Premiê pede fim dos protestos; Turquia tem madrugada mais calma
O primeiro-ministro turco Recep Tayyip Erdogan foi recebido por milhares de seguidores em sua chegada de uma viagem ao Magreb, na noite de quinta-feira (6), e pediu o "fim imediato" das manifestações. A madrugada foi mais tranquila em Ancara e Istambul.
"Peço o fim imediato das manifestações, que perderam seu caráter democrático e se transformaram em vandalismo", declarou Erdogan no aeroporto Ataturk de Istambul.
Recebido por uma maré de bandeiras turcas, Erdogan sorriu e acenou para a multidão reunida no aeroporto, na maior demonstração popular de apoio ao governo em sete dias de tumultos em todo o país.
Ele também agradeceu a seus seguidores por terem mantido a calma e fez um apelo para que voltassem para casa.
"Vocês se mantiveram calmos e mostraram bom senso. Agora, vamos todos voltar para nossas casas", afirmou Erdogan, acompanhado da mulher e de vários ministros.
Ele disse ser "primeiro-ministro de apenas 50% dos turcos", mas garantiu que sempre esteve "a serviço dos 76 milhões de cidadãos turcos", sem discriminações. Seu Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP) obteve 50% dos votos nas eleições legislativas de 2011.
"Não podemos fechar os olhos para as violências daqueles que vandalizam nossas cidades, danificam os bens públicos e fazem mal às pessoas", acrescentou.
O primeiro-ministro também prestou uma homenagem à polícia, "que faz seu trabalho para garantir nossa segurança" e é "uma proteção contra os terroristas, anarquistas e os vândalos". Ele admitiu que os agentes policiais podem ter recorrido a uma força excessiva contra os manifestantes.
Madrugada mais calma
Após retorno de Erdogan, Ancara e Istambul vivenciam relativa calma enquanto as forças da ordem dispersaram uma centena de manifestantes que tentavam levantar uma barricada em um bairro humilde de Istambul, informou nesta sexta-feira o canal de televisão "NTV", que acrescentou que um dos manifestantes foi levado ao hospital após sofrer o impacto de uma bomba de efeito moral.
As forças da ordem dispersaram com um blindado, jatos de água e gás lacrimogêneo uma centena de manifestantes que pretendia levantar uma barricada para cortar o trânsito de uma movimentada avenida em Sultangazi, um carente bairro situado na periferia europeia de Istambul.
Já na capital Ancara, pela primeira vez, incidentes e confrontos não foram registrados, tendo em vista que a noite foi marcada por reuniões e bailes pacíficos de manifestantes, assinalou a fonte.
Premiê não desiste de projeto
Horas antes de retornar à Turquia após uma viagem de três dias pelo Magreb, Erdogan se negou a desistir do polêmico projeto de urbanização da Praça Taksim de Istambul que desencadeou a onda de protestos.
"Levaremos este projeto até o fim (...) não permitiremos que uma minoria imponha a lei à maioria", insistiu em Túnis.
Além disso, Erdogan denunciou a presença de extremistas, alguns deles envolvidos com o terrorismo, referindo-se a um grupo de extrema esquerda que reivindicou um atentado contra a embaixada dos Estados Unidos em Ancara no mês de fevereiro.
Imprensa turca
Toda a imprensa turca dedica hoje suas capas às declarações de Erdogan perante a multidão que o esperava durante sua chegada ontem à noite ao aeroporto de Istambul, após uma viagem pelo Magrebe iniciada na segunda-feira.
"Enviou mensagens moderadas", "Daria minha vida para cumprir as exigências democráticas", "Vim ganhar corações", eram alguns dos títulos estampados nos jornais de hoje que apoiam o governo do Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP), de Erdogan.
"Voltou com seu enfado", "Não está dando marcha ré", "Erdogan está destruindo Turquia", "A decidir: é ele democrata ou sultão?", relatavam, por outra parte, os da imprensa crítica em direção ao governo, que inclui alguns dos diários de mais influência e tiragem.
A Bolsa de Istambul reagiu com desconfiança ao discurso do primeiro-ministro e abriu em baixa, com uma queda de 1,3%. (Com Efe e AFP)
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