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Família de sobrevivente brasileiro descreve desespero após tufão nas Filipinas

Daniel Christoffel Antunes, um engenheiro químico cearense, e sua mãe, Vita, e irmã, Luana - Arquivo pessoal
Daniel Christoffel Antunes, um engenheiro químico cearense, e sua mãe, Vita, e irmã, Luana Imagem: Arquivo pessoal

13/11/2013 14h07

A família de um brasileiro que sobreviveu à tragédia do tufão Haiyan descreveu o desespero que sentiu enquanto esperava notícias dele, que estava na região mais afetada pela tempestade.

Daniel Christoffel Antunes, um engenheiro químico cearense, estava na cidade de Isabel, na província de Leyte (leste do país). Ele morava na região e trabalha em uma fábrica de processamento de cobre.

A reportagem tentou contatar Daniel diretamente, mas não conseguiu localizá-lo até o fechamento desta reportagem. A família dele, porém, já conversou brevemente com ele após a passagem do tufão.

Recém-graduado pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, o brasileiro chegou às Filipinas em 17 de outubro para fazer um estágio internacional de meio ano.

Entre a chegada do tufão às Filipinas (na sexta-feira) e a confirmação de que Daniel estava vivo, no domingo, se passaram horas de enorme angústia para a família.

"No domingo se reuniu todo mundo aqui na sala de estar. Numa hora dessas a gente se desespera. Estávamos orando e pedindo pra Deus pela vida do Daniel", conta a mãe, Vita Christoffel.

"Foi um grande alívio quando ele telefonou para o pai dele e disse que estava bem."

Celular emprestado

Falando à BBC Brasil, o pai dele, Marcelo Antunes, disse que o filho contou ter escapado do pior.

"Ele falou comigo no domingo para dizer que estava vivo e depois na segunda, de novo. Eu achei a voz dele boa e estou tranquilo", disse.

Saiba como ajudar as vítimas

  • Tara Yap/AFP

Daniel conseguiu se comunicar com o pai por meio de celulares emprestados de colegas.

Ele não pôde falar muito, pois a bateria estava acabando e não havia como carregar os aparelhos. A energia elétrica ainda não foi reestabelecida na região e em alguns lugares há geradores, mas a rede de telefonia também está instável e as conexões falham.

A tempestade foi forte, mas em Isabel não havia cadáveres pelas ruas ou pessoas desesperadas, disse Daniel à família.

O engenheiro estaria passando bem graças à ajuda da companhia para a qual trabalha, que tem levado alimentos e água potável aos funcionários.

"O que ele me disse que viu muito foram casas destelhadas e destroços espalhados", disse Marcelo.

 

Sonho

Para os familiares de Daniel, a tragédia nas Filipinas não o fará deixar o país, pois ele está realizando seu sonho de fazer o estágio internacional.

"Essa é a maior tragédia que o meu filho já viveu até hoje, mas o tufão não vai fazer ele desistir do sonho dele", disse o pai.

"Desde que entrou na faculdade, ele sonhava com isso (um estágio internacional). Ele deu aulas de inglês, economizou dinheiro e estudou para ter boas notas e conseguir a indicação", relembra a mãe. "Conhecendo o meu filho, ele não volta."

"Ele não vai desistir só por causa do tufão", aposta a irmã, Luana Antunes. "É uma adversidade. Só fará ele amadurecer. O medo, todos nós sentimos, mas como lidamos com esse sentimento é o que nos diferencia."