Primeiro-ministro nega "Primavera Turca" e culpa redes sociais por protestos
O primeiro-ministro turco, Recep Erdogan, menosprezou a importância dos quatro dias de protestos pelo país e insistiu, em pronunciamentos feitos no domingo (2) e nesta segunda-feira (3), que as manifestações não são uma “Primavera Turca”.
Polícia turca usa gás e canhão d'água contra população
“Já tivemos uma primavera na Turquia”, afirmou, nesta segunda, em referência às eleições realizadas no país. “Mas há pessoas querendo transformar esta primavera em inverno.”
Erdogan também acusou o Partido Republicano Popular, de oposição, de estar por trás das manifestações e culpou as redes sociais na internet de incentivarem a violência pelo país.
"Agora há uma ameaça chamada Twitter. E os melhores exemplos das mentiras estão ali. Para mim, as redes sociais são a maior ameaça à sociedade", disse no domingo.
Mapa da região
Na madrugada desta segunda-feira, os manifestantes voltaram às ruas de Istambul, Ancara e Izmir para protestar. A polícia atirou bombas de gás lacrimogêneo em manifestantes que protestavam perto do gabinete de Erdogan em Istambul. Mais de 500 pessoas foram presas durante a madrugada.
Segundo a agência de notícias Reuters, mesquitas e lojas viraram hospitais improvisados para tratar os feridos dos confrontos de domingo. De acordo com uma fonte médica, 484 pessoas passaram por hospitais de Istambul após confrontos com a polícia.
Violência
Os protestos no país começaram há sete dias, mas só há quatro a violência tomou conta da Turquia. O estopim das manifestações foi o anúncio de que o parque Gezi, na praça Taksim em Istambul, seria destruído para a construção de uma instalação militar otomana.
No entanto, os manifestantes estão, na verdade, descontentes com o governo conservador de Erdogan que, cada vez mais, busca islamizar a sociedade turca. O Partido do Desenvolvimento e Justiça, que tem Erdogan como principal líder, está no poder há dez anos e tem buscado impor um governo moralista.
Presidente pede calma
Nesta segunda, o presidente da Turquia, Abdullah Gul, fez um chamado para que a população e o governo se acalmem, mas defendeu o direito dos cidadãos de protestar.
Presidente turco diz que entende recado dos manifestantes
“Quando falamos em democracia, claro que a vontade do povo está acima de tudo. Mas democracia não se resume a eleições. Também existem as expressões de diferentes pontos de vistas”, disse Gul.
Países aliados ocidentais, como Estados Unidos e Reino Unido, também convocaram o governo turco à moderação.
O regime sírio, por sua vez, agora inimigo jurado de Ancara, acusou Erdogan de dirigir seu país de forma terrorista e "destruir a civilização e as conquistas do povo turco", afirmou o ministro sírio da Informação, Omran al-Zohbi. (Com agências internacionais)
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