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A China vai se fechar?

Jason Lee/Reuters
Imagem: Jason Lee/Reuters

21/10/2014 19h57

No início de novembro, o presidente Obama estará em Pequim, onde participará da reunião de cúpula da APEC, bloco constituído por 20 países (mais o governo de Hong Kong) da região Ásia-Pacífico. O evento suscita análises da imprensa americana sobre a geopolítica dos Estados Unidos no Extremo Oriente.

Para preparar o terreno, o conselheiro de Estado chinês Yang Jiechi esteve dois dias em Boston, discutindo com o Secretário de Estado John Kerry sobre os assuntos que serão tratados, paralelamente à reunião da APEC, pelos presidentes Obama e Xi Jinping.

Uma série de acontecimentos enfraquece a política externa chinesa atualmente. Por causa de sua crescente potência naval, a China inquieta outros países membros da APEC com os quais ela tem conflitos de fronteira marítima, como o Japão, as Filipinas e o Vietnã.

No plano interno, Pequim encontra resistências no movimento pró-democracia em Hong Kong e na região autônoma de Xinjiang, na Ásia Central, onde os uigures muçulmanos protestam contra as autoridades chinesas.

Além disso, a economia chinesa reduz seu ritmo de crescimento. Quando se cita números no contexto da pujança da economia chinesa, tudo é relativo. Mas os especialistas notam que o crescimento de 7,3% registrado no terceiro quadrimestre deste ano configura a taxa mais fraca registrada desde o primeiro quadrimestre de 2009, no fundo da crise começada em 2008. Vários outros índices indicam um clima econômico menos favorável na China.

Neste contexto, um artigo do Los Angeles Times assinado pelo professor Carl Minzner, jurista especializado na China contemporânea, observa o fechamento progressivo do governo de Pequim sob a direção do presidente Xi Jinping.

Para Minzner, as desigualdades sociais geradas nos anos recentes pelo crescimento acelerado da economia chinesa tornam a gestão política do país mais complicada. Assim, as atitudes mais autoritárias e os poderes concentrados de Xi Jinping, podem trazer de volta o clima de instabilidade e autoritarismo que marcou a história chinesa dos anos 1950-1960.