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Com alta de casos de covid, RS e RO batem 100% de ocupação de leitos de UTI

Com aumento de casos da covid-19, nove estados têm aumento de internações em UTI e passam dos 90% de ocupação - Michael Dantas/AFP
Com aumento de casos da covid-19, nove estados têm aumento de internações em UTI e passam dos 90% de ocupação Imagem: Michael Dantas/AFP

Douglas Porto

Do UOL, em São Paulo

04/03/2021 04h00

Com o aumento de casos de covid-19, nove estados brasileiros apresentam ocupação de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) acima de 90% da capacidade. A situação de colapso pode ser declarada apenas pelos próprios governos estaduais.

Segundo levantamento realizado pelo UOL, junto às secretarias estaduais da Saúde, com dados de 2 de março:

  • Rio Grande do Sul e Rondônia chegaram a 100%;
  • Santa Catarina e Acre - 94%
  • Paraná, Goiás e Sergipe - 92%
  • Ceará e Rio Grande do Norte - 91%.

"O colapso no sistema de saúde é quando você tem uma necessidade muito grande de pacientes que precisam de internação, querem em leitos ou em UTI e você não dispõe mais de estrutura hospitalar para internação. Esses pacientes, portanto, ficam sem tratamento adequado para a doença e isso aumenta muito o risco de uma evolução ruim para o óbito", explica Raquel Stucchi, médica infectologista da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).

Santa Catarina começou a transferir pacientes para o Espírito Santo, com prioridade para pacientes do oeste do estado, que está com a maior defasagem de leitos intensivos. Ao todo, devem ser levadas 16 pessoas para o sudeste em dois aviões —um do próprio governo e outro particular.

Outros estados estão próximos à marca, como Mato Grosso do Sul, com 90%; Distrito Federal, com 89%; Mato Grosso, com 88%; Maranhão, com 86%. Tocantins apresenta 84% de ocupação. Amazonas, Para e Bahia chegaram a 82%.

Minas Gerais, Roraima, Amapá e Piauí estão com 76%. São Paulo e Espírito Santo têm ocupação de 75%. Alagoas e Rio de Janeiro estão com 72%. O Rio de Janeiro, com situação mais estável, chegou a 64%.

"As altas de internações poderiam ser evitadas se a gente tivesse um plano com proporções diferentes, respostas articuladas na perspectiva clínicas e de vigilância, das políticas de proteção social, rendas emergenciais. Políticas de saúde, com rede integrada, fortalecimento da atenção primária, das estratégias de vigilância, testagem ampla da população e investimento precoce de todas as possibilidades de vacinas possíveis", diz a médica sanitarista Bernadete Perez Coelho, vice-presidente da organização não governamental Abrasco (Associação Brasileira de Saúde Coletiva).

Medidas restritivas

A fim de conter a disseminação do novo coronavírus, governos e prefeituras resolveram adotar medidas restritivas para frear aglomerações. No fim de janeiro, Amazonas e Pará entraram em lockdown devido a crise de saúde na região com a variante brasileira encontrada primeira em Manaus.

Em 14 de fevereiro, a cidade de Araraquara decretou lockdown por 15 dias após detectar infecções da mesma variante do norte e ainda da encontrada no Reino Unido.

O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), decretou em 27 de fevereiro lockdown de 15 dias na capital federal. O chefe do Executivo local argumentou que as atividades voltariam ao normal "aos poucos". Santa Catarina também realizou lockdown no último fim de semana para conter o agravamento da covid-19 no estado.

Uma projeção realizada pelo governo paulista apontou que o sistema de saúde local entrará em colapso em 15 de março pela aceleração do contágio e da situação dos internados.

Hoje, o governador João Doria (PSDB) retrocedeu todo o território para a fase vermelha —a mais restritiva do Plano São Paulo de retomada econômica. Ainda aumentou o chamado "toque de restrição", que limita a circulação de pessoas das 20h às 5h a partir do próximo sábado (6).

Mato Grosso declarou toque de recolher por 15 dias a partir de hoje. No período de 21h às 5h, apenas trabalhadores de serviços essenciais ou pessoas com extrema necessidade podem circular pelas ruas. Uma semana após decretar toque de recolher, o governo de Pernambuco proibiu o funcionamento de atividades essenciais entre as 20h e as 5h até 17 de março.

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), anunciou hoje que as regiões noroeste e o Triângulo Norte (norte do Triângulo Mineiro) entrarão em lockdown por 15 dias.

O Piauí, em 26 de fevereiro, publicou um decreto aumentando a restrição de shoppings e comércio e suspendendo festas e eventos, com toque de recolher das 23h às 5h. Ainda decretou lockdown aos finais de semana. Na mesma data, o Ceará instituiu retenção na semana das 20h às 5h e nos fins de semana das 19h às 5h. A Bahia estendeu as restrições das 20h às 5h até o próximo domingo (7).

"Em uma situação em que tem uma doença que sabidamente se transmite de pessoa para pessoa, você tem que tentar bloquear o aparecimento de novos casos. Isso se faz com orientação da população para que sigam medidas recomendadas para não ter aglomeração, para que usam máscaras faciais corretamente e higienizem as mãos. Se isso não for seguido pela população, é necessário fazer medidas ainda mais restritivas, fechando os estabelecimentos para que as pessoas se conscientizem que devem sair de casa para o estritamente essencial", conclui Raquel Stucchi.