Exército norte-coreano treina na fronteira com a China com 'sucatas' soviéticas
A Coreia do Norte lançou nesta sexta-feira (12) um helicóptero aparentemente antigo, com cinco paraquedistas, na fronteira do país com a China, em uma demonstração de força aparentemente muito inferior às frequentes ameaças de ataques nucleares dadas há semanas pelo governo do país contra a Coreia do Sul, Estados Unidos e Japão.
O Ministério da Defesa chinês negou que haja concentração militar na fronteira com a Coreia do Norte, mas a imprensa estatal norte-coreana disse que um raro exercício contra ataques aéreos foi feito na quinta-feira em outra cidade fronteiriça, Hunchun.
Um repórter da Reuters da cidade chinesa de Dandong, na fronteira com a Coreia do Norte, disse ter visto os paraquedistas norte-coreanos saltando de um helicóptero da época soviética durante um treinamento sobre a localidade de Sinuiju. Não houve sinal de nenhuma outra atividade militar.
Também era possível visualizar seis velhos bombardeiros (aeronave militar projetada para atacar alvos terrestres) estacionados ao lado da pista de pouso de Sinuiju, cidade separada de Dandong pelo rio Yalu. Mais abaixo, num trecho de fronteira "seca", soldados norte-coreanos vigiavam uma cerca de arame farpado, conversando e rindo, enquanto camponeses aravam os campos desolados atrás deles.
Países duvidam da força norte-coreana
Na pequena, porém próspera, Dandong, o clima era de tranquilidade. "Será que algum país realmente tem medo deles?", disse o aposentado chinês Zheng Jia, de 73 anos, que caminhava à beira do rio fronteiriço. "A China pode ampará-los, (mas) não há hipótese de que a China os apoie em começar uma briga."
Imagens mostradas por uma TV de Hong Kong indicaram que se tratou de um exercício de pequena escala. Mulheres idosas foram vistas em abrigos, levando lenços à boca. Um usuário do Sina-Weibo (espécie de Twitter) chinês disse que, embora viva em Hunchun, nem ficou sabendo da atividade.
Ainda nesta sexta-feira (12), em visita à Coreia do Sul, o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, afirmou que a Coreia do Norte "não será aceita como uma potência nuclear". Em pronunciamento feito em Seul, Kerry também afirmou que a retórica do país comunista é "inaceitável" e que os Estados Unidos farão tudo que for possível para proteger a si mesmo e a seus aliados. O Pentágono também se mostrou cético quanto a capacidade nuclear da Coreia do Norte.
Também nesta sexta-feira, o próprio ministério sul-coreano da Defesa manifestou nesta sexta-feira suas "dúvidas" sobre a capacidade da Coreia do Norte de lançar um míssil balístico nuclear, como ameaça Pyongyang. "A Coreia do Norte realizou três testes nucleares, mas duvidamos que os norte-coreanos tenham fabricado uma ogiva nuclear suficientemente pequena e leve para ser montada em um míssil", declarou o porta-voz do ministério, Kim Min-Seok.
As avaliações feitas pelos dois países contrasta com a última conclusão da Agência de Inteligência de Defesa dos EUA (DIA, na sigla em inglês), divulgada na quinta-feira (11) que "acredita com confiança moderada que a Coreia do Norte pode transferir armas nucleares a mísseis balísticos, mas sua confiabilidade seria baixa", segundo o congressista republicano Doug Lamborn na Câmara dos Representantes, em referência a um relatório confidencial sobre o potencial risco nuclear da Coreia do Norte distribuído a membros do governo e congressistas.
Entenda
Depois de sofrer novas sanções da ONU (Organização das Nações Unidas), por fazer seu terceiro teste com armas nucleares em fevereiro, o presidente da Coreia do Norte, Kim Jong-un passou a fazer ameaças de guerra atômica contra a Coreia do Sul e os Estados Unidos. Na última quarta-feira (10), o presidente norte-coreano chegou a dizer que poderia fazer o mesmo com o Japão, transformando alguma das principais cidades do país em ‘campos de batalha’.
De fato, os EUA mobilizaram aviões invisíveis a radar na península da Coreia e reforçaram seus sistemas antimísseis em lugares como Guam e Alasca.
Estava previsto para essa quarta-feira (10), o possível começo dos ataques norte-coreanos em algum dos territórios ameaçados, mas nada ocorreu até então.
Autoridades norte-americanas e sul-coreanas dizem não ter detectado sinais de mobilização militar reforçada na Coreia do Norte, cujas Forças Armadas estão entre as maiores do mundo, embora supostamente mal treinadas e mal equipadas. (Com agências internacionais)
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