Topo

Parlamento da Finlândia antecipa adesão à Otan

Por causa da invasão russa da Ucrânia, Finlândia e Suécia decidiram virar a página de sua política de não alinhamento militar desde os anos 1990. - Getty Images/EyeEm
Por causa da invasão russa da Ucrânia, Finlândia e Suécia decidiram virar a página de sua política de não alinhamento militar desde os anos 1990. Imagem: Getty Images/EyeEm

01/03/2023 11h28

O Parlamento da Finlândia aprovou nesta quarta-feira (1º), de maneira antecipada e por grande maioria, a adesão à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), para a qual o país precisa da ratificação da Hungria e da Turquia.

Por causa da invasão russa da Ucrânia, Finlândia e Suécia decidiram virar a página de sua política de não alinhamento militar em vigor desde a década de 1990, herdeira de décadas de neutralidade, e se candidataram à Otan em maio de 2022.

Os deputados finlandeses aprovaram por 184 votos a favor e sete contra uma lei que permite a entrada do país na aliança militar ocidental.

O ministro da Defesa finlandês comemorou "um passo importante no caminho para a Otan".

"A segurança da Otan é uma causa comum", disse Antti Kaikkonen no Twitter.

Com as eleições no horizonte próximo na Finlândia em 2 de abril, o governo da primeira-ministra Sanna Marin queria evitar qualquer tipo de vácuo político para ingressar na Otan assim que obtivesse o acordo húngaro-turco.

A adesão à Otan contou com o apoio quase unânime dos partidos finlandeses, incluindo daqueles que eram contrários à aliança antes do início da invasão russa da Ucrânia.

Apenas um pequeno grupo de deputados de extrema-esquerda e de extrema-direita votou contra. Entre outros motivos, alegaram a falta de garantia de que armas nucleares não serão instaladas no território.

A aprovação da lei finlandesa não significa que o país se integrará, automaticamente, à aliança militar, uma vez obtida a ratificação de Hungria e Turquia. Estabelece, contudo, um cronograma claro: após sua adoção, o presidente finlandês, Sauli Niinistö, terá no máximo três meses para assiná-la.

Hungria inicia trâmite parlamentar

Até então, a Finlândia havia manifestado sua vontade de ingressar à Aliança junto com a Suécia. As dificuldades que Estocolmo enfrenta com a Turquia, que culminaram em uma série de incidentes diplomáticos em janeiro, mudaram, no entanto, essa situação.

A Turquia, que foi atingida por um terremoto catastrófico e se prepara para uma eleição presidencial em 14 de maio, confirmou na segunda-feira que pode tratar a entrada da Finlândia separadamente da Suécia.

Nesse panorama, ainda falta o pronunciamento da Hungria, conhecida por suas posições mais ambíguas em relação a Moscou.

Na segunda-feira, o chanceler húngaro, Peter Szijjártó, afirmou que em princípio o Executivo aprova a entrada, mas alertou que a aprovação no Parlamento "é menos clara".

O Parlamento húngaro iniciou nesta quarta-feira o processo de adesão da Finlândia e da Suécia, mas o resultado da votação previsto para 6 e 9 de março parece incerto.

A maioria dos finlandeses (53%) quer ingressar na Otan sem esperar pela Suécia, de acordo com uma pesquisa publicada no início de fevereiro.

A Finlândia esteve sob domínio sueco até 1809, antes de se tornar um grão-ducado russo até sua independência durante a Revolução Russa de 1917.

O país nórdico, submetido à neutralidade forçada por Moscou após seu conflito com a União Soviética durante a Segunda Guerra Mundial, compartilha uma fronteira de 1.340 km com a Rússia, o segundo maior país europeu depois da Ucrânia.

Em parte dessa fronteira, perto da cidade de Imatra, começou na terça-feira a construção de uma cerca de metal de três metros de altura e 200 quilômetros de extensão.

map-ehu/am/mis/jvb/mar-an/mb/aa

© Agence France-Presse