Topo

Carlos Madeiro

REPORTAGEM

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

PDT escanteia PT e indica Roberto Claudio para disputa ao governo do Ceará

Roberto Claudio governou Fortaleza entre 2013 e 2020  - Assembleia Legislativa do Estado do Ceará
Roberto Claudio governou Fortaleza entre 2013 e 2020 Imagem: Assembleia Legislativa do Estado do Ceará

Colunista do UOL

18/07/2022 18h54

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Depois de semanas de intensos debates, racha interno e pressão de aliados, o diretório do PDT no Ceará decidiu hoje indicar o nome do ex-prefeito de Fortaleza Roberto Claudio (PDT) para disputar a eleição ao governo do estado em outubro de 2022. Ele derrotou, em votação por 55 a 29, a governadora Izolda Cela (PDT), que era preferida pelo PT e outros partidos da base aliada.

A decisão às vésperas da convenção veio após um período de acirramento de ânimos da base aliada, com ameaça de debandada de partidos como o PT do grupo —que está no poder há 16 anos no estado— caso Izolda não fosse a escolhida.

Com a escolha de Claudio, o PT deve decidir agora se segue na aliança ou indica candidato próprio, mas a tendência natural é que o partido discuta um nome petista para a disputa.

A votação de hoje, na sede do diretório estadual do partido, em Fortaleza, foi acompanhada pelo presidente nacional do PDT, Carlos Lupi. Os irmãos Ciro e Cid Gomes não participaram do encontro.

Ao todo, quatro nomes do PDT disputavam as prévias da legenda, mas dois deles que não tinham chances reais da indicação desistiram hoje: os deputados federal Mauro Filho, e estadual Evandro Leitão (que apoiou Izolda Cela).

Roberto Claudio tinha o apoio declarado do prefeito de Fortaleza, José Sarto (PDT), e a preferência do presidenciável Ciro Gomes. Mais ligado ao grupo da família Ferreira Gomes (majoritário no PDT), Claudio foi uma escolha focada em garantir um palanque mais fiel para Ciro Gomes no estado.

Claudio foi prefeito da capital cearense eleito por duas vezes, e governou entre 2013 e 2020.

Já Izolda foi eleita vice-governadora em 2018 na chapa junto com Camilo Santana (PT). Eles tiveram uma vitória esmagadora, com 79,9% dos votos válidos ainda no primeiro turno —a maior vantagem entre todos os candidatos ao governo do país.

Em abril, Santana renunciou ao cargo de governador para poder se candidatar ao Senado nas eleições deste ano. Mesmo em outro partido, Camilo defendia o nome de Izolda como a candidata do grupo e chegou a declarar que ela teria a prerrogativa de ser a escolhida por estar no cargo.

Izolda era vista com bons olhos pelo PT e por outros partidos da base por ser considerada uma pessoa mais agregadora e próxima do ex-governador Camilo Santana. Além do apoio do PT, ela também poderia ter mais facilidade em receber o apoio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Izolda Cela (PDT), governadora do Ceará, foi deixada de lado na votação de hoje - Reinaldo Canato/Folhapress - Reinaldo Canato/Folhapress
Izolda Cela (PDT), governadora do Ceará, foi deixada de lado na votação de hoje
Imagem: Reinaldo Canato/Folhapress

Havia, dentro do PT cearense, uma linha de defesa de uma candidatura própria, caso Izolda não fosse a escolhida, que teria como missão garantir um palanque fiel e só para Lula no Ceará.

Hoje, o principal candidato ao governo cearense é o deputado federal Capitão Wagner (UB), que lidera todas as pesquisas de intenção de votos feitas aqui.

Em 2020, Wagner chegou a ir ao segundo turno contra Sarto na disputa pela prefeitura de Fortaleza, em uma disputa bem apertada: Sarto teve 668.652 votos (51,69% dos votos válidos), contra 624.892 (48,31%) de Wagner.

Wagner conta com o apoio do presidente Jair Bolsonaro e de outros partidos e líderes políticos locais.