Coronavírus: Últimas notícias e o que sabemos até esta quinta-feira (14)
Jair Bolsonaro (sem partido) segue em guerra contra o isolamento social, recomendação principal da OMS e do Ministério da Saúde enquanto não se acha uma cura ou uma vacina para o novo coronavírus. Ele alega que a crise econômica pode ser pior do que as consequências da covid-19, que já causaram quase 300 mil mortes pelo mundo.
O presidente voltou a atacar o isolamento como forma de combate à disseminação do novo coronavírus e disse que, com o impacto econômico das medidas restritivas, o Brasil está virando "um país de pobres". Bolsonaro não apresentou nenhum dado sobre pobreza ou desigualdade de renda para embasar sua afirmação, um dia depois de o Brasil somar mais de 700 mortes em seu balanço oficial.
O Brasil está se tornando um país de pobres. O Brasil está quebrando, e depois que quebrar não é como alguns dizem que a economia recupera. Não recupera. Vamos ser fadados a viver como um pais de miseráveis, como tem alguns países da África subsariana"
O presidente fez campanha contra o lockdown (isolamento total). "Um apelo que faço aos governadores. Revejam essa política, estou pronto para conversar. Vamos preservar vidas? Vamos. Mas dessa forma o preço será centenas mais de vidas que vamos perder por causa dessas medidas absurdas de fechar tudo".
Bolsonaro ainda causou polêmica com uma medida provisória que protege agentes públicos por erros causados durante a pandemia e que pode tirar responsabilidades em decisões tomadas contra a atual crise.
Os números
De acordo com os últimos números divulgados pelo Ministério da Saúde, o Brasil ultrapassou a marca de 200 mil casos confirmados da covid-19. O país tem 202.918 casos confirmados. De ontem para hoje, foram 13.944 novos diagnósticos. O número é o pior registrado, ultrapassando a maior marca, atingida ontem, de 11.385 confirmações em um dia.
Os dados divulgados hoje contabilizam 13.993 mortes pelo novo coronavírus no Brasil, com 844 óbitos registrados nas últimas 24 horas.
O Ceará, agora com 21.077 casos, continua à frente do Rio de Janeiro em quantidade de diagnosticados — o Rio apresenta 19.467 casos — e é o segundo estado com mais infectados do país, atrás de São Paulo (54.286 casos).
Bolsonaro: MP protege agentes públicos por erros na pandemia
Jair Bolsonaro editou uma medida provisória que dispõe sobre a responsabilização de agentes públicos por ação e omissão em atos relacionados com a pandemia do novo coronavírus. O texto foi publicado no Diário Oficial da União de hoje.
Segundo a MP 966, os agentes públicos só poderão ser responsabilizados nas esferas civil e administrativa se agirem ou se omitirem com dolo ou erro grosseiro pela prática de atos relacionados, direta ou indiretamente, com as medidas de
- enfrentamento da emergência de saúde pública decorrente da pandemia da covid-19;
- e combate aos efeitos econômicos e sociais decorrentes da pandemia da covid-19
O texto causou críticas a Bolsonaro, como analisa o blogueiro do UOL Reinado Azevedo: "MP de Bolsonaro e Guedes sobre vírus é inconstitucional; coisa de ditadores", escreveu ele.
Os exames de Bolsonaro: um não apresenta dados
Um dos três exames de covid-19 apresentados pelo presidente Jair Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal não possui CPF, RG, data de nascimento nem qualquer outra informação que vincule o laudo ao chefe do Executivo ou a qualquer outra pessoa. No papel da Fiocruz, atribuído pela Advocacia-Geral da União (AGU) a Bolsonaro, aparece apenas uma identificação de nome: "paciente 5". O mesmo não ocorre nos outros dois laudos, feitos pelo laboratório Sabin.
Nos dois exames do Sabin, constam codinomes (Airton Guedes e Rafael Augusto Alves da Costa Ferraz), mas esses documentos informam dados pessoais do presidente da República - a data de nascimento, RG e CPF são do próprio Bolsonaro.
O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Ricardo Lewandowski, decidiu ontem tornar públicos os exames do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) entregues ontem pela AGU (Advocacia-Geral da União), no âmbito da ação movida pelo jornal O Estado de S.Paulo que pedia sua divulgação. Os três testes apresentaram resultado negativo.
Bolsonaro reagiu com emojis no Twitter, em tom provocativo.
Mourão defende governo e ataca outras instituições
O vice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão, afirmou que vê o país a caminho do caos e que não enxerga outro lugar no mundo que esteja "causando tanto mal a si mesmo como o Brasil', em texto que assina no jornal O Estado de S. Paulo, publicado hoje. Ele culpa outras instituições e defende o governo no artigo.
Para o general da reserva, a pandemia do novo coronavírus não é só uma questão de saúde, mas já se tornou econômica e "pode vir a ser de segurança", em um momento de "estrago institucional".
Para esse mal [a covid-19] nenhum país do mundo tem solução imediata, cada qual procura enfrentá-lo de acordo com a sua realidade. Mas nenhum vem causando tanto mal a si mesmo como o Brasil. Um estrago institucional que já vinha ocorrendo, mas agora atingiu as raias da insensatez, está levando o País ao caos"
Mandetta: Crise está no começo
O Brasil já está pagando o preço dos atritos que o governo de Jair Bolsonaro (sem partido) criou com a China, em plena pandemia do coronavírus. O alerta é do ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. Em entrevista à coluna de Jamil Chade, o ex-chefe da pasta defendeu que o governo se concentre em lutar contra o vírus, e não compre uma briga neste momento com Pequim.
Para ele, o surto que já matou mais de 12 mil pessoas no Brasil vive ainda suas primeiras semanas. "Estamos no início", apontou. Segundo ele, o pico pode já ter sido atingido em Manaus. Mas continua a crescer em outras capitais. "E no Sul ele ainda não começou", alertou.
Não é hora de apontar dedos. Primeiro precisamos enfrentar o coronavírus. Depois podemos lavar roupa suja"
Ao saber da fala, o presidente Jair Bolsonaro falou, à porta do Palácio da Alvorada: "Esquece o Mandetta".
Por outro lado, no Ministério da Saúde, comandado por Nelson Teich, o governo federal reduziu o ritmo de compras de respiradores, EPIs e outros itens para combate ao coronavírus apesar de a necessidade de leitos e insumos que garantem condição de trabalho para profissionais de saúde em hospitais do país não ter diminuído.
A gestão do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, demitido pelo presidente Jair Bolsonaro, foi responsável por 91% do investimento feito diretamente pela pasta no enfrentamento à epidemia. Já a administração de Teich fechou apenas quatro contratos em 27 dias —o atual ministro gastou 9% do total usado contra o coronavírus, ou seja, dez vezes a menos do que o anterior em equipamentos para combate do surto.
O vice-governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (DEM), disse hoje que não vê atitudes do Ministério da Saúde suficientes para liderar o país no processo de reabertura econômica após o período da quarentena pelo novo coronavírus. "Eu não conheço iniciativas do Ministério da Saúde nesse sentido, apenas uma narrativa com relação à abertura econômica", afirmou Garcia em entrevista à Globonews.
RJ: MP recomenda lockdown a governos estadual e municipal
O Ministério Público do Rio de Janeiro recomendou ao estado e à prefeitura da capital fluminense a adoção lockdown, para conter o avanço da covid-19, doença respiratória provocada pelo novo coronavírus, informou o órgão hoje.
A sugestão é que o lockdown, paralisação total das atividades, seja adotado por ao menos 15 dias. A recomendação encaminhada aos governos estadual e municipal se baseia, segundo o MP, em estudos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e de outras instituições que defendem isolamento total.
Além disso, o Ministério Público Federal (MPF) do Rio pediu aos municípios da Baixada Fluminense que não afrouxem as medidas de distanciamento social nem sigam o decreto 10.344 do presidente Jair Bolsonaro que listou serviços como academias, barbearias e salões de beleza como atividades essenciais durante a pandemia do novo coronavírus. Com a decisão, tais estabelecimentos podem reabrir suas portas durante a quarentena.
Teresópolis adota rodízio na rua, pelo CPF
A Prefeitura de Teresópolis (RJ) determinou um rodízio na circulação de pessoas de acordo com o número do CPF para frear a propagação do coronavírus. Pela regra, quem tem CPF final par (0, 2, 4, 6 e 8) só poderá circular nos dias pares, enquanto quem tem CPF final ímpar (1, 3, 5, 7 e 9) só poderá sair às ruas em dias ímpares.
O decreto foi publicado ontem e passa a valer a partir de amanhã, que por ser dia 15, só permitirá a circulação de pessoas com CPF final ímpar. A medida é o primeiro estágio do lockdown (bloqueio total) da cidade, que pode ser ampliado para ações mais rigorosas, dependendo dos resultados, informou a prefeitura.
SP: rodízio não causa efeitos desejados
Mesmo com o rodízio ampliado de carros, a cidade de São Paulo não elevou a adesão ao isolamento social para os 55% desejados.
As medidas no trânsito têm provocado efeitos colaterais que jogam contra as próprias intenções do prefeito Bruno Covas (PSDB), com aglomerações nos transportes públicos.
A estratégia da prefeitura foi criticada por pesquisadores, que enxergam um viés elitista e ineficaz na restrição de veículos.
Coronavírus pode virar endemia
Por que o coronavírus pode nunca ir embora? Essa pergunta surgiu com um alerta dado pela OMS, ao se explicar das dificuldades de eliminar o mal.
"É importante deixar claro: esse vírus pode se tornar apenas outro vírus endêmico em nossas comunidades e pode nunca ir embora"
Diretor de emergências da OMS, Mike Ryan
"O HIV não desapareceu — mas nós aprendemos a lidar com o vírus". Ryan disse não acreditar que "alguém possa prever quando essa doença desaparecerá". Para ele, o mundo tem "uma chance" de eliminar o vírus, mas uma vacina teria que ser disponibilizada, teria que ser altamente efetiva e disponibilizada para todos.
Pandas voltam à China, pois faltam alimentos na quarentena
Oxford testa vacina; resultado pode sair em junho
Professor de medicina da Universidade de Oxford, na Inglaterra, Sir John Bell disse hoje de manhã que centenas de pessoas foram vacinadas em um teste para encontrar uma forma eficaz de combater o novo coronavírus. Os resultados podem estar disponíveis em um mês.
O médico disse que o desafio será a produção em grade escala caso o resultado seja positivo.
Também queremos garantir que o resto do mundo esteja pronto para fazer esta vacina em larga escala para chegar às populações dos países em desenvolvimento, por exemplo, onde a necessidade é muito grande"
Hormônios femininos podem proteger? E leite materno?
Uma equipe multidisciplinar de pesquisadores de São Paulo está investigando o papel do estrogênio na proteção fisiológica contra o coronavírus.
"Estudos anteriores, realizados com o coronavírus SARS-CoV [causador da síndrome respiratória aguda grave], apontaram diferenças de gênero na infecção e progressão da doença, com maior suscetibilidade de indivíduos do sexo masculino, e indicaram que os estrogênios podiam estar associados à maior proteção fisiológica das mulheres. Queremos testar se o mesmo ocorre com o SARS-CoV-2, o novo coronavírus, para chegar a compostos com potencial terapêutico", diz Rodrigo Portes Ureshino, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Em outra pesquisa, o leite materno de mulheres que tiveram covid-19 apresentaram forte resposta imunológica ao coronavírus, como concluiu um estudo feito por um grupo da Escola de Medicina Icahn do Monte Sinai, em Nova York, e da Universidade da Califórnia em Merced. Para os pesquisadores, o leite materno poderia ser usado como terapia contra a covid-19.
Novos casos fazem cidade chinesa retomar isolamento
Pijama perfeito para a quarentena
Uma empresa japonesa resolveu unir o home office da quarentena do coronavírus ao bem-estar e criou uma linha de pijamas que permite, ao mesmo tempo, o conforto de uma roupa de dormir fofinha com um pouquinho de elegância para quem precisa fazer videoconferências de trabalho.
A ideia foi desenhar um pijama em que a parte de cima imita uma roupa social. Só o suficiente para o enquadramento naquela reunião do Zoom que muita gente tem precisado fazer:
Outra invenção curiosa é uma viseira de proteção em estabelecimentos gastronômicos. Assim como as redomas em poltronas de aviões e as estufas de vidro, o projeto do designer de interiores Christophe Gernigon projetou sinos de acrílico pendurados no teto, para que possam ser usados em cima das cadeiras nas mesas do restaurante.
Morre Coaracy Nunes, semanas após pegar covid-19
Ex-presidente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA), Coaracy Nunes morreu hoje, depois de quase um mês internado em um hospital do Rio de Janeiro. Ele foi internado com o novo coronavírus e já estava bastante doente antes disso, de acordo com a coluna do UOL Olhar Olímpico.
Sua morte aconteceu quando ele já estava curado da covid-19, mas a internação encontrou outros problemas.
"O Coaracy semana passada estabilizou clinicamente, chegando a negativar covid-19 e na execução de tomografia para verificar a piora do nível de consciência, foi evidenciado um aumento dos hematomas subdurais bilaterais já existentes. Foi realizada uma cirurgia para alívio da pressão intracraniana na última quinta-feira, mas infelizmente o Coaracy não despertou e constatou o que já esperávamos uma fase terminal do Alzheimer. Na manhã de hoje, dia 14 de maio, fez sua passagem de forma tranquila", contou a filha dele, Luciana.
De jardineiro a presidente da rua: a quarentena em Paraisópolis
Ivan Iram, 31, acorda às 7h, toma seu café e vai trabalhar cortando grama em várias regiões de São Paulo. O jardineiro volta às 18h para Paraisópolis e se transforma: assume uma presidência. Ele começa sua função de presidente de rua, cuidando dos vizinhos desassistidos durante a pandemia e a quarentena.
"Umas crianças aqui da viela vieram me perguntar onde tinha distribuição de ovos de Páscoa, e isso mexeu muito comigo. Corri atrás. Além do chocolate que as crianças queriam, tinha pessoas precisando de fralda, cesta básica, produtos de higiene. Quando eu vi que não era só eu que estava precisando, me cadastrei a presidente", conta Iram.
Cada presidente tem a missão de cuidar de 50 famílias. A rotina de Iram no bairro inclui visita a todas as casas para atualizar cadastros e distribuir as cestas. Ele conta que fez um grupo no WhatsApp para conseguir se comunicar melhor com as famílias. "Já teve caso de urgência que tive que atender do meu trabalho. Uma vizinha estava passando mal, com falta de ar, febre, e tive de fazer o corre de chamar a ambulância. Nós, presidentes, temos uma grande responsabilidade sobre essas vidas", diz.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.