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Contra violência na Lapa, Rio se inspira na Lei Seca e filmará abordagens

A Polícia Militar reforçou a segurança das ruas da Lapa e no Saara, região central do Rio, no início do mês - Tânia Rêgo/Agência Brasil
A Polícia Militar reforçou a segurança das ruas da Lapa e no Saara, região central do Rio, no início do mês Imagem: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, no Rio

17/12/2013 15h40Atualizada em 17/12/2013 17h36

O aumento da criminalidade na Lapa, bairro boêmio do Rio de Janeiro, e a pressão de moradores e comerciantes levou o governo do Estado a criar um programa de patrulhamento permanente, o "Lapa Presente", que entrará em vigor no dia 1º de janeiro de 2014, das 21h30 às 5h30. O anúncio foi feito nesta terça-feira (17) pelo major da Polícia Militar Rodrigo Cereser, que está à frente do projeto.

Trios formados por policiais militares, guardas municipais e agentes da Secretaria de Estado de Governo vão circular pela região a fim de evitar crimes como roubo a transeuntes e venda de drogas, entre outros. A ação dos trios será, segundo ele, filmada e monitorada, assim como já ocorre durante as blitze da Lei Seca, que também é coordenada pelo major.

O oficial disse ainda que a ação é uma resposta à "escalada da criminalidade" na região da Lapa e do entorno, e uma de forma de atender às demandas apresentadas por comerciantes em um encontro com o governador Sérgio Cabral (PMDB) em 6 de dezembro, no dia seguinte ao assassinato de Gérson Vaz, dono do "Bar do Gérson", durante uma tentativa de assalto.

Veja a área de atuação da operação Lapa Presente

  • Arte/UOL

"O Lapa Presente não é apenas para apagar um incêndio. Não é assim: solucionou e vai embora. Esse programa veio para ficar", disse Cereser. "É uma questão de tempo para alcançar objetivos, acredito até que em curto prazo. Essa perenidade faz a diferença. Não há um prazo para terminar."

Na madrugada do dia 1ª de dezembro, o estudante Conrado Chaves da Paz, 19, foi morto com uma facada na região do tórax quando circulava pela avenida Chile, logo após sair da Lapa. Segundo a polícia, o crime teria sido cometido por um usuário de crack.

No período entre junho e setembro deste ano, segundo estatísticas do ISP (Instituto de Segurança Pública), foram registradas 528 ocorrências de roubo a transeunte na delegacia responsável pela Lapa e pelo entorno (5ª DP), situada na avenida Gomes Freire. No ano passado, considerando o mesmo período, foram 336 ocorrências da mesma natureza --aumento de pouco mais de 57%.

Patrulhamento

Cereser afirmou que o efetivo de policiais militares, guardas municipais, servidores estaduais e municipais, entre outros representes de órgãos envolvidos, ainda não foi definido pelo governo do Estado. Eles serão distribuídos por pontos pré determinados, e poderão atuar tanto a pé como de bicicleta.

Carros da Polícia Militar serão fixados em pontos estratégicos da Lapa e do entorno do bairro, a exemplo da Praça Tiradentes e na avenida Mem de Sá. A coordenação do Lapa Presente estará em uma van adaptada na praça Cardeal Câmara, onde funcionará o "Disque Lapa Presente" --dois números de telefones celulares serão colocados à disposição para denúncias. O major informou também que o patrulhamento que já é feito na região não será alterado nos períodos da manhã e da tarde.

Nos últimos meses, de acordo com Cereser, o serviço de inteligência da PM fez um mapeamento dos pontos mais perigosos da Lapa, em especial as áreas de consumo e venda de drogas. Um dos locais é uma vila situada na rua do Lavradio, próxima à Fundição Progresso, famosa casa de shows. O governo estuda alternativas legais para retirar do local as pessoas que moram em situação irregular.