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Viajo ou não viajo?: ministro recomenda deixar o país só se for necessário

Felipe Amorim e Ana Carla Bermúdez

26/02/2020 15h23Atualizada em 26/02/2020 15h37

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou hoje que os brasileiros devem ter "bom senso" ao programar a ida a países no exterior que concentram casos do coronavírus e devem realizar apenas viagens que sejam necessárias.

Eu digo que vale a regra do bom senso. Se não for necessário, para que que você vai programar [a viagem]? Espera para a gente ver como isso se comporta de uma maneira melhor
Luiz Henrique Mandetta, ministro da Saúde

Ao falar sobre a "regra do bom senso" para a ida de brasileiros ao exterior, o ministro recomendou que as pessoas façam viagens no interior do Brasil e citou destinos como Foz do Iguaçu e Cachoeiro do Itapemirim — locais que foram citados cerca de duas semanas atrás pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, ao sugerir que as pessoas façam turismo no Brasil após afirmar que dólar mais alto é bom para todos e que, na época em que o câmbio estava a R$ 1,80 empregadas domésticas iam para a Disney, "uma festa danada".

"Se você não tem por que ir para a Lombardia [região da Itália], por que ir para a Lombardia? Vou lá para olhar? Vou passear? Aí eu prefiro passear no hemisfério sul. Cachoeira de Itapemirim, Niterói, Foz do Iguaçu, Campo Grande, os Pampas, a Serra Gaúcha. É mais uma razão para você fazer turismo interno no Brasil", afirmou Mandetta, provocando risos dos presentes na entrevista coletiva realizada no MInistério da Saúde.

A Itália registrou um aumento recente no número de casos da doença.

Para o ministro, no caso de viagens de negócios ou em outros compromissos inadiáveis, é aconselhável seguir procedimentos de higiene que ajudam a prevenir o contato com o vírus, como lavar as mãos e evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.

"Se for para negócios, se for para relações comerciais, não deixe de fazer. Vá e tome esses cuidados de higiene, sabendo que é uma gripe e que na grande maioria dos casos, mais de 97%, 98% dos casos, daqueles poucos comparativos à população que pegam essa gripe, evoluem muito bem obrigado, saem muito bem e vivem sua vida normalmente como se nada tivesse acontecido", disse o ministro.

Hoje, a taxa de letalidade do coronavírus é de 3,4% no mundo. Já foram confirmados 80.239 casos da doença e 2.700 mortes.

Brasil: um caso confirmado e 20 suspeitos

O Brasil possui um caso confirmado da doença e outros 20 pacientes com suspeitas de ter contraído o vírus — ao menos 12 eles vieram da Itália. Os casos suspeitos estão distribuídos entre os estados de Pernambuco, Paraíba, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo e Santa Catarina.

De acordo com o Ministério da Saúde, são 11 casos suspeitos em São Paulo, dois em Minas Gerais, dois no Rio de Janeiro, dois em Santa Catarina, um na Paraíba, um em Pernambuco e um no Espírito Santo

Sintomas: febre, tosse e dificuldade para respirar

A recomendação para quem fez uma viagem recente a algum dos 16 países na lista de alerta da OMS é que as pessoas permaneçam atentas aos sinais da gripe e procurem uma unidade da saúde se tiverem algum sintoma. Nesse caso, é importante informar o médico sobre a viagem para que ele possa investigar a suspeita de infecção pelo coronavírus.

Os principais sintomas conhecidos até o momento são febre, tosse e dificuldade para respirar.

A OMS inclui nessa lista países onde já foi registrada a transmissão local do vírus. Atualmente constam na listagem: Austrália, China, Coreia do Sul, Coreia do Norte, Camboja, Filipinas, Japão, Malásia, Vietnã, Singapura, Tailândia, Itália, Alemanha, França, Irã e Emirados Árabes Unidos.

Pandemia global

Mandetta afirmou que com a transmissão do caso nos cinco continentes, em breve a OMS deverá considerar o coronavírus uma pandemia global e não mais estabelecer a relação de risco de contágio pelo país de origem dos pacientes.

"Em breve a OMS vai passar a não trabalhar mais com o nexo de país. Muito em breve eles vão ter que fazer uma reunião com seus especialistas e considerar isso uma pandemia. Aliás já tem critérios para isso", disse o ministro.

Segundo o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério, Wanderson de Oliveira, o reconhecimento pela OMS de uma pandemia não alteraria os procedimentos de segurança e prevenção adotados pelo Brasil, mas isso poderia tornar mais ágil a identificação de novos casos pelo mundo.

"Por que seria melhor? Porque a gente passa a reconhecer a transmissão dentro do sistema de saúde global. O Canadá identificou um caso que esteve no Irã, mas não foi notificado como caso suspeito", disse Oliveira.

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