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Após Crivella ficar inelegível, PSOL pede anulação de candidatura

Marcelo Crivella no jardim do Palácio da Cidade, residência oficial do prefeito do Rio - Divulgação
Marcelo Crivella no jardim do Palácio da Cidade, residência oficial do prefeito do Rio Imagem: Divulgação

Igor Mello

Do UOL, no Rio

25/09/2020 11h37

Após o TRE-RJ (Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro) tornar o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) inelegível até 2026, o PSOL pediu à Justiça Eleitoral que o registro de sua candidatura à reeleição seja rejeitado.

O pedido foi protocolado pelos advogados do partido no fim da tarde de quinta-feira (24), pouco depois da decisão do TRE-RJ, que condenou Crivella por abuso de poder político e conduta vedada ao usar veículos e servidores da Comlurb, companhia de limpeza urbana do Rio.

Segundo a Procuradoria Regional Eleitoral, os recursos da empresa foram usados para apoiar um ato de campanha de Marcelo Hodge Crivella, seu filho, que tentava se eleger deputado federal, e de Alessandro Costa, que disputava uma vaga de deputado estadual. O prefeito esteve presente no evento, realizado na quadra da escola de samba Estácio de Sá, na região central da capital. O prefeito nega as acusações e irá recorrer.

Na ação de impugnação de registro de candidatura, o PSOL afirma que Crivella se enquadra em uma situação que não permite seu registro, por ter sido condenado por abuso de poder político por órgão colegiado.

Mesmo que tenha o registro negado, Crivella terá direito de recorrer da decisão e poderá realizar atos de campanha normalmente até que o processo tenha um desfecho definitivo.

Principal partido de oposição à gestão de Crivella, o PSOL apresentou recentemente dois pedidos de impeachment contra o prefeito motivados pelo escândalo dos Guardiões do Crivella, revelado pela TV Globo, e pela Operação Hades II, que investiga envolvimento direto de Crivella em um esquema de corrupção na prefeitura. Ambos foram rejeitados pela Câmara dos Vereadores.

O partido —que foi derrotado por Crivella no segundo turno em 2016, com Marcelo Freixo— indicou a deputada estadual Renata Souza para disputar a Prefeitura do Rio neste ano. Segundo a candidata, a ação contra Crivella tenta "fazer justiça aos cariocas".

"O Crivella cometeu crime como prefeito e foi condenado por unanimidade. A decisão da TRE tem que ser cumprida. É um pedido que faz justiça aos cariocas que estão sofrendo com a incompetência e o abuso de poder político. O Rio precisa se libertar da corrupção que sempre comandou a nossa cidade", disse ela ao UOL.

Crivella questiona julgamento no TRE-RJ

O prefeito informou ontem, por meio de nota, que vai recorrer da decisão e que estuda um pedido de anulação da votação no TRE-RJ. Ele alega conflito de interesses de um dos desembargadores que participou do julgamento.

Crivella diz que "um dos desembargadores, Gustavo Alves Pinto Teixeira, votou, mas é, ao mesmo tempo, advogado da Lamsa —a concessionária contra a qual o prefeito luta na Justiça para pôr fim ao preço exorbitante do pedágio na Linha Amarela". Para o prefeito, é notória a "contaminação da votação".

"Cabe destacar que o prefeito Crivella não está, de forma alguma, impedido de disputar as eleições, e vai concorrer à reeleição", conclui o comunicado divulgado após a condenação.

A defesa de Crivella aposta na estratégia de obter o impedimento de Gustavo Alves Pinto Teixeira no julgamento de seu processo para tentar, então, sustentar no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) a tese de que só poderia ser considerado inelegível se houvesse o quórum completo do colegiado, com sete julgadores aptos em plenário.

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