Coronavírus: Últimas notícias e o que sabemos até esta segunda-feira (06)

Enquanto especialistas apontam que a quarentena começa a ter efeitos práticos na Europa, estados brasileiros começaram a anunciar a prorrogação das medidas de isolamento social como forma de combate à disseminação do novo coronavírus. Itália e Espanha, por exemplo, apresentaram desaceleração consistente na notificação de casos, o que dá esperança de que a curva de contágio será achatada no Brasil com as medidas adotadas há pelo menos duas semanas.

Estado mais populoso do país e com 4.620 casos confirmados, São Paulo estendeu a quarentena por mais duas semanas, o que significa que comércio deve permanecer fechado até 22 de abril. O governador João Doria (PSDB) justificou a medida dizendo que está seguindo orientação de autoridades de saúde e que o distanciamento social é a única vacina contra o coronavírus.

Durante os últimos dias, outros estados como o Ceará e o Distrito Federal também anunciaram a manutenção do isolamento social como estratégia de combate à covid-19 e a tendência é que outras federações sigam a mesma conduta.

Relacionadas

SP prorroga quarentena até 22 de abril e usará polícia se for necessário

Menos mortes por coronavírus na Europa sinalizam eficácia de restrições

'Eu não sou racista', diz Weintraub após usar Cebolinha para ironizar China

Embora o Ministério da Saúde tenha repetido até o momento a estratégia de quarentena, dentro do Governo Federal já existem planos de flexibilização do isolamento após a Páscoa, conforme noticiado pela Folha de S. Paulo.

Hoje, o ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni, falou sobre o tema, defendendo a possibilidade de diminuição da quarentena desde que o fim do isolamento seja feito de forma gradual e equilibrada a partir da Páscoa.

"Estou dando minha opinião, nunca fiquei em cima do muro. Eu sempre tenho lado e eu defendo isso, claramente. Com responsabilidade, de maneira gradual, vamos retomando as atividades. Uma parcela não é teoricamente suscetível ao vírus para ser hospitalizado. Na medida que você tem o grupo de risco. Todo mundo está remoto, eu estou aqui. Sou comandante e tenho que dar exemplo. Essa é minha missão, tive que explicar isso em casa, para a família. Temos que caminhar com base no equilíbrio e bom senso", afirmou.

Os brasileiros, até o momento, são em maioria favoráveis às medidas de isolamento social. Pesquisa da Datafolha mostrou que 76% da população acredita que as pessoas devem ficar em casa como forma de evitar a disseminação do novo coronavírus.

Ministro da Educação irrita embaixada chinesa

Em meio ao combate à disseminação do novo coronavírus na qual produtos como respiradores e máscaras importados da China são fundamentais, o Brasil voltou a ver a relação com o país asiático sofrer um abalo, desta vez por causa de um tuíte do ministro da Educação, Abraham Weintraub. Ele publicou uma capa de um gibi da Turma da Mônica para ironizar a China, local onde a pandemia do novo coronavírus começou.

"Geopolíticamente, quem podeLá saiL foLtalecido, em teLmos Lelativos, dessa cLise mundial? PodeLia seL o Cebolinha? Quem são os aliados no BLasil do plano infalível do Cebolinha paLa dominaL o mundo? SeLia o Cascão ou há mais amiguinhos?", escreveu.

A reação foi rápida. A embaixada chinesa afirmou que "tais declarações são completamente absurdas e desprezíveis, que têm cunho fortemente racista e objetivos indizíveis". A conta oficial escreveu ainda que "o lado chinês manifesta forte indignação e repúdio a esse tipo de atitude". O embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, pediu uma retratação do Itamaraty, que ainda não se manifestou.

O incidente vem em um momento em que a China é vista como fundamental para abastecer os países que lutam contra a pandemia com produtos e equipamentos para hospitais. Na semana passada, houve suspensão no envio de insumos e EPIs (equipamentos de proteção individual) por parte da China para os hospitais particulares brasileiros. Oficialmente, não há registro de retaliação. Mas em um momento de forte concorrência por estes produtos, já existem avaliações, como a do ex-ministro do Meio Ambiente e da Fazenda, Rubens Ricupero, de que o Governo está colhendo o que semeou com a China.

Vale lembrar que, recentemente, o filho do presidente Jair Bolsonaro, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, disse que a culpa da epidemia era da China e comparou a pandemia ao acidente nuclear de Chernobyl. A declaração gerou forte reação da Embaixada da China, que chegou a dizer que Eduardo Bolsonaro contraiu "vírus mental" ao voltar de Miami e que está infectando a amizades entre os nossos povos".

Gestante morre no Recife

Em meio a números e estatísticas, as histórias das vítimas da covid-19 começam a ganhar destaque e, neste fim de semana, uma das que mais comoveu o Brasil veio de Recife. A fisioterapeuta Viviane Albuquerque morreu ontem em um hospital particular da capital pernambucana. Ela estava gestante de 31 semanas.

O bebê foi retirado em procedimento cesariano na madrugada de ontem e está internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) em estado grave. Foi o primeiro óbito de gestante com SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave) causada pelo novo coronavírus em Pernambuco. O estado divulgou boletim ontem informando 201 casos confirmados da doença e 21 mortes.

Já duas capitais brasileiras registraram as primeiras mortes nas últimas horas: Curitiba e Belém. Na capital paraense, a vítima é uma mulher de 50 anos e não teve a identidade revelada pela Secretaria Estadual de Saúde.

No Rio de Janeiro, a preocupação ficou por conta da confirmação dos primeiros casos de coronavírus na Rocinha, na zona sul do Rio. Segundo o Painel Rio Covid-19, da Secretaria Municipal de Saúde, quatro moradores (três homens e uma mulher) da favela foram diagnosticados com a doença. Além da Rocinha, já há confirmações de contaminação em outras comunidades do Rio, como Cidade de Deus (1), Vidigal (1), Complexo do Alemão (1), Vigário Geral (2) e Mangueira (1).

Até o último boletim, divulgado ontem, foram registrados no Brasil 486 mortes e 11.130 casos oficiais.

Espanha tem menor número de mortes diárias por covid-19 desde 24 de março

A Espanha registrou hoje o menor número de mortes diárias por causa da infecção do novo coronavírus desde o dia 24 de março, confirmando a tendência de baixa depois de uma semana de recordes negativos. Segundo o boletim do Ministério da Saúde, 637 pessoas morreram de covid-19 no país nas últimas 24 horas. O total de óbitos durante a pandemia é de 13.055.

A Itália, por sua vez, viu as mortes diárias subirem para 636 hoje, o que representa mais de 100 óbitos acima da contagem diária da véspera de 525. Porém, o número total de casos confirmados subiu 3.599, menor aumento diário desde 17 de março, ressaltando a esperança de que a doença possa estar recuando.

No Reino Unido, foram 434 mortes em um dia. O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, foi internado ontem no hospital St. Thomas, em Londres, para fazer novos exames já que ainda apresenta tosse e febre dez dias depois de ser diagnosticado com o novo coronavírus.

Enquanto isso, na Ásia, o Japão está em alerta. O governo se prepara para declarar hoje estado de emergência para deter a propagação do novo coronavírus, que acelerou recentemente em algumas regiões do país, principalmente em Tóquio.

Morre a mãe de Guardiola

Dolors Sala Carrió se tornou mais uma vítima da pandemia da covid-19 hoje na Espanha. A mulher de 82 anos era mãe do técnico espanhol Pep Guardiola, atualmente no comando do Manchester City, da Inglaterra.

A mãe do treinador não resistiu após contrair o coronavírus e morreu na cidade de Barcelona, onde seu filho obteve grande êxito na carreira como jogador e técnico do Barça.

O Manchester City emitiu um comunicado no qual diz que a "família do City está arrasada" pela notícia. "Todos do clube mandam seus mais sinceros sentimentos neste momento tão difícil para o Pep, sua família e amigos", diz a nota.