o UOL checou que dez hospitais e cinco prédios comerciais com salas médicas estão com atendimento normal, tanto para consultas marcadas, quanto para o pronto-socorro.
Reivindicações dos médicos
Reajuste no valor das consultas. De R$ 50 (preço médio pago pelos convênios) para R$ 80 |
Contrato regular com os planos de saúde com claúsula de reajuste automático anual |
Implementação da tabela CBHPM, que estipula valores referentes a cada procedimento. Hoje, cada plano de saúde tem sua própria tabela |
A dona de casa Cristina Martins, 47, marcou uma consulta com um oftamologista do Hospital São Camilo há um mês e ficou com medo de não ser atendida por conta da paralisação. "Mas nem liguei, resolvi vir hoje mesmo assim e fui atendida normalmente", conta.
A informação é reiterada pela recepcionista do hospital, Ozona Maria. "Hoje está tudo normal. Só amanhã que, por ser feriado, os médicos não atendem consultas, só emergência", afirmou.
A reportagem visitou os hospitais Nove de Julho, São Camilo, Sabará, Samaratino e Hospital Metropolitano da Pompéia, além de outros cinco prédios comerciais com salas médicas. Por telefone, o UOL entrou em contato com os hospitais Beneficência Portuguesa, Hospital e Maternidade Santo Expedito-Itaquera, Oswaldo Cruz, Cema e centro de procedimento e apoio da Unimed, e todos confirmaram o atendimento normal para consultas e exames de conveniados.
Médico parado
A Associação acredita que pela manhã 95% dos médicos estavam parados, mas, como a maioria só trabalha à tarde, o número deveria ficar em 70% ao longo do dia.
Quando questionada pela reportagem, que constatou o funcionamento normal em vários locais, a assessoria da APM afirmou que deveria ser atendimento particular e disse que a maior adesão é na capital paulista.
Segundo o ginecologista Paulo Nicolau, que sempre costuma aderir às paralisações, chegou o momento de libertação dos médicos. "Sempre participo, pois concordo com as reivindicações. Acho que os donos dos planos de saúde têm que respeitar o trabalho médico", afirma. Para ele, uma remuneração mais digna trará benefícios para a população. “Um médico respeitado atende melhor os seus pacientes”, destaca.
Ele acredita que o atendimento normal nos hospitais encontrado pela reportagem não enfraquece a categoria. "Sempre existem os médicos que não participam, ou porque não se empolgam com o movimento ou porque não podem financeiramente, alguns até por serem empregados de algumas clínicas ou hospitais", afirma.
Segundo Nicolau, as consultas suspensas em seu consultório foram remarcadas para as datas mais próximas possíveis. "Procurei encaixar a consulta das pacientes até semana que vem, para não prejudicá-las", disse. A estimativa é de que 40% de seus pacientes são conveniadas a planos de saúde.
População desconhecia paralisação
A maioria das pessoas nos hospitais visitados não sabia da suspensão das atividades médicas. "Não estava sabendo da paralisação, estou com dor de garganta e resolvi vir. E o atendimento aqui no pronto-socorro está muito tranquilo", conta a estudante Thays Jesus dos Santos, 19, que estava no hospital Nove de Julho. Até mesmo em hospitais infantis, como o Sabará, o tempo de atendimento também estava normal. "Não sabia da paralisação, mas isso não afetou o tempo de espera. Sempre costumo esperar uma meia hora aqui com meu filho", explica a couching Rose Meire Ribeiro.
A montadora Eliane dos Santos Silva ficou surpresa e um pouco assustada quando ouviu da reportagem a respeito da paralisação. "Nossa, eu não vou ser atendida? Mas a secretária me ligou ontem confirmando...", afirmou ela, que tinha consultada marcada há dois meses.
O zelador de um dos prédios comerciais visitados também confirmou que o trabalho dos médicos estava normal. "Não sabia dessa greve, não. A agenda dos médicos está lotada e hoje todo mundo veio trabalhar, ninguém emendou o feriado", contou, rindo, Geraldo Pedro de Albuquerque.
Reivindicações da categoria
Os profissionais, que recebem, em média, R$ 50 por uma consulta feita por plano, querem que o valor seja reajustado para R$ 80. Outras reivindicações são um contrato regular com cláusula de reajuste automático anual e a implementação da tabela CBHPM, com os valores referentes a cada procedimento. Hoje, cada plano de saúde tem sua própria tabela com valores, que segundo a categoria, não são compatíveis.
Segundo o diretor de defesa profissional da APM, Maurun David Cury, essa tabela, que foi elaborada pela Associação Médica Brasileira, já existe há nove anos e tem os valores mais justos para cada procedimento médico em todas as especialidade. Um exemplo dado pelo médico é a cirurgia de amígdala: planos pagam de R$ 50 a R$ 90, quando a tabela aponta que o preço deveria ser superior a R$ 500.
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