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Guerra da Rússia-Ucrânia

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Papa diz que Daria Dugina foi vítima inocente da guerra e Ucrânia critica

25.abr.2022 - Papa Francisco durante a reunião com membros da comunidade do Sri Lanka na Itália, na Basílica de São Pedro, no Vaticano - Alberto Pizzoli/AFP
25.abr.2022 - Papa Francisco durante a reunião com membros da comunidade do Sri Lanka na Itália, na Basílica de São Pedro, no Vaticano Imagem: Alberto Pizzoli/AFP

Philip Pullella

24/08/2022 07h58Atualizada em 24/08/2022 09h28

O Papa Francisco saiu do roteiro em sua audiência semanal e comentou sobre a guerra entre Rússia e Ucrânia. Ele também criticou comerciantes de armas, a quem chamou de "delinquentes que matam a humanidade".

Francisco pediu "medidas concretas" para acabar com a guerra na Ucrânia e evitar o risco de um "desastre nuclear" na usina de Zaporizhzhia, sob controle do governo russo. O local se tornou alvo de bombardeio nas últimas semanas —um acidente poderia cobrir a Alemanha, Polônia e Eslováquia com material radioativo.

Ele também mencionou brevemente Daria Dugina, morta no sábado (20) por um explosivo que estava em seu carro. Ela é filha do ultranacionalista Alexander Dugin, que é conhecido como "guru" do presidente russo Vladimir Putin apesar de nunca ter ocupado cargo no governo.

"Penso em uma pobre garota que voou no ar por causa de uma bomba sob seu banco no carro em Moscou", disse o líder católico, sem citar Dugina nominalmente. "Os inocentes pagam o preço da guerra, os inocentes! Pensemos nessa realidade e digamos um para o outro: a guerra é uma loucura. E aqueles que ganham com a guerra e com o comércio de armas são delinquentes que assassinam a humanidade."

Ucrânia critica Papa por lamentar morte de Daria Dugina

O embaixador da Ucrânia no Vaticano, Andrii Yurash, criticou o Papa Francisco por ele ter lamentado a morte da jornalista e analista política russa Daria Dugina, de 29 anos.

O discurso de hoje do Papa foi decepcionante e me fez pensar em muitas coisas. Não se pode colocar na mesma categoria agressor e vítima, estuprador e estuprado.
Mensagem publicada pelo diplomata no Twitter

"Como é possível mencionar uma das ideólogas do imperialismo russo como uma vítima inocente? Ela foi assassinada pelos russos como uma vítima sagrada e agora é um escudo de guerra", acrescentou.

Daria Dugina foi vítima de uma bomba instalada no automóvel que ela dirigia —um Toyota Land Cruiser Prado em nome de Dugin —e acionada à distância. O crime ocorreu quando Dugina passava pelo vilarejo de Velyki Vyazomi, nos arredores de Moscou, voltando de um festival no qual ela e seu pai haviam sido convidados de honra.

A Rússia acusa os serviços secretos da Ucrânia de terem planejado o atentado, mas Kiev nega envolvimento no caso.

Essa não é a primeira vez que a Ucrânia entra em rota de colisão com Francisco. Na Via Crucis presidida pelo pontífice em abril passado, a programação oficial previa que uma ucraniana e uma russa lessem juntas uma reflexão sobre a guerra.

No entanto, após protestos da embaixada de Kiev na Santa Sé, o texto acabou cortado da celebração. Ainda assim, a ucraniana e a russa carregaram juntas a cruz em uma das estações da Via Crucis.

O Papa negocia uma possível visita a Kiev nas próximas semanas, mas já deixou claro que também gostaria de ir a Moscou para se reunir com o presidente Vladimir Putin e tentar promover um acordo de paz.