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Marrocos começa a enterrar seus mortos após terremoto que matou mais de 2 mil

Um dia após o terremoto que matou ao menos 2 mil pessoas e deixou outras 2 mil feridas no Marrocos, o país começa a enterrar as vítimas da catástrofe. As buscas continuam e muitos moradores, temendo réplicas, passaram uma segunda noite na rua.

"Todo mundo aqui perdeu alguém". É com essas palavras que a marroquina Bouchra resume a situação no vilarejo de Moulay Brahim, um dos mais afetados pelo terremoto. Como ela, muitos moradores começaram, hoje, a enterrar as vítimas do tremor que deixou 2.012 mortos e 2.059 feridos, mais da metade deles em estado grave, segundo o balanço mais recente.

Mais da metade das mortes ocorreu na província de Al Hauz, no epicentro do terremoto e onde está Moulay Brahim, vilarejo de 3 mil habitantes. As equipes de resgate, com a ajuda de maquinário de construção, continuam a procurar sobreviventes nos destroços na região, situada em uma zona montanhosa.

"É uma tragédia terrível, estamos chocados com essa desgraça", diz Hasna, uma moradora sentada à porta de sua casa, incapaz de esconder sua emoção. "Embora minha família esteja a salvo, todo o vilarejo chora por seus filhos. Muitos vizinhos perderam parentes. É uma dor indescritível", acrescenta.

"Eu perdi tudo", lamenta Lahcen, outro morador de Moulay Brahim, que teve a mulher e os quatro filhos mortos no terremoto. "Não posso fazer mais nada. Quero apenas me afastar e fazer meu luto", disse.

Em Marrakech, marroquinos ainda avaliam os danos nas suas casas entre pilhas de escombros, poeira e carros esmagados por pedras. O tremor foi sentido até na capital Rabat, a centenas de quilômetros de distância, e em cidades costeiras como Casablanca ou Essaouira, ou até mesmo no país vizinho, a Argélia, onde as autoridades descartaram danos ou vítimas.

A comunidade internacional se mobiliza para enviar ajuda aos marroquinos. A presidência da Argélia anunciou no sábado à tarde a abertura de seu espaço aéreo, que estava fechado para Marrocos há dois anos, para os aviões com ajuda humanitária destinados às vítimas do terremoto. A Cruz Vermelha Internacional alertou que Marrocos poderia precisar de "meses, ou até anos" de ajuda para reconstruir as áreas atingidas.

Na noite deste sábado ainda era possível ver muitas pessoas dormindo nas ruas. Os moradores temem novas réplicas do terremoto.

Marrocos está localizado em uma região propensa a tremores devido à sua posição entre as placas tectônicas africana e euroasiática. Em 2004, pelo menos 628 pessoas morreram e 926 ficaram feridas quando um terremoto atingiu Al Hoceima, no nordeste do país.

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Em 1960, outro terremoto destruiu Agadir, na costa oeste do país, deixando mais de 12 mil mortos, um terço da população da cidade.

(Com informações da AFP)

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