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Coronavírus: Últimas notícias e o que sabemos até esta quinta-feira (16)

Hospital Emílio Ribas está com 100% das UTIs ocupadas - Divulgação/Governo do Estado de São Paulo
Hospital Emílio Ribas está com 100% das UTIs ocupadas Imagem: Divulgação/Governo do Estado de São Paulo

Do UOL, em São Paulo

16/04/2020 14h21

Com o Brasil à espera da substituição no comando do Ministério da Saúde e de possíveis mudanças na política de combate ao novo coronavírus, as informações apontam para a expansão da covid-19 pelo interior do país e para o aumento na pressão do sistema de saúde de cidades e estados.

Desde o registro do primeiro caso, há 51 dias, pelo menos 1.158 mil municípios brasileiros já notificaram casos da doença. Isso representa 21% do total de cidades do território nacional. Vale lembrar que todos os estados já registraram mortes. De acordo com o boletim divulgado ontem pelo ministério, a doença já matou 1.736 pessoas. No total, são 28.320 casos oficiais no país.

Tal avanço já é sentido no sistema de saúde. Em março deste ano, o número de internações pelo novo coronavírus foi quase o mesmo que o total de internações por todas as síndromes respiratórias registradas no mesmo mês de 2019. Além disso, as internações por síndromes respiratórias como um todo tiveram um salto de mais de seis vezes, em um mesmo período de tempo.

Uma das cidades que já começa a sentir a pressão no sistema de saúde é a maior do país. O Hospital Emílio Ribas, referências em infectologia em São Paulo, já registra 100% de ocupação na Unidade de Terapia Intensiva. Neste cenário, com maio esperado como mês crítico, o governo estadual já procura novos leitos para suportar a crise, esperando que o mesmo possa ocorrer em outras cidades.

A capital paulista já registrou óbitos, confirmados ou suspeitos de covid-19, em todas as subprefeituras. Penha, na zona Leste de São Paulo, é a que mais registrou mortes, com 79 casos até a última segunda-feira (13). Na sequência, aparecem as subprefeituras da Mooca (67) e Casa Verde (63). As estatísticas apontam que os óbitos se deslocaram das áreas mais ricas da cidade, centro e zona Oeste, e chegaram às regiões mais vulneráveis de São Paulo.

Bolsonaro conversa com candidatos a ministro

No plano nacional, o presidente Jair Bolsonaro começou a receber hoje, no Palácio do Planalto, cotados para substituir o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. O primeiro da lista é o oncologista Nelson Teich, que atuou na campanha eleitoral do presidente e tem apoio da classe médica. A decisão sobre o novo titular da Saúde, no entanto, ainda não está tomada, afirmam interlocutores do governo.

Na noite de ontem, Mandetta admitiu, em entrevista à Veja, que não ficará no cargo após os constantes desentendimentos com Bolsonaro. Antes, em entrevista ao lado de sua equipe, ele já falou em tom de despedida.

Ainda no cargo, Mandetta participou hoje de debate online promovido pela Iniciativa FIS (Fórum Inovação Saúde), que reúne lideranças da Secretaria de Estado da Saúde do Rio de Janeiro, Fiocruz, UFF, UFRJ, Academia Nacional de Medicina, entre outras entidades. Ele confirmou que a pasta deve ter mudanças nas próximas horas.

"Devemos ter uma situação de troca no ministério que deve se concretizar hoje ou amanhã. Eu sou a peça menor dessa engrenagem, eu escolhi muito bem a minha equipe", afirmou ao explicar que o trabalho de combate continuará independentemente de quem assumir o seu cargo.

Bolsonaro sob críticas

Sem conceder entrevistas e com poucas aparições nas redes sociais nos últimos dias, Bolsonaro tem sido alvo de críticas de diferentes personalidades políticas. Só hoje, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o governador de São Paulo, João Doria, contestaram de forma veemente a postura do Governo em meio à crise.

"O Bolsonaro parece o capitão do Titanic", disse Lula em uma publicação no Twitter. "O navio estava afundando e ele continuava fingindo que nada estava acontecendo. O país está à deriva. Uma nau sem rumo".

Já Doria, em entrevista à agência AP, disse que Bolsonaro é obstáculo na luta contra a pandemia do novo coronavírus por sua postura contrária o isolamento social. "Estamos lutando contra o coronavírus e contra o Bolsonarovírus", disse. Ele ainda afirmou que o presidente tem adotado "posições incorretas e irresponsáveis".

A deputada federal Tabata Amaral (PDT-SP), por sua vez, disse em entrevista ao UOL que o presidente precisa ser responsabilizado por parte das mortes causadas pela covid-19 no país. Ela criticou o fato de o presidente ter minimizado os riscos da doença.

"Espero que ele seja responsabilizado por todo mundo que vai morrer por causa da fala irresponsável dele. Porque na hora em que ele fala 'olha, é só uma gripezinha', tem muita gente que vai ouvir, é o presidente da República. Essas pessoas não vão entender a gravidade da situação", disse.

Relato de Witzel

O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), usou as suas redes sociais para atualizar informações em relação ao seu estado de saúde. Com covid-19 confirmada desde a última terça-feira, o governador afirmou que os exames realizados não apontaram estado crítico da infecção pelo coronavírus.

"Fiz uma tomografia e o meu pulmão não foi muito atingido [pela doença]. O contágio foi pequeno, mas mesmo assim tive muita febre e muita tosse. Tenho passado as noites em claro. Não é uma doença como qualquer outra, não é uma gripe fácil de superar", afirmou. O comentário foi interpretado por alguns seguidores como uma alfinetada no presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que chegou a se referir à doença como "uma gripezinha".

Ainda no Rio de Janeiro, uma notícia triste. Após passar mais de duas semanas internada, morreu ontem Kamylle Ribeiro, de 17 anos - vítima mais nova de covid-19 no estado. A jovem morava em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense - uma das últimas cidades a aderir o isolamento social para combater a pandemia de coronavírus.

A mãe de Kamylle, Germaine Ribeiro, também teve a doença, mas se recuperou e segue bem em casa. De acordo com amigos, a jovem começou a apresentar os primeiros sintomas no mês passado, ficou em isolamento e, após seu quadro de saúde se agravar, foi levada para o hospital Moacyr do Carmo, na mesma cidade, onde ficou internada no CTI (Centro de Tratamento Intensivo).

Europa no "olho do furacão"

A Europa segue no "olho do furacão" da epidemia do novo coronavírus. A avaliação é do diretor da seção Europa da Organização Mundial da Saúde (OMS), que reconheceu também "sinais animadores" em alguns países como Espanha, Itália, Alemanha, França e Suíça. A Europa é o continente mais afetado pela covid-19, com mais de um milhão de afetados e 90 mil mortos.

Um dos casos mais preocupantes no continente neste momento é o Reino Unido, que voltou a registrar alta no número de mortes em 24 horas: 861. Foi o maior aumento diário em cinco dias, quando no dia 11 de abril o Governo anunciou 917 mortes em 24 horas. Ontem, 761 óbitos foram confirmados.

Agora, o número de vítimas fatais desde o início da pandemia na região é de 13.729. Além disso, o balanço registra que 327.608 pessoas foram testadas, das quais 103.093 tiveram resultado positivo para covid-19.

Já a Espanha apresentou hoje uma ligeira alta no número de mortes diárias, com 551 óbitos nas últimas 24 horas. Ontem foram 523, sendo que o número total de vítimas fatais é de 19.130 pessoas. O número de casos oficiais de covid-19 subiu cerca de 3%, chegando a 182.816 pessoas infectadas desde o início da pandemia. Destes, 74.797 foram curados.

Na Holanda, o diretor do Instituto Nacional de Saúde Pública e Meio Ambiente (RIVM), Jaap van Dissel, afirmou que cerca de 3% da população da Holanda desenvolveu anticorpos contra a covid-19. As pesquisas foram feitas com doadores de sangue do país, considerando esse grupo como representativo da população.

Os pesquisadores compararam os anticorpos encontrados nos doadores de plasma sanguíneo com os anticorpos encontrados nos pacientes recuperados da covid-19.

De acordo com a última atualização do RIVM, a Holanda tem 28,153 casos de covid-19 confirmados e 3,134 mortes causadas pelo novo coronavírus.

Coreia do Sul investiga 141 recuperados

As autoridades da Coreia do Sul investigam 141 casos de pacientes que aparentemente haviam se recuperado da covid-19, mas que ainda possuem o novo coronavírus presente em seus organismos. Ao que se sabe até o momento, é difícil que uma pessoa que tenha apresentado doença seja infectada novamente pelo vírus logo após a recuperação.

As possibilidades em análise são a reinfecção do vírus, o cenário mais preocupante, ou ainda algum problema com os testes feitos nos pacientes, que analisa quantidade variável de material genético do vírus no corpo das pessoas. Até agora, não há comprovação científica de pacientes que tenham voltado a ser infectados com o novo coronavírus.

Especialistas ainda indicaram que os testes podem ser tão sensíveis que estão captando níveis pequenos e potencialmente inofensivos do vírus, levando a novos resultados positivos.

O governo está estudando as amostras dos 141 pacientes para verificar se eles ainda podem contaminar outras pessoas. Acredita-se que em duas semanas eles terão o resultado.