Rússia e Ucrânia iniciam rodada de negociações na Turquia em clima de pessimismo
Depois de mais de um mês do início da invasão russa à Ucrânia, as delegações russa e ucraniana se encontram, a partir de hoje, em Istambul, para uma nova rodada de negociações.
Nesta segunda-feira, o conselheiro do ministro do Interior ucraniano, Vadim Denisenko, disse que não espera maiores avanços nas negociações de paz, que devem começar hoje e terminar na quarta-feira (30).
Um dos principais temas será a obtenção de "garantias de segurança e de neutralidade, e a desnuclearização do nosso Estado", disse, ontem, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, em entrevista à mídia independente russa, e transmitida pelo canal Telegram.
"Mas não quero que seja mais um documento no estilo do Memorando de Budapeste", acrescentou, referindo-se aos acordos assinados pela Rússia em 1994 que garantiam a integridade e a segurança de três ex-repúblicas soviéticas, incluindo a Ucrânia, que aderiram ao Tratado de Não-Proliferação das Armas Nucleares. Os ucranianos cederam o terceiro maior arsenal de armas atômicas do mundo, herdadas da ex-URSS.
Rússia e Ucrânia decidiram iniciar o diálogo após uma conversa telefônica na noite de ontem, entre o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, e o chefe de Estado russo, Vladimir Putin.
O presidente turco disse a Putin que o país estava pronto para fazer "qualquer contribuição necessária" para estabelecer um cessar-fogo na Ucrânia e "melhorar a condição humanitária na região".
Uma sessão de negociações russo-ucranianas já havia sido realizada no dia 10 de março na cidade de Antália, na Turquia, entre os Ministros de Relações Exteriores, sem avanços concretos.
Desde então, as conversas têm continuado por videoconferência, o que ambas as partes consideram "complicado"."O processo de negociação é muito difícil", disse, na sexta-feira, o chefe da Diplomacia ucraniana, Dmytro Kuleba, negando qualquer "consenso" com Moscou.
O presidente turco afirmou que a Rússia e a Ucrânia estão de acordo em quatro dos seis pontos da negociação, mas Kuleba negou essa informação. "Não há consenso com a Rússia sobre os quatro pontos mencionados pelo Presidente da Turquia", disse. elogiando "os esforços diplomáticos" de Ancara para pôr fim à guerra.
Mariupol à beira de uma catástrofe humanitária
O prefeito da cidade portuária de Mariupol, Vadim Boichenko, disse hoje que a cidade, sitiada há várias semanas pelas forças russas, estava "à beira de uma catástrofe humanitária" e deveria ser totalmente evacuada. Mariupol é alvo de intensos bombardeios desde o início do ataque russo.
Segundo ele, 160 mil civis estão cercados, sem eletricidade. Vinte e seis ônibus estão prontos para retirar os moradores, mas as forças russas se recusam a garantir a segurança da operação. O governo russo desmente com frequência que a ofensiva na Ucrânia vise civis e culpa as forças ucranianas pela impossibilidade de instaurar corredores humanitários em cidades sitiadas, como Mariupol.
O presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou que conversaria com Putin hoje ou amanhã para organizar uma operação de retirada dos civis da cidade. Desde o início da guerra, em 24 de fevereiro, ele já conversou 8 vezes com Putin e acredita que o diálogo ainda é possível para parar o conflito.
Scholz contemporiza
Após as declarações do presidente americano Joe Biden, no final de semana, que chamou Putin de "açougueiro", os líderes europeus tentaram apaziguar os ânimos.
Depois de o presidente francês, Emmanuel Macron, dizer que não teria atribuído esse adjetivo ao presidente russo, o chanceler alemão, Olaf Scholz, que a mudança de regime na Rússia não é um objetivo para a Aliança Militar, apesar da invasão da Ucrânia.
Em declarações ao canal público alemão ARD, ontem, Scholz disse que conseguiu "conversar" com Joe Biden e que uma eventual mudança de regime na Rússia não era "objetivo da Otan, nem do presidente americano". Biden declarou em Varsóvia, no sábado, que Vladimir Putin, "não pode permanecer no poder".
Embora a Casa Branca tenha insistido que Washington não apoiava uma mudança de regime russo, o comentário gerou preocupação. "Democracia, liberdade e lei têm futuro em todos os lugares, mas cabe aos povos e nações lutar por essa liberdade", acrescentou Scholz.
"O que devemos garantir é que a integridade e a soberania dos Estados não sejam violadas", argumentou. Questionado sobre as entregas de armas pela Alemanha, consideradas insuficientes por Kiev, o chanceler alemão respondeu: "Estamos fazendo tudo o que está ao nosso alcance". As armas já entregues pelo Ocidente permitiram, segundo ele, "sucessos consideráveis ".
(Com informações da AFP)
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