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Brasil admite que não cumprirá meta de redução do desmatamento

O Brasil não conseguirá cumprir a meta de redução do desmatamento na Amazônia em 10% no ano de referência de agosto de 2020 a julho de 2021 - PA Media
O Brasil não conseguirá cumprir a meta de redução do desmatamento na Amazônia em 10% no ano de referência de agosto de 2020 a julho de 2021 Imagem: PA Media

02/08/2021 17h56Atualizada em 02/08/2021 18h58

O Brasil não conseguirá cumprir a meta de redução do desmatamento na Amazônia em 10% no ano de referência de agosto de 2020 a julho de 2021, admitiu nesta segunda-feira o vice-presidente, Hamilton Mourão, chefe do Conselho Nacional da Amazônia Legal (CNML).

"Provavelmente não irei cumprir aquilo que eu achava que seria o nosso papel, de chegar a 10% de redução. Acho que vai dar na faixa de 4% a 5%. É uma diminuição muito pequena e irrisória, mas já é um caminho andado", disse o general em Brasília.

O desmatamento na Amazônia entre agosto de 2019 e julho de 2020 foi de 10.851 km², uma área maior do que a de Porto Rico e um aumento de 7,13% em relação aos 12 meses anteriores, segundo o sistema de observação por satélite Prodes, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que divulga seus relatórios em novembro. O desmatamento nesses dois períodos ultrapassou 10.000 km² pela primeira vez desde 2008, e isso poderia ocorrer novamente se a redução se limitar a 5% (seriam 10.308 km²).

O Inpe possui outro sistema de alertas diários de desmatamento, menos refinado do que o Prodes, chamado Deter, o qual mostra que a destruição na Amazônia em junho bateu o quarto recorde mensal consecutivo, com 1.062 km².

O governo busca melhorar sua imagem perante a comunidade internacional, que questiona a política ambiental do presidente Jair Bolsonaro, defensor da abertura da Amazônia a atividades agropecuárias e de mineração. O governo voltou a mobilizar este ano, pela segunda vez consecutiva, tropas militares para o combate a crimes ambientais.

Mourão, por outro lado, destacou a redução de 27% dos incêndios na Amazônia em julho (4.977 focos de calor) em relação ao mesmo mês de 2020, a qual atribuiu a medidas implementadas pelos ministérios do Meio Ambiente e da Justiça, motivo pelo qual disse que não considera "necessário continuar o emprego das Forças Armadas" nessa tarefa.

A ONG Greenpeace lembrou que os incêndios estão relacionados a áreas recentemente "derrubadas e degradadas" e que "deverão ser queimadas ilegalmente nos próximos meses". "O pior está por vir. Além de os próximos meses serem mais secos na Amazônia, os órgãos ambientais seguem enfraquecidos e o Congresso tem como uma de suas prioridades aprovar alterações na lei que incentivam ainda mais destruição ambiental e a invasão de terras públicas", assinalou a gestora ambiental da organização, Cristiane Mazzetti.