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Brasileiros infectados com ômicron se vacinaram na África, diz secretaria

Thaís Augusto

Do UOL, em São Paulo

01/12/2021 09h09Atualizada em 01/12/2021 13h01

O casal de brasileiros infectados com a variante ômicron do coronavírus foi imunizado com a dose única da vacina Janssen na África do Sul. A informação foi confirmada ao UOL pela secretaria municipal de saúde de São Paulo.

O homem de 41 anos e a mulher de 37 anos desembarcaram no aeroporto internacional de Guarulhos em 23 de novembro para visitar parentes no Brasil. Eles moram e trabalham na África do Sul.

Em entrevista à GloboNews, o secretário municipal de saúde, Edson Aparecido, afirmou que o casal, e seus parentes, estão em isolamento. Os familiares também foram vacinados e serão testados hoje pela Prefeitura de São Paulo.

Nós já levantamos todos os contatos que eles tiveram nesse período. Nossas equipes de saúde estão em campo agora para localizar todas as pessoas que tiveram contato com eles e, obviamente, acompanhar esse quadro.
Secretário municipal de saúde de SP, Edson Aparecido

Ontem, a secretaria estadual de Saúde de São Paulo e o Ministério da Saúde informaram que o casal infectado com a ômicron não tinha registro de vacinas contra a doença no Brasil. Segundo o secretário estadual, Jean Gorinchteyn, a conclusão era preliminar.

A ômicron já foi detectada em pelo menos 21 países e foi considerada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) como "variante de preocupação".

O presidente-executivo da BioNTech disse que a vacina que a empresa faz em parceria com a Pfizer provavelmente proporcionará uma proteção forte contra doenças graves decorrentes da ômicron. Tanto o Reino Unido quanto os EUA ampliaram seus programas de doses de reforço em reação à nova variante.

O que se sabe sobre a ômicron

Até agora, pessoas infectadas pela variante ômicron da covid-19, detectada inicialmente pela África do Sul na semana passada, mas que já estava em circulação pelos Países Baixos anteriormente, apresentaram apenas sintomas leves da doença.

"O sintoma mais comum é fadiga intensa por um ou dois dias, seguido de dores no corpo", disse a clínica-geral Angelique Coetzee, presidente da Associação Médica da África do Sul, em entrevista ao jornal britânico The Telegraph.

No último domingo (28), a OMS (Organização Mundial da Saúde) disse que a variante pode aumentar a chance de reinfecção pela covid-19, mas tranquilizou ao afirmar tratamentos contra versões anteriores do vírus também têm funcionado contra a ômicron.

Ouvido por VivaBem, o infectologista Alexandre Naime disse que, embora a ômicron tenha se mostrado mais transmissível que outras variantes, ela ainda não se mostrou capaz de provocar um aumento no número de internações e mortes pela doença.

Por enquanto, laboratórios estão conduzindo estudos para saber se as atuais vacinas disponíveis contra a covid-19 são capazes de lidar contra a ômicron.

A variante apresenta alterações que podem fazer com ela consiga "driblar" o sistema imunológico de pessoas já vacinadas contra o novo coronavírus.

A hipótese, porém, ainda está em estudo. "Então, não podemos dizer que as vacinas não funcionam (contra a variante ômicron) — é improvável, inclusive", disse ontem Lúcia Helena, colunista de VivaBem, ao UOL News, programa do Canal UOL.

Vacinação em massa é medida mais eficaz

A vacinação em massa continua sendo a medida mais eficaz contra a covid-19, protegendo, especialmente, contra a evolução da doença para quadros graves, como internação e morte pelo vírus.

Na última sexta-feira (26), um dia depois da identificação da ômicron, a OMS pediu para que, individualmente, as pessoas ajudem no combate à variante tomando medidas já conhecidas contra a covid-19, como:

  • Uso de máscara bem ajustada ao rosto;
  • Higiene constante das mãos;
  • Distanciamento físico;
  • Melhora da ventilação em ambientes que não sejam ao ar livre, como salas;
  • Preferência por evitar espaços lotados;
  • Se vacinando contra a covid-19.

É improvável que vacinas não funcionem contra ômicron

Durante participação no UOL News ontem, a colunista de saúde do UOL Lúcia Helena disse que a descoberta da variante ômicron não deve levar as pessoas ao pânico. Segundo a especialista, ainda não temos nada concreto sobre a nova cepa, mas é improvável que as vacinas não funcionem.

"O fato é que a ômicron é muito novinha. A gente acabou de descobrir e na segunda-feira iniciaram os primeiros ensaios para descobrir o que acontece com as vacinas. Então não podemos dizer que as vacinas não funcionam. É improvável, inclusive", disse Lúcia Helena.

A colunista do UOL, porém, chamou a atenção que tudo ainda é uma hipótese. "A ômicron surgiu em um território onde muitas pessoas ainda não estão protegidas, então não dá para ter conclusões ainda."

Vacina garante proteção, diz estudo nos EUA

Um estudo publicado em outubro pelo CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA) indica que a vacinação garante uma proteção mais forte e confiável contra o coronavírus do que a imunidade natural, adquirida por quem já teve covid-19.

Segundo a pesquisa, o risco de uma pessoa que já foi infectada pelo vírus e não tomou vacina desenvolver a covid-19 é cinco vezes maior do que o de alguém que recebeu as duas doses da vacina da Pfizer ou da Moderna e nunca contraiu o coronavírus.

"Agora, temos evidências adicionais que reafirmam a importância de você tomar a vacina contra a covid-19 mesmo se já teve uma infecção anterior", disse Rochelle P. Walensky, diretora do CDC, em um comunicado que acompanhou a divulgação do trabalho científico.

Apesar de a vacinação estimular que o organismo produza mais anticorpos e garanta maior proteção contra a covid-19, o estudo identificou que a imunização natural estimula a produção de anticorpos mais diversificados, o que é positivo contra variantes do coronavírus. Mas, obviamente, uma coisa não anula a outra e quem já teve covid-19 vai estar ainda mais protegido se tomar a vacina.