Após críticas, Dilma admite recuo e justifica retirada do tema dos direitos reprodutivos do rascunho da Rio+20
A presidente Dilma Rousseff admitiu, na manhã desta quinta (21), que o governo brasileiro recuou ao retirar o tema dos direitos reprodutivos da mulher do rascunho final da Rio+20, a Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável que acontece até dia 22 de junho no Rio.
De improviso, a presidente se pronunciou ao final do encontro O Futuro Que as Mulheres Querem, depois de ouvir várias críticas à exclusão do tema. As observações mais contundentes foram feitas pela ex-primeira-ministra da Irlanda, Mary Robinson, e pela ex-primeira-ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland.
O encontro foi uma atividade da ONU Mulher, entidade dirigida pela ex-presidente do Chile, Michele Bachelet. Além de Dilma, também participaram as presidentes Laura Chinchilla Miranda, da Costa Rica, e Dalia Grybauskaitè, da Lituânia, além das primeiras-ministras Portia Simpson Millier, da Jamaica, Julia Gillard, da Austrália, e Helle Thorning-Schmidt, da Dinamarca.
Dilma fez um discurso inicial, no qual mencionou a importância dos direitos reprodutivos da mulher, mas não comentou o veto. Após ouvir as críticas, pediu a palavra a Bachelet e se justificou. Primeiro, fez um elogio do multilateralismo, "uma característica da Rio+20", disse. "No passado recente, até duas décadas atrás, era praticado o bilateralismo", lembrou.
"Se nem todas as minhas posições, e nem todas as posições das senhoras estão lá (no texto da Rio+20), há que respeitar a diversidade. Isso implica recuar e avançar no processo", disse a presidente.
Dilma mais uma vez elogiou o documento aprovado na pré-conferência sob a liderança da diplomacia brasileira. "Muitas vezes estive em reuniões que não aprovaram nem uma linha. Significa um avanço que a gente conseguiu aqui um texto obtido por consenso".
Cartazes haviam sido mostrados ao final de seu discurso, lembrando a questão dos direitos reprodutivos. Durante seu pronunciamento oficial, a presidente falou vagamente dos investimentos do seu governo direcionados à mulher, mas evitou comentar a questão mais delicada.
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