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Júri condena três pistoleiros a 226 anos de prisão por chacina de Unaí (MG)

Carlos Eduardo Cherem

Do UOL, em Belo Horizonte

31/08/2013 02h56

Os três pistoleiros réus pelo assassinato, em 2004, de quatro funcionários do Ministério do Trabalho e Emprego em Unaí (a 606 km de Belo Horizonte, em Minas Gerais), foram condenados, na madrugada deste sábado (31). As penas somam 226 anos e 20 dias.

A sentença foi lida pela juíza Raquel Vasconcelos de Lima, que determinou a pena, após uma sessão que durou cerca de 18 horas. O julgamento durou quatro dias.

Os acusados pela Chacina de Unaí

Antério MânicaPolítico, ele foi prefeito de Unaí por oito anos, após o crime, durante dois mandatos consecutivos, entre 2005 e 2012. Acusado de ser um dos mandantes da chacina, se condenado pode pegar de 12 a 30 anos de prisão. Seu júri não foi marcado ainda.
Norberto MânicaFazendeiro, irmão de Antério e também acusado de mandante do crime, ele é um dos maiores produtores de feijão do país e conhecido como o rei do feijão. Pode ter a mesma pena.
Hugo Alves PimentaEmpresário agrícola, ele é acusado de intermediário na contratação dos pistoleiros e formação de quadrilha, sua pena pode chegar a 30 anos, se condenado.
José Alberto de CastroEmpresário, ele é também acusado de intermediário.
Francisco Elder PinheiroEmpresário, acusado também de intermediário, morreu no início deste ano.
Erinaldo de Vasconcelos SilvaPistoleiro, ele é acusado de ter executado o crime. Caso condenado, pode ficar 30 anos na prisão. Está preso desde 2004.
Rogério Alan Rocha RiosPistoleiro, acusado também de executor da chacina, preso desde 2004.
Willian Gomes de MirandaPistoleiro, ele atuou como motorista da quadrilha. Acusado também por homicídio, caso condenado, pode pegar também 30 anos de cadeia. Está também preso, desde 2004.
Humberto Ribeiro dos SantosEmpregado dos irmãos Mânica, ele é acusado de formação de quadrilha, por ter apagado pistas do crime. Pode pegar até três anos de prisão.
 Fonte: Procuradoria da República em Minas Gerais

Os pistoleiros são acusados da morte três auditores fiscais do Trabalho e de um motorista do ministério, no dia em 28 de janeiro de 2004, em um crime que ficou conhecido como “chacina de Unaí”.

Rogério Alan Rocha Rios foi condenado a uma pena de 94 anos. Ele foi considerado culpado pelos crimes de homicídios triplamente qualificado (motivo torpe, impossibilidade de defesa da vítima e participação no crime para encobrir crime anterior) e formação de quadrilha.

Um segundo réu, Willian Gomes de Miranda, recebeu uma sentença de 56 anos por quatro homicídios, também triplamente qualificados.  

E Erinaldo de Vasconcelos Silva, réu confesso --que delatou participação no crime e dos outros dois pistoleiros, dizendo inclusive o valor recebido pela matança, R$ 50 mil-- foi beneficiado pela delação premiada e pegou 76 anos e 20 dias de prisão, além de multa de 130 dias (cada dia multa tem o valor de 1/30 do salário mínimo). 

Ele é acusado de quatro homicídios triplamente qualificados, formação de quadrilha e receptação. Mas, por causa do benefício, teve pena reduzida em em 1/3.

Pela legislação  brasileira, entretanto, a pena máxima que um condenado cumpre é de 30 anos.

Chacina de Unaí

Outras cinco pessoas também são suspeitas do crime: o fazendeiro Norberto Mânica, conhecido como o "rei do feijão", e o ex-prefeito de Unaí Antério Mânica (PSDB), que administrou a cidade entre 2005 e 2012, na condição de mandantes; Hugo Alves Pimenta e José Alberto de Carvalho, denunciados como intermediários entre os pistoleiros e os mandantes, serão julgados na sequência, em 17 de setembro. A data do júri do ex-prefeito não foi marcada.

Segundo a acusação, os pistoleiros Rogério Allan Rocha Rios, Erinaldo de Vasconcelos Silva e William Gomes de Miranda, teriam agido a mando dos irmãos Mânica, por intermédio de Hugo Alves Pimenta, José Alberto de Castro e Francisco Élder Pinheiro (esse já falecido). Humberto Ribeiro dos Santos teria atrapalhado as investigações.

A chacina de Unaí teria sido planejada em razão de autuações trabalhistas milionárias contra o fazendeiro Norberto Mânica --a maioria sob a acusação de utilização de trabalho análogo à escravidão. O alvo principal da ira dos irmãos Mânica era o auditor Nelson José da Silva, que atuava na região

Ele foi morto em uma estrada vicinal de Unaí junto com outros dois auditores, João Batista Lages e Erastótenes de Almeida Gonçalves, de Belo Horizonte, e o motorista do Ministério do Trabalho Ailton Pereira de Oliveira, que conduzia a caminhonete em que o grupo estava. Os fiscais iam a caminho de uma inspeção na fazenda do “rei do feijão”, quando foram emboscados e assassinados.