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Centro de Contingência esperava mais rigidez em atualização do Plano SP

19.12.2020 - Aglomeração na região de comércio popular do Brás, no centro de São Paulo - ROBERTO COSTA/ESTADÃO CONTEÚDO
19.12.2020 - Aglomeração na região de comércio popular do Brás, no centro de São Paulo Imagem: ROBERTO COSTA/ESTADÃO CONTEÚDO

Leonardo Martins

Colaboração para o UOL, em São Paulo

09/01/2021 04h00

Os infectologistas e epidemiologistas que integram o Centro de Contingência ao Coronavírus em São Paulo esperavam do governo do estado mais rigidez na atualização do Plano São Paulo feita ontem pela manhã.

Apenas três regiões regrediram para a fase laranja, a segunda mais restritiva do programa, no balanço divulgado pelo governo. Ao todo, 90% da população está vivendo em padrão da fase amarela, até mesmo a capital paulista, que registra aumento de internações diariamente.

Na opinião dos membros do comitê ouvidos pelo UOL, um endurecimento ainda maior das medidas de restrição, ou uma ida direta para a fase laranja seria a atitude mais adequada considerando as estimativas da pandemia para o mês de janeiro.

Após as aglomerações nas festas de final de ano, prefeitura de São Paulo e governo do Estado se preparam para um pico de contaminações e internações próximo ao dia 20 de janeiro. Mesmo assim, autoridades paulistas entenderam que o cenário ainda não demanda um retorno de todas as cidades à fase laranja.

Visando manter a pandemia sob controle, o comitê criou um "subgrupo", que está desenvolvendo um novo modelo de avaliação do Plano São Paulo. O objetivo é usar outros índices, que ainda estão sendo definidos, como baliza para definir a situação da saúde da cidade.

Assim, caso haja piora no cenário de algum município, o governo pode endurecer as medidas com maior rapidez e precaução, mesmo fora das datas programadas para as próximas atualizações do Plano. O projeto será entregue ao governador João Doria (PSDB) na semana que vem.

São Paulo registrou nessa sexta-feira (8) a sua maior média móvel de morte desde o Natal. Foram 179 mortes em média nos últimos sete dias, uma variação de 61% na comparação com 14 dias atrás. Depois de duas semanas variando entre queda e estabilidade, o estado voltou a ter tendência de aceleração nos óbitos.

Restrição aos bares

Os médicos elogiaram a atitude da secretaria de Saúde em impor mais restrições para os bares. A ação foi uma sugestão direta do comitê e acatada na íntegra pelo governo.

Agora, na fase amarela, os bares só poderão funcionar até 20h. Na fase laranja, as portas devem estar fechadas e o bar deve funcionar apenas por delivery ou retirada.

Os especialistas afirmam que, nos bares, há pouco respeito às regras sanitárias, principalmente no que diz respeito ao distanciamento social e o uso de máscara. É comum encontrar pessoas nas calçadas dos estabelecimentos fumando ou aguardando para entrar no local ingerindo alguma bebida alcoólica, sem máscara.

O coordenador-executivo do Centro de Contingência, João Gabbardo, disse hoje que o aumento da transmissão do novo coronavírus se dá no "lazer noturno".

"Aprendemos que o problema não são os ambientes controlados. O aumento da transmissão ocorre nos bares, no lazer noturno, nas atividades que ocorrem à noite, nas baladas, festas e comemorações. É nesse ponto que o plano mudou consideravelmente", explicou João Gabbardo, coordenador-executivo do Centro de Contingência.

8 milhões de infectados no país

Um dia após ultrapassar as 200 mil mortes provocadas pela covid-19, o Brasil alcançou outras tristes marcas na sexta-feira (8). Confirmando a previsão de médicos, o país atingiu o mais alto índice de pessoas infectadas pela covid-19 e o maior número de óbito confirmados em 24 horas desde 4 de agosto, exatas duas semanas após o início das festas de fim de ano. Os dados são do consórcio de veículos de imprensa do qual o UOL faz parte.

Pelo quarto dia consecutivo, o Brasil registrou mais de mil novas mortes por covid-19 entre um dia e outro. Exatamente duas semanas após o Natal, o país voltou a apresentar aceleração na média móvel de mortes. Foram 872 mortes na média de sete dias, o que representa uma aceleração de 37% na comparação com 14 dias atrás. A última vez que o país teve média acima de 800 foi em 6 de setembro.