Governo atrasou vacina ao perder tempo com 'solução mágica', diz Gabbardo
O ex-secretário executivo do Ministério da Saúde e coordenador-executivo do Centro de Contingência do Coronavírus em São Paulo, João Gabbardo, disse hoje que o governo federal cometeu um grande erro ao não acreditar que a saída para a pandemia de covid-19 seria a vacinação. Segundo ele, no comando do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), muito tempo foi perdido "imaginando que teria uma solução mágica".
"A gente sabe que para problemas complexos não tem solução simples. Outros países largaram na frente na produção e aquisição de vacinas", afirmou. A fala de Gabbardo foi feita durante um encontro online com o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, e o ex-secretário nacional de Vigilância em Saúde Wanderson de Oliveira. A transmissão ao vivo aconteceu um ano após Bolsonaro ter demitido Mandetta da pasta.
Ainda segundo Gabbardo, caso o Butantan não tivesse investido na vacina da chinesa Sinovac, o Brasil estaria em uma situação muito pior. Citou, ainda, que o país perdeu foi meses no calendário vacinal ao não ter firmado contratos no primeiro momento que foi possível. "Se tivesse começado no fim do ano, poderíamos ter vacinado idosos, avançado para 50 anos, pessoas com comorbidades", lamentou.
Ainda em relação a remédios usados como tratamento para a covid, o ex-ministro da Saúde disse que todos "têm risco e beneficio", mas que se o beneficio não estiver muito bem mostrado para o paciente, "você está oferecendo só o risco".
Depois, ao comentar a falta de liderança e informação na prevenção à disseminação e infecção pelo coronavírus, o ex-secretário nacional de Vigilância em Saúde Wanderson de Oliveira, citou exemplos não farmacológicos, como lavar as mãos e manter o distanciamento. Isso porque, grande parte dos casos acontecem a partir de pessoas assintomáticas.
"Bons exemplos recentes, que são muito ilustrativos para a combinação ideal no enfrentamento da pandemia: o exemplo de Araraquara, com distanciamento social rigoroso, e o exemplo de Serrana, com vacinação de praticamente toda população. Temos a combinação perfeita", disse.
CPI da Covid
Em fala breve, enquanto introduzia a transmissão ao vivo e esperava os outros dois participantes, o ex-ministro Mandetta comentou a criação da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid, pedindo que seja um momento de "calma" e "consciência". "Para não jogar mais um fator a favor do vírus", disse.
A Comissão vai investigar as ações e possíveis omissões do governo federal no combate à pandemia. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), informou hoje que a CPI deve ser instalada entre terça (20) e quinta-feira (22), quando também serão decididos o presidente, vice-presidente e relator.
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