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Embaixador britânico no Irã nega ter participado de manifestação

O embaixador britânico no Irã, Robert Macaire - Governo Britânico
O embaixador britânico no Irã, Robert Macaire Imagem: Governo Britânico

12/01/2020 11h04

O embaixador da Grã-Bretanha no Irã, Rob Macaire, cuja prisão no sábado (11) em Teerã foi denunciada por Londres, negou neste domingo (12) ter participado de qualquer manifestação contra as autoridades, conforme noticiado por alguns meios de comunicação iranianos.

O vice-ministro iraniano das Relações Exteriores confirmou neste domingo que seu país deteve brevemente o embaixador por suspeita de ter participado de "uma reunião ilegal".

"Ele não foi preso, mas detido como uma estrangeiro não identificado em uma reunião ilegal", escreveu Abbas Araghchi no Twitter, ao dizer que o diplomata foi liberado logo após ser identificado.

"Posso confirmar que não participei de nenhuma manifestação", respondeu Macaire em sua conta no Twitter. "Eu fui a um evento anunciado como uma vigília para as vítimas da tragédia (do voo) #PS752", da Ukraine International Airlines, que foi abatido perto de Teerã na quarta-feira por um míssil iraniano, acrescentou.

É "normal querer prestar homenagem", escreveu Macaire, principalmente porque "algumas das vítimas eram britânicas". "Saí do local depois de cinco minutos, quando algumas pessoas começaram a lançar palavras de ordem" contra as autoridades, disse ele em mensagens em inglês e persa.

Ele foi libertado cerca de uma hora depois. Durante a noite, a agência iraniana Tasnim, próxima dos ultraconservadores, informou que o embaixador havia sido detido por várias horas. Segundo a agência, ele foi interrogado por seu envolvimento em "atos suspeitos" durante uma manifestação em frente à Universidade Amir Kabir de Teerã.

Rob Macaire foi detido após protesto em Teerã - Nazanin Tabatabaee/WANA/via Reuters - Nazanin Tabatabaee/WANA/via Reuters
Rob Macaire foi detido após protesto em Teerã
Imagem: Nazanin Tabatabaee/WANA/via Reuters

Homenagem virou protesto

A reunião, nascida para homenagear as vítimas, logo se transformou em manifestação de raiva. A multidão denunciou "os mentirosos" e exigiu processos contra os responsáveis pela tragédia e aqueles que, segundo os manifestantes, tentaram encobri-los.

Segundo a agência de notícia Fars, em um raro relato sobre protestos contra o governo, disse que manifestantes cantaram frases contra as autoridades do país em Teerã.

A reportagem da Fars disse ainda que os manifestantes que foram às ruas também arrancaram imagens de Qassim Suleimani, o comandante da importante Força Quds morto em um ataque de drone dos Estados Unidos.

A agência, amplamente vista como próxima à Guarda, publicou fotografias das manifestações e um cartaz destruído de Suleimani. Segundo a Fars, cerca de 700 a 1.000 pessoas participaram do protesto, dispersado pela polícia iraniana, que classificou as palavras de ordem como "destrutivas" e "radicais".

Trump quer observadores internacionais

Em um tuíte escrito em persa, o presidente norte-americano Donald Trump aproveitou a onda de protestos para oferecer solidariedade ao povo iraniano. "Eu estive ao lado de vocês desde o começo da minha presidência, e a minha administração continuará ao seu lado", tuitou Trump.

Ele disse que os manifestantes são inspiradores e pediu que observadores internacionais sejam autorizados a entrar no Irã para verificar, in loco, os protestos.

Em dezembro, a Anistia Internacional acusou o governo iraniano de ter matado mais de 300 pessoas ao reprimir protestos ocorridos no país em novembro de 2019.

Irã reconhece abate acidental de avião

A República Islâmica reconheceu no sábado sua responsabilidade nesta catástrofe, na qual 176 pessoas morreram.

Segundo Teerã, a catástrofe foi provocada por um "erro humano", mas sua origem foi o "aventureirismo" dos Estados Unidos. O Irã pediu desculpas pelo incidente. O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky exigiu a punição dos culpados e indenizações iranianas pela tragédia.

O aparelho, no qual viajavam 176 pessoas, foi identificado como um "avião hostil" e "atingido" no momento em que a ameaça inimiga se encontrava "no mais alto nível", revelou um comunicado divulgado pela agência oficial de notícias Irna.

O general Amir Ali Hajizadeh, um dos comandantes da Guarda Revolucionária do Irã, disse que sua unidade assume "total responsabilidade" sobre o ataque ao avião ucraniano. Ele afirmou em pronunciamento transmitido pela televisão estatal que, ao saber do abate, desejou que ele próprio tivesse morrido. "Preferia estar morto a testemunhar um acidente semelhante".